sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

HISTÓRIAS

Irmãos queridos,

“o que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais ... contaremos às vindouras gerações...” (Asafe, um grande contador de histórias de Israel)

Deus nos tem chamado para ouvir histórias e para contar uma história.

Ouvir histórias. Ouvir as histórias dos dramas humanos, frutos da terrível maldição que se abateu sobre nossa raça. São histórias de medo, solidão, traição, inveja, ódio, cobiça, amor, coragem, esperança, beleza, encontros, perdas, saudades. Sempre inesperadas, sempre pungentes, sempre inéditas, sempre a mesma história, contada com personagens, línguas, lugares diferentes.

De fato, tantas histórias humanas contam uma única história: a história do abandono do lar paterno (às vezes mesmo sem abandonar a “religião”), da vida dissoluta ou ressentida, que são as duas formas de pecar contra a bondade do Pai; depois a angústia, a privação, a perda; às vezes o arrependimento e a busca de um caminho de volta, às vezes o puro desespero. Sempre muitas feridas, muitas desilusões, muitos males.

Entretanto, ouvindo tantas histórias, somos chamados a contar uma história. A história do Deus Pai que, fazendo-se homem, assumiu, Ele mesmo, todos os personagens, de todos os dramas humanos, todos os abandonos, todas as fugas, todas as maldições, todas as feridas. Chorou todas as lágrimas, sentiu todas as fomes, todas as sedes e dores, percorreu o imenso Caminho da humilhação, do sacrifício e da volta ao lar. Uma história que se tornou incontáveis histórias, em todos os lugares, línguas e raças, as histórias de cada um de nós.

Queridos, o Reino de Deus é o encontro das muitas histórias humanas com a história de Deus, é a história de Deus se tornando as histórias de muitos homens. Proclamar o Reino é promover o encontro das histórias humanas com a história de Deus, é recontar a cada homem sua própria história como a história de todos os homens e contar a ele a história de Deus como a sua história.

A comunhão em Cristo acontece quando contamos uns aos outros nossas histórias e, reconhecendo que nossas muitas histórias são uma mesma história, nos tornamos parte das histórias uns dos outros e todos nos entrelaçamos na história de Deus.

Nesse próximo ano, século, milênio (talvez), a nós nos caberá continuar ouvindo as histórias humanas e continuar contando a história de Deus, escrita em nossas próprias vidas.

Mas para contar a história de Deus, é preciso aprender a ouvir as histórias humanas. Para ouvir as histórias humanas, é preciso conhecer, de coração, a história de Deus. Ouvir e contar são a mesma coisa: significam exercer a mais incompreensível das virtudes do Deus Eterno, Todo Santo e Todo Poderoso: a misericórdia.

Queridos, que o Senhor continue escrevendo Sua História, a história de Sua graça, nas histórias das vidas de vocês, e que nós possamos ouvir as histórias uns dos outros, as histórias dos homens e seguirmos compartilhando a história de Deus, até o dia em que Ele mesmo protagonizará o último ato neste grande palco que pisamos todos os dias, e que chamamos de Terra.


Fernando Sabóia, de "O Livro dos Perplexos".

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cântico dos cânticos

Há um único cântico
Que encerra todos os cânticos
E notas e tons
Que expressa todas as harmonias
E sentimentos e sons

Quero encher a minha vida
Com essa canção
Com a palavra mais querida
Com a melhor oração

Só um nome, Teu nome, Jesus
É a canção
E a melodia
E a oração
E a harmonia
Que tudo desperta
Que tudo eleva
Que minha alma liberta
E minha vida enleva


Fernando Sabóia
de "Versos no Altar"

sábado, 25 de dezembro de 2010

Mensagem de Natal do Tio Horácio Dídimo

RENOVAÇÃO


Quando vejo a estrela azul
Começa tudo de novo:
O Menino no presépio,
Deus no meio do seu povo.

E no meio desse povo
Estamos eu e você;
Quando vejo a estrela azul
Aumenta meu bem-querer.

Quando vejo a estrela azul
Passam anjos e pastores,
Passam reis nos seus andores.

Quando vejo a estrela azul
Rezo, canto, danço e louvo:
Começa tudo de novo.

Horácio Dídimo



REVELAÇÃO


Quando vejo a estrela azul
Brilhando por um instante
Descanso em águas tranquilas
E em pastagens verdejantes

Minha alma se fortalece,
Minha vida se transforma,
Uma mesa é preparada
E meu cálice transborda.

Quando vejo a estrela azul
Em todo seu esplendor
Sei que tudo vai mudar,

Sei que tudo já mudou,
Que o Senhor é meu pastor
E nada me faltará.


Horácio Dídimo


* Sonetos Renovação e Revelação(cf.Salmo 23/22),música de Mauro Augusto, do
livro A Estrela Azul e o Almofariz. Fortaleza:UFC, Casa de José de Alencar,
1998,p.29-30.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

HUMILDADE: A Glória da Criatura


Andrew Murray

“Eles depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois Tu criaste todas as coisas, e por Tua causa vieram a existir e foram criadas”. Ap. 4:10-11

Deus criou o universo com o único propósito de fazer a criatura co-participante de Sua perfeição e felicidade e, para tanto, nela imprimiu a glória do Seu amor, sabedoria e poder. Ele queria se revelar nas coisas criadas e se revelar por meio delas, comunicando-lhes o quanto elas pudessem receber de Sua própria bondade e glória. Mas essa comunicação não seria algo dado de uma vez por todas à criatura, algo que ela pudesse possuir por si mesma, não seria uma certa vida e bondade das quais ela pudesse dispor. De modo algum. Ao contrário, uma vez que Deus é Aquele que é sempre vivo, sempre presente, sempre atuante, Aquele que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder, e no qual todas as coisas existem, o relacionamento da criatura com Deus somente poderia consistir numa dependência absoluta, incessante e universal. Tão certo como Deus uma vez tudo criou por Seu poder, também é certo que Ele tudo mantém a cada momento pelo mesmo poder. A criatura precisa tão somente considerar a origem e o início da existência para reconhecer que desde lá ela deve tudo a Deus. Assim, como criatura, seu principal cuidado, sua mais elevada virtude, sua única felicidade, agora e por toda eternidade, é apresentar-se como um vaso vazio no qual Deus pode habitar e manifestar Seu poder e bondade.

A vida que Deus concede não é distribuída de uma vez por todas, mas continuamente, a cada momento, pela incessante operação do Seu imenso poder. Humildade, o lugar da completa dependência de Deus é, pela própria natureza das coisas, o primeiro dever e a mais elevada virtude da criatura, e a raiz de cada virtude.

E, assim, o orgulho, ou a perda dessa humildade, é a raiz de todo pecado e de todo mal. Foi quando os anjos agora caídos começaram a olhar para si mesmos com auto complacência que foram levados à desobediência e precipitados da luz celestial para as trevas exteriores. Do mesmo modo, foi quando a serpente insuflou o mesmo orgulho, o desejo de ser igual a Deus, no coração de nossos primeiros pais que eles também decaíram de seu elevado estado para a derrocada em que o homem se encontra agora. Nos céus e na terra, o orgulho, a auto exaltação, é a porta, o nascimento e a maldição do inferno.

Disso se segue que nossa redenção não poderia consistir em outra coisa senão na restauração da “humildade perdida”, do relacionamento original e verdadeiro da criatura com seu Deus. Por isso Jesus veio trazer a humildade de volta à terra, para nos tornar participantes dela e por meio dela nos salvar. Nos céus, Ele se humilhou para se tornar homem. A humildade que vemos nEle, ela já O tinha nos céus, ela O trouxe, Ele a trouxe de lá. Aqui na terra ele “a si mesmo se humilhou e se tornou obediente até a morte”. Sua humildade conferiu valor a sua morte e assim se tornou a nossa redenção. E agora, a salvação que Ele oferece não é nada diferente e nem nada menos do que a transmissão de Sua própria vida e morte, de Sua própria disposição e espírito, de Sua própria humildade, como o solo e a raiz do Seu relacionamento com Deus e com Sua obra redentora. Jesus Cristo assumiu o lugar e preencheu o destino do homem, como criatura, por meio de Sua vida de perfeita humildade. Sua humildade é nossa salvação. Sua salvação é nossa humildade.

Em conseqüência a vida dos salvos, dos santos, deve necessariamente trazer esse selo de libertação do pecado, de completa restauração de seu estado original, de uma relação com Deus e com os homens completamente marcada por uma humildade presente em tudo. Sem isso não pode haver um real habitar na presença de Deus, ou experiência do Seu favor e do poder do Seu Espírito. Sem isso não pode haver fé, alegria ou poder interior. Humildade é o único solo no qual as graças criam raízes. A ausência de humildade é suficiente explicação para todo defeito e fracasso. Humildade não é apenas uma graça ou virtude entre outras: ela é a raiz de todas, porque só ela assume a correta atitude diante de Deus e permite que Ele, como Deus, faça tudo.

Deus nos fez seres racionais, de modo que quanto mais verdadeira for nossa compreensão da real natureza e absoluta necessidade de um preceito, mais pronta e completa será nossa obediência a ele. O chamado a humildade tem sido tão pouco considerado na Igreja porque sua verdadeira natureza e importância têm sido muito pouco compreendidas. A humildade não é algo que nós trazemos até Deus, ou que Ele concede. Ela é, simplesmente, a consciência da nossa completa nulidade que surge quando vemos como, verdadeiramente, Deus é tudo, e por meio da qual abrimos caminho para Deus ser tudo.

Quando a criatura percebe que essa é sua verdadeira nobreza e consente em ser, com sua vontade, sua mente e seus afetos, o recipiente, o vaso no qual a vida e glória de Deus devem operar e se manifestar, ela vê que a humildade consiste em simplesmente reconhecer sua real posição como criatura e conceder a Deus o lugar que Lhe é devido.

Nas vidas dos cristãos mais dedicados, daqueles que professam e buscam santidade, a humildade deve ser a principal marca de sua retidão. Muitas vezes ouvimos dizer que não é assim que acontece. Não seria uma razão para isso o fato de que no ensino e no exemplo da Igreja a humildade nunca teve o lugar de suprema importância que lhe pertence? E, mais ainda, se deve à negligência dessa verdade, de que por mais forte que seja o pecado como explicação para a necessidade da humildade, há uma motivação ainda mais ampla e poderosa, aquela que faz os anjos, fez Jesus e faz o mais santo dos homens nos céus tão humildes: a de que a primeira e principal marca do relacionamento da criatura, o segredo de sua bem-aventurança, é a humildade e nulidade que deixa Deus livre para ser tudo.

Tenho certeza de que muitos cristãos hão de confessar que sua experiência foi muito parecida com a minha nesse aspecto, no sentido de ter por muito tempo conhecido ao Senhor sem se dar conta de que humildade e mansidão de coração devem ser as características distintivas do discípulo como o foram do Mestre. E, além disso, que essa humildade não é algo que nos virá por si mesma, mas deverá ser tornada o objeto de nosso especial desejo, de oração, de fé e de prática. Ao estudarmos a Palavra, vemos claras e freqüentemente repetidas instruções que Jesus deu a Seus discípulos sobre esse ponto e o quão tardios eles foram em compreendê-lo. Vamos logo, ao início de nossas meditações, admitir que não há nada tão natural para o homem, nada tão insidioso e oculto à vista, nada tão difícil e perigoso como o orgulho. Percebamos que nada a não ser uma espera determinada e perseverante em Deus e em Cristo nos revelará o quão carentes estamos da graça da humildade e o quão impotentes somos para obtê-la. Estudemos o caráter de Cristo até que nossas almas se encham de amor e admiração por Sua humildade. E vamos crer que quando estivermos quebrantados sob a consciência de nosso orgulho e da nossa incapacidade de lançar fora o orgulho, Jesus Cristo, Ele mesmo, virá repartir também essa graça da humildade, como parte de Sua maravilhosa vida em nós.

Humility, Chapter 1, by Andrew Murray.

Disponível em www.ccel.org

Tradução de Fernando Sabóia Vieira

Há uma versão em português dessa obra, publicada com o título “Humildade, a Beleza da Santidade”, pela Editora dos Clássicos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Orações do Cotidiano

Oh, Senhor cada manhã, Senhor!

Cada manhã é Tua voz que me desperta

Com Teu chamado para viver o dia

Que Tu preparaste.


Só tenho que abrir os olhos para ver

Cada manhã

Que tudo já está em Ti,

Exceto eu mesmo:


Eu preciso, cada manhã,

No primeiro pensamento

Na primeira palavra

No primeiro desejo

Escolher estar em Ti

Para viver este dia que Tu preparaste.


Assim, o que quer que me traga hoje a vida

De dor e alegria, de encanto e provação

Eu sei que em Ti tenho tudo

Para viver este dia

Que Tu preparaste para mim.


Dezembro 2010, aD.

Fernando Sabóia

sábado, 18 de dezembro de 2010

Orações do Cotidiano

Day by Day

Oh most merciful redeemer, friend and brother,
may we know Thee more clearly
love Thee more dearly
and follow Thee more nearly
day by day.
Amen.

Richard of Chichester (sec. XIII)

Dia a Dia

Oh muitíssimo misericordioso redentor, amigo e irmão,
que nós Te vejamos mais claramente
Te amemos mais ternamente
e Te sigamos mais proximamente
dia a dia.
Amém.

Ricardo de Chichester (séc. XIII)

Essa oração do século XIII foi usada como letra de uma das canções do musical Godspell, da Broadway, nos anos 70.

http://www.youtube.com/watch?v=BU13C3vSwcs

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Orações do Cotidiano

Dá-me a Ti mesmo

Senhor, por Tua Bondade, dá-me a Ti mesmo, pois Tu és suficiente para mim, e somente em Ti eu posso ter todas as coisas. Juliana de Norwich

domingo, 12 de dezembro de 2010

Orações do Cotidiano

Tenho apenas hoje

Minha vida é um breve instante,
uma hora que passa,
minha vida é um momento
que eu não tenho o poder de reter.

Tu sabes, meu Senhor,
que para Te amar aqui nesta terra
eu tenho apenas hoje.

Thérèse de Lisieux

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Orações do Cotidiano

Rendo-me completamente a Tua divina vontade


Toma, Senhor, toda a minha liberdade,
a minha memória, o meu entendimento,
e a minha completa vontade.

Tu me deste tudo o que eu tenho,
tudo o que eu sou,
e tudo eu entrego a Tua divina vontade.

Dá-me apenas Teu amor e Tua graça,
com isso sou rico o bastante
e não tenho mais nada a pedir.

Amém.

Inácio de Loyola

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Honestidade e Sinceridade

"Irmãos, arrancai o pecado de vossos corações. Bater no peito e continuar pecando é como dar uma demão de verniz sobre nossos pecados."Sto Agostinho

domingo, 5 de dezembro de 2010

Busca de Deus

"Fizeste-nos, Senhor, para ti mesmo, e nosso coração permanece inquieto enquanto não encontra descanso em Ti." Sto. Agostinho

sábado, 4 de dezembro de 2010

Graça de Deus

"Deus não te manda coisas impossíveis. Ao mandar o que assim te parece, te admoesta para que faças o que podes e peças o que não podes." Sto. Agostinho

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O ENGANO DO PECADO

Caros,

Esse assunto me tem voltado ao espírito. Creio ser necessária uma constante reflexão sobre os perigos envolvidos com o engano do pecado.
Escrevi no ano passado sobre isso, mas como se trata de um texto relativamente longo (19 páginas) estou colocando aqui no blog apenas a "Introdução" comprometendo-me a enviar o arquivo completo a quem desejar.

Hebreus 3:12-13

I – INTRODUÇÃO

As Escrituras nos advertem seriamente quanto ao perigo do “endurecimento” (sklerosis) que é causado pelo “engano do pecado”.
O pecado, quando é claro, expresso e reconhecido tem tratamento pela confissão e pelo perdão. O sangue de Jesus derramado na cruz é a solução suficiente, definitiva e acessível pela fé.
No entanto, temos que nos precaver contra o “engano” do pecado, que pode nos impedir de perceber sua presença e sua malignidade, nos mantendo distantes da possibilidade de perdão e de cura.
O engano é uma representação falsa da realidade, na mente e no coração. Quando estamos enganados, temos como válidas idéias, percepções e imagens que não correspondem aos fatos da vida ou às verdades de Deus.
Se permanecermos no engano, aos poucos vamos perdendo a capacidade de reconhecer a realidade, confundindo-a com aquela falsamente percebida por nós.
É como se tivéssemos uma tela de cinema diante dos olhos que nos impedisse de ver a vida real por trás dela.
Se isso acontece com respeito ao pecado, o que ocorre é que nossa consciência moral vai se esclerosando, endurecendo, perdendo a sensibilidade e a capacidade de nos alertar quanto à distinção entre o bem e o mal, até ficar totalmente cauterizada e perder sua funcionalidade
Nesse estado, não mais conseguimos discernir a qualidade moral de nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atos.
Isso, no entanto, não acontece sem graves danos para o indivíduo, pois os conflitos morais não resolvidos se tornam distorções no caráter, violações nos relacionamentos e desequilíbrios psíquicos e emocionais.
Somos seres morais e essa é uma dimensão fundamental de nossas vidas. Há, hoje, toda uma operação do engano montada para tentar negar esse fato e levar os homens a não reconhecerem como válidos os valores fundamentais da pessoa.

A expressão “engano do pecado” pode ter um duplo sentido:

1) O pecado é um engano e ele nos endurece, nos cega, impede de vermos a realidade, nos oferece uma realidade ilusória.
O pecado cria na mente e no coração do homem uma ilusão, um mundo irreal no qual não existe um Deus santo perante o qual temos que prestar contas de nossos atos, pensamentos e palavras.
Assim, só o que resta é o predomínio da busca do prazer e da satisfação nessa vida efêmera e sem sentido e o desespero. Mas as pessoas, enganadas pelo pecado, vivem como se suas vidas fizessem sentido, iludindo-se de várias formas.

2) Nossos enganos (falsas representações da realidade) nos levam a não reconhecermos o pecado e a vivermos envolvidos com ele ao ponto de endurecermos a consciência e de perdermos a capacidade de discernir e de nos arrependermos.
A realidade chega à nossa mente por meio dos nossos sentidos físicos e espirituais. Vemos, ouvimos, sentimos e processamos essas informações com base em nossos conceitos, valores e crenças. Ao fazermos isso utilizamos maneiras de pensar que herdamos e aprendemos ao longo da vida.
Assim, um determinado pensamento, sentimento ou ato passa por vários filtros até formamos um entendimento sobre sua natureza moral. Quando estamos enganados, podemos não ver, sentir ou compreender o pecado como pecado, mas atribuir ao fato um outro conceito ou valor.

Em qualquer dos casos, há a necessidade de nos exortarmos uns aos outros, pois, se estivermos enganados, vamos precisar de algum tipo de ajuda externa para sermos advertidos e despertados.
A igreja desempenha um papel fundamental nisso por meio dos relacionamentos e vínculos. Pessoas próximas a mim podem perceber meu engano e me advertir.
Nesse passo, é importante explicitar dois fundamentos iniciais e o propósito que deve governar tudo o que dizemos ou fazemos.

Os dois fundamentos são os seguintes:

1) O que é o pecado. Dito de forma simples, o pecado é a separação entre Deus e o homem provocada pela desobediência deste, produto da sua soberba e do seu desejo de independência. Vale dizer, pecado é toda desobediência humana a um mandamento de Deus que provoca a quebra da comunhão com o Criador.

2) O pecado mata. Existe uma sentença de Deus contra o pecado. Não podemos ser levianos ou superficiais quando se trata disso. Jamais um engano no diagnóstico fez desaparecer a enfermidade. Assim, falsos conceitos sobre o pecado não impedem suas conseqüências nefastas.

O propósito em tratar essa questão deve também ficar claro.
Reconhecer e apontar o pecado com clareza tem o propósito de despertar do engano e levar cada um a reconhecer sua real posição diante de Deus e a avaliar áreas da vida que podem estar sendo contaminadas pela presença não percebida do mal.
Não tem como objetivo condenar, discriminar ou rejeitar o pecador, mas, sim, salvá-lo, comunicar-lhe a graça e o amor de Deus, despertando-o para sua verdadeira situação espiritual.
Trata-se de uma exortação e exortar significa isso: corrigir, animar, encorajar, pôr-se ao lado para estimular e ajudar a abandonar o erro e a seguir a verdade, a prosseguir na caminhada por veredas retas e elevadas.
Esse é um ministério da igreja e um serviço que temos que prestar uns aos outros.

Fernando Sabóia, BsB, 2009, de "O Engano do Pecado".

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Em Deus e Para Deus

"Deus é o grande desconhecido e não será encontrado se não for buscado, dada Sua imensidão. Ele satisfaz a quem O busca na medida da sua capacidade de receber e dá ao que O encontra mais capacidade para que tenha que seguir buscando-O." Sto Agostinho