Outro dia, numa dessas encruzilhadas da vida, encontrei o Corisco. Vivendo na cidade, doutor diplomado, instruído em muitas ciências e artes, de paletó e gravata cheio de agendas e prosas complicadas.
Conversamos muito sobre tudo quanto é coisa e eu perguntei a ele se ainda se lembrava da meninice no sertão, da caatinga, do calor... Vi que ele se calou, pensou, como se estivesse remexendo em algumas coisas no fundo da alma, feito fosse um baú velho.
Alguns dias depois ele me mandou alguns versos, entre os quais o poema que, com sua permissão, apresento a vocês e em especial aos conterrâneos da grande pátria nordestina.
A sina
Você controla o mundo
O raio
A chuva
O infortúnio?
Sabe remédio contra maldade?
Conhece caminho pra quem Deus esqueceu?
Tem receita pra calamidade?
Um homem aceita sua vida
Sua parte na lida
Peleja como pode
Pra cumprir sua sina
Trabalha como um jegue
Vive como Deus é servido
Mas no fim de tudo
Tem uma cantiga
Uma luz que não é calor
Um encontro que não é dor
E novos mundos inventados
Num tempo verde, azul e bom
Fernando Sabóia, de "Com o Nordeste na Alma".
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