sábado, 2 de março de 2024

Isabela

 A história de Isabela

 

 

Era uma vez uma menina

Que sonhava um sonho pequenino

Todas as noites em que havia

Lua prateada e estrelas cintilantes

                                                                                    

Esse sonho voava, voava, passeava

Nos céus brilhantes e iluminados

Pelo luar, nas brisas suaves

Sobre montanhas, matas e praias

 

Um dia, ou melhor, uma noite

Esse pequenino sonho de menina

Se encontrou num jardim celestial

Com o sonho de um menino

Que sonhava numa cidade distante

 

Esses sonhos se encontravam muito

Nos passeios noturnos e juntos cresciam 

Mas não se conheciam acordados

A menina e o menino que os sonhavam

E que também cresciam, mas separados

 

Então, uma noite, ou melhor, um dia

Se encontram a menina e o menino

E, como esses seus sonhos já se conheciam,

Começaram eles a sonhar juntos

Um mesmo sonho pequenino

 

Até que numa noite de lua azul

Esse novo sonho sonhado juntos,

Pequenino e alegre, acordou 

E eles lhe chamaram Isabela

De tão fofa e bonitinha que era

 

 

Fernando

2024

 

 

 

Nasceu

 

 

Nasceu.

Zeramos o tempo

E voltamos a contar as horas

Os dias, as semanas...

Renovamos os futuros

E refizemos planos e agendas.

Lançamos à terra e ao vento

Novas sementinhas coloridas

De esperança.

 

Nasceu.

Todos se admiraram

Como se fosse a primeira vez

Porque era mesmo

A primeira vez, mais uma vez.

 

Nasceu.

Redecoramos as casas

Replantamos os jardins.

Relembramos as histórias

Procuramos fotos antigas

Recontamos as memórias

Cantamos velhas cantigas.

 

Isabela nasceu.

 

 

Fernando

2024

 

 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

 “Cura-me, e serei curado; salva-me e serei salvo, porque tu és o meu louvor” 

 

Jeremias 17:14

 

 

Jeremias, profeta de uma geração enferma

 

 

“Cura-me, e serei curado, salva-me e serei salvo; porque tu és o meu louvor”

 

         Jeremias viveu numa época de profunda crise no Reino de Judá, que culminaria com o exílio na Babilônia. As causas dessa situação crítica estavam na decadência espiritual, moral e política dos governantes e do povo, proliferando a corrupção, a imoralidade, a opressão social e a idolatria.

         O juízo de Deus se tonava iminente e seria implacável, e cabia ao profeta advertir as autoridades e as pessoas quanto a isso.

 

         Jeremias 2:13 – “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”.

 

         Jeremias 5:1-9; 30-31 – “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo”.

 

         Jeremias 6:12-14 – “... e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade. Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz”.

 

         Sacerdotes e profetas estavam usando a religião em proveito próprio, comprometidos com os príncipes e governantes. Eles deveriam ser os curadores do povo, seus guias e cuidadores, mas, ao invés de confrontarem os males que faziam adoecer as pessoas e o reino, eles pregavam uma falsa paz e uma falsa cura. Eram pastores desqualificados, que sacrificavam o rebanho em prol de si mesmos.

         Mas tudo isso tinha a conivência do próprio povo, que queria continuar vivendo em sua rebeldia, imoralidade e independência.

 

         Jeremias 4:19 – “Ah! Meu coração! Meu coração! Eu me contorço em dores. Oh! As paredes do meu coração.”

 

Jeremias 8:11; 18-22 – “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” ...  “Estou quebrado pela ferida do meu povo... Acaso não há bálsamo em Gileade? Ou lá não há médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?”

 

         Jeremias sente profundamente as dores de sua geração. Como sacerdote e profeta, pesava-lhe a responsabilidade de pastorear o povo de Deus (Jer 17:16).

         Ele sofre fisicamente com a decadência moral e espiritual da nação, a ponto de quase infartar!

         Sua dor ainda é mais intensa ao ver que a decadência e corrupção atingira os líderes espirituais, profetas e sacerdotes, assim como os governantes. Diante disso, Jeremias adoece com a iminência do juízo de Deus contra aquele povo.

         Mais ainda, por permanecer fiel ao seu ministério profético, ele é rejeitado e perseguido, sendo obrigado a viver isolado.

         Nessa condição, o profeta busca a proteção do Senhor e respostas a suas inquietações. Ele anseia por cura para sua alma e seu corpo feridos, está cheio de dúvidas, sentindo-se fraco e solitário.

         

         Jeremias 15:15-18 – “... sabe que por amor de ti tenho sofrido afrontas... oprimido por tua mão eu me assentei solitário... Por que dura a minha dor e não admite cura? Serias tu para mim como ilusório ribeiro, como águas que enganam”.

         

         O Senhor responde a Jeremias chamando-o ao arrependimento e à santificação: não basta se isolar, é preciso que a mudança comece por ele, para que ele possa ser instrumento de Deus.

 

         Jeremias 15:19 – “Portanto assim diz o Senhor: se tu te arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim; se apartares o preciso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a ti, mas tu não passarás para o lado deles”.         

 

         Por sua palavra e por seu exemplo o profeta poderá levar restauração, cura e salvação para alguns, mas seria necessário que primeiro ele experimentasse isso em sua própria vida, por meio de sua própria consagração e santificação.

 

         A comunhão com o Senhor faz Jeremias compreender quão terrível e profundo é o mal que assola o povo e o faz adoecer. Eles estão sob maldição porque preferem confiar no homem – em si mesmos, nos outros homens – a confiar em Deus.

 

         Jeremias 17:5 – “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta seu coração do Senhor”.

 

         Um coração apartado do Senhor é a razão essencial e profunda da falta de vigor, do adoecimento, da carência de vida e de alegria. 

         As pessoas estão enfermas, envenenadas na alma, do seu mundo interior brotando apenas enganos, sentimentos destrutivos, falsidades.

 

         Jeremias 17:9-10 – “Enganoso é o coração mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?... “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto de suas ações.”

 

         Diante de tal situação, o profeta busca o Senhor pedindo salvação e cura que somente Ele pode prover.

 

         Jeremias 17:12-14 – “Trono de glória enaltecido desde o princípio é o lugar do nosso santuário. Ó Senhor, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam são envergonhados; os nomes dos que se apartam de ti será escrito no chão; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas. Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor”.

 

         Lamentações de Jeremias 3:19-25 – “Lembra-te da minha aflição e do meu pranto... Minha alma continuamente os recorda e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã... A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele”.

 

 

Parênese: uma profecia para o tempo presente

 

 

         Nossa geração, como a de Jeremias, está doente no corpo e na alma, e vem sendo enganada por promessas de curas falsas e superficiais.

         Os governantes, sábios, filósofos, cientistas, artistas, líderes, influenciadores, mentores, seculares e espirituais, da nossa modernidade estão em busca de si mesmos, da própria realização e satisfação. Vendem ilusões e cuidados paliativos como se fosse curas e enriquecem com isso. 

         Todos nós sofremos as dores e enfermidades de nosso tempo de modo concreto e total: no corpo, na alma, nas emoções, nos conceitos, na mente, no espírito, no ambiente, nos relacionamentos, no caos da vida. Há quem pense que, desde a Queda, ninguém é perfeitamente saudável nem física nem mentalmente!

         Especialmente, lidamos hoje com um sem-número de condições da alma, frutos do desvio espiritual e moral da humanidade, que vêm sendo tratadas como patologias e relegadas aos cuidados dos terapeutas e profissionais de saúde, limitados por sua abordagem humanista secular, numa estranha omissão da Igreja, que tem, apenas ela, os meios da cura de Deus, a única capaz de conduzir as pessoas à plenitude eterna da santidade, do amor e da vida.

         Não é desprezar o conhecimento e os esforços de cientistas e profissionais para lidar com o adoecimento desta geração, mas é reconhecer que a ciência parte de conceitos e pressupostos sobre a natureza humana que muitas vezes divergem da revelação bíblica e, assim, conduzem a conclusões e terapias que não podem atingir a raiz de muitas condições da mente e da alma.

Pastores e líderes da Igreja têm, cada vez mais, encaminhado pessoas com conflitos existenciais, morais, emocionais e espirituais a especialistas e terapeutas incrédulos, que apoiam seu conhecimento e condutas no humanismo secular e, especialmente, numa antropologia estranha a Deus e seu propósito.

         Culpa, autoestima, ansiedade, medo, tristeza, apatia, ira, agressividade, lascívia, paixões desordenadas, conflitos pessoais e nos relacionamentos, todas essas são condições da alma humana que têm raiz espiritual e cujo tratamento e cura só podem acontecer operados por Deus, no caminho do arrependimento e da renovação da mente, por meio do Espírito Santo.

 

         Creio que a Igreja tem, desde o século passado, negligente ou covardemente, reduzido sua área de ação ao que alguns consideram como sendo os aspectos estritamente “espirituais”, como a salvação pela fé, a práticas de algumas disciplinas, a defesa da doutrina, a exigência de um padrão de comportamento de acordo com certos valores ou assumem uma abordagem mística voltada ao “mundo espiritual”.

E isso em desconexão com outras áreas que compõem a integralidade da pessoa, como seus sentimentos, pensamentos, desejos, conflitos, ansiedades etc.

         Não se trata de negar a validade do conhecimento humano e de deixar de se beneficiar com o que ele pode oferecer. Também não se trata de invadir o terreno próprio dos cientistas, médicos e terapeutas que se dedicam a cuidar das doenças da alma. Trata-se, sim, de a Igreja assumir integral e fielmente sua missão.

         Nós cremos no propósito eterno de Deus para os homens e vivemos em busca dessa plenitude de vida pessoal para nós e para os outros, que inclui um mundo interior continuamente transformado para experimentar todo o fruto do Espírito Santo e expressar a Imagem do Pai.

         A Igreja de Jesus depara-se, hoje, com o desafio de viver uma vida saudável, de corpo, alma e espírito, e de demonstrar isso ao mundo como parte essencial do querigma evangélico.

         Isso não significa que a fé nos propicie uma total imunidade às doenças e enfermidades, mas que ela nos leva a compreender, enfrentar e tratar as condições da alma humana, sujeita aos malefícios e consequências do pecado, pessoal e da própria raça, de uma maneira capaz de produzir libertação, cura, transformação e santificação e de caminhar em direção à plenitude de Cristo.

         Significa, sim, ir além da pregação de uma salvação meramente legal, dissociada de cura, de libertação, de restauração e de santificação. 

         É necessário que não nos iludamos com as terapias humanas, limitadas e, eventualmente, equivocadas, nem com o curandeirismo místico, tão comum nesses dias, inclusive no meio da Igreja.

         Por outro lado, deparamo-nos com desafiadoras promessas bíblicas sobre cura e restauração e não podemos afastá-las com intepretações e artifícios teológicos que despedem vazios os sobrecarregados, sofredores e enfermos.

         Para oferecermos cura ao mundo, mais do que isso, saúde, é preciso que experimentemos uma expressão mais plena da salvação em nossas vidas.

         Esse tem sido um terreno em que se trava um profundo conflito espiritual, amplamente utilizado pelo Inimigo para aprisionar os homens.

         Jeremias 17:14, que dá título a este texto, expressa a nossa necessidade de cura, assim como de salvação, e a necessidade de uma busca intensa por isso em Deus.

         Cura e salvação são operações que fazem parte do propósito de Deus para o homem, para que possamos experimentar a plenitude da vida em Cristo.

         É necessário entender a conexão que existe entre espírito, alma e corpo no que diz respeito à saúde, que deve se expressar na pessoa por completo.  

         É preciso reconhecer a origem e a extensão da doença humana e como ela atinge corpo e alma.

         É preciso conhecer e experimentar a provisão de Deus para nossa cura e salvação.

 

         Fernando Saboia Vieira,


Vila Velha e Brasília, 1992 e 2024

 

 

Trono de Glória

 

Trono de glória

Desde o princípio enaltecido

É o lugar do nosso santuário

 

Ó Senhor, Esperança de Israel,

Os que te deixam,

Onde se refugiarão?

 

Ó Senhor, fonte das águas vivas,

Os que te esquecem,

Como se saciarão?

 

Cura-me, curado serei

Salva-me, e salvo ficarei

Porque Tu és o meu louvor

 

Ó Senhor, Esperança de Israel,

Fonte das águas vivas

Deus que salva

Deus que cura

Tu és o nosso louvor

 

Fernando

Vila Velha, fevereiro de 1992.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

 “Seja forte e corajoso” (Josué 1:9)

 

 

         Queridos companheiros e companheiras de jornada,

 

 

         Josué tinha cerca de 72 anos quando ouviu, por três vezes, essa palavra do Senhor (Josué 1:6,7 e 9). Ele deveria suceder a Moisés e conduzir o povo de Israel na travessia do Rio Jordão e na conquista de Canaã, a Terra Prometida.

         Para cumprir tal tarefa, Josué precisava se fortalecer física e emocionalmente, embora fosse já um homem chegando na velhice e viesse de uma longa e difícil jornada de 40 anos pelo deserto.

         A fonte fundamental dessa força e coragem seria a companhia do próprio Deus ao longo da empreita, Sua Presença, palavra e poder: “o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares”.

         Josué deveria, especialmente, ter força e coragem para agir “segundo toda a Lei”, sem dela se desviar. Para tanto, sua tarefa primeira era meditar, “dia e noite”, no “Livro da Lei”.

         Ele tinha, àquela altura da vida, ainda um serviço a realizar para Deus, e o Senhor seria com ele a cada passo, suprindo-o com sabedoria, força e coragem.

         Caberia, contudo, a Josué se dispor à tarefa, prosseguir a jornada e “colocar a planta do pé” nas terras além do Jordão, para que o Senhor agisse poderosamente em cumprimento à Sua promessa.

         Josué deveria andar e convocar o povo a segui-lo em uma terra ocupada, numa jornada de guerra, de conquista e de ocupação, sem deixar de prover as necessidades das pessoas e famílias. Ele deveria ser líder, comandante, sacerdote e pastor, como o fora Moisés.

         Ser forte e corajoso. Força física. Josué precisava estar fisicamente apto, aos 72 anos, para os rigores de uma campanha longa de batalhas e de ocupação da terra.

         Coragem. Deveria, também, ter força moral, psicológica e emocional, sem medos, sem hesitações, sem olhar para trás.

         A maneira de obter essa força e coragem seria manter-se fiel ao Senhor, obediente à Sua Palavra e confiante na Sua promessa e Aliança com Israel.

         Caros, alguns de nós já sentimos a idade chegando e a força e a coragem declinando. Levamos o peso dos anos, o cansaço das longas jornadas já percorridas, o desgaste das tarefas e lidas. Nos enchemos, às vezes, de receios e temores, compreendemos menos o mundo à nossa volta.

         Vivemos numa geração em que a velhice é vista como enfermidade, como fardo e como algo a ser evitado a qualquer custo. Mas ela faz parte do ciclo da vida humana na presente condição de nossa natureza, não é uma doença e não pode ser evitada, a não ser pela morte prematura. E não precisa ser um peso para nossa existência nem um deserto árido a ser atravessado.

         Temos uma alma eterna que habita um corpo mortal, ambos sujeitos às debilidades e decadências produzidas pelo pecado. No entanto, temos a habitar em nós o Espírito vivificante e energizante do Deus eterno, que nos comunica continuamente Sua graça e virtude. Sabemos que nosso destino final não é a decrepitude e a morte. Nosso corpo será revestido de incorruptibilidade e nossa alma se encherá da plenitude da Imagem de Deus.

Assim, enquanto estamos aqui neste mundo, temos um serviço a prestar ao Senhor, e precisamos prosseguir nossa jornada, confiando que receberemos dele mesmo o suprimento físico, moral e espiritual de que necessitamos.

Devemos nos fortalecer fisicamente tanto quanto pudermos. Cuidar do corpo, com alimentação e estilo de vida adequados à nossa idade e condições de saúde.

Devemos, igualmente, nos fortalecer na alma, com a busca contínua de transformação e comunhão com Deus. Dessa maneira seremos como aquela “árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo dá o seu fruto” (Salmo 1).

Assim como há o fruto a ser produzido na juventude e na maturidade, também há aquele próprio da velhice, que tem os sabores e nutrientes da experiência, da paciência, da perseverança, das provações, das celebrações e da comunhão e amizade com Deus, aprofundadas ao longo da jornada.

 

         Que a suficiente graça de Jesus seja com cada um de nós.

 

         Seu conservo e companheiro de jornada, já sexagenário,

 

         Fernando Saboia Vieira

 

         BsB, janeiro, 2024, AD

         

 

         Para minha amiga e companheira de jornada, Márcia Araújo Widmer.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

 

Para o Novo Ano

Brasília, em 1º de janeiro de 2019, AD.


Caros companheiros de jornada em busca da vida interior,



Nesse ano que começa, não quero ser avaliado por minhas eventuais vitórias, mas pela qualidade de minhas lutas, pois a Ele já pertence a toda a vitória;

Não pelos bens que possa adquirir, mas pela fidelidade e bondade que marcarem meu serviço e mordomia em relação aos que me forem confiados por Aquele a quem pertencem todas as coisas;

Não quero ser reconhecido pelo conhecimento e sabedoria que venha a obter, mas pela humildade e temor que tenham sido depositados no meu coração, porque n'Ele estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento;

Não pelas realizações e sucessos que possa alcançar, mas pela glória que minha vida venha a trazer ao nome daquele a quem pertence toda a Glória;

Não quero ser considerado pelo impacto e influência de minha vida nas vidas das pessoas, mas pela saudade do Pai que minhas ações e palavras possam produzir em seus corações.


Que a graça de Jesus seja com todos.

Fernando Sabóia Vieira

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

 Ano Novo

 

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim...”

 

 

Não começar nada

Sem Aquele que é o Começo de tudo

O Princípio

O Renovo

O Alfa

A Sabedoria da criação

 

Não continuar nada

Sem Aquele que é o Sentido de tudo

A Palavra

A Força

A Alegria

O Dom de existir

 

Não alcançar nada

Sem Aquele que é o Fim de tudo

O Alvo

O Destino

O Ômega

A Vida abundante

 

 

Fernando Saboia Vieira

De “Café com Poesia”, meados da década de 1990

domingo, 24 de dezembro de 2023

As luzes e a Luz do Natal

 

                                   “... na tua luz, vemos a luz” 

(Salmo 36:9)

                                               

 

As luzes coloridas, cintilantes

Escondem nossos medos

Nos disfarçam em fantasias

Dão brilhos aos nossos sonhos

 

Nos encantam e nos iludem

Conosco mesmos e com o mundo

Com a boa vontade dos homens

Com o futuro que não possuem

 

A Luz, a verdadeira luz que veio ao mundo

Me ilumina, me revela, me confronta

Despe meus medos e temores

 

Me desencanta comigo mesmo

Ilumina minhas trevas

Me convida à eternidade que ela carrega

 


Fernando Saboia

De "epílogo", 2023

 

 

 

sábado, 9 de dezembro de 2023

 POR QUE E PARA QUE JESUS VEIO AO MUNDO?

 

Uma Explicação e um Propósito para o Natal 

 

João 3:16

 

         Caros companheiros e companheiras de jornada,

 

         Uma breve reflexão a propósito do Advento do Natal.

Por que e para que Jesus veio ao mundo? Por que e para que se tornou homem e experimentou a fraqueza, a tentação, a perseguição e a morte?

 

A explicação para o mistério da encarnação do Verbo está no amor de Deus: 

 

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito...

 

         O amor de Deus é um fato puro, sem antecedentes, originário, anterior ao tempo e ao espaço e não limitado por eles. Sem começo e sem fim, porque é parte da essência do ser eterno e infinito de Deus.

         Por vezes nos perguntamos por que existimos. Não nos satisfazem as explicações científicas ou filosóficas. Nem a teoria do acaso nem a evolução gradual fazem sentido. Eu existo, sou consciente disso, sou um ser pessoal feito para relacionamentos e para viver valores morais. Não há nada semelhante na natureza. Por que, então, existo?

         Existo porque Deus amou. Amou e criou, amou e se revelou, amou e deu liberdade, amou e não desistiu de amar. Amou e enviou Seu Filho unigênito para buscar suas criaturas rebeladas e perdidas.

         Podemos achar difícil explicar o amor de Deus diante do sofrimento humano, nosso próprio e das pessoas. Por um lado, temos que nos lembrar que o Pai Celeste quer nos conduzir a uma dimensão espiritual e eterna e que todas as nossas aflições aqui, consequências do pecado, são passageiras e podem contribuir para que nos aproximemos dele, nos desapegando desta vida e do mundo.

         Por outro, a experiência do amor de Deus não é algo racional a ser explicado, mas espiritual, a ser vivido, pois esse amor é derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi outorgado, que é o Espírito de adoção, por meio do qual podemos clamar por nosso Pai.

         O amor de Deus por nós é pleno de graça e misericórdia, ao ponto de ter sido esse o motivo pelo qual o Pai deu seu Filho ao mundo.

 

         E aí já nos deparamos com a segunda pergunta.

         Para que Jesus veio ao mundo? Para que viveu uma vida de amor e serviço e morreu na cruz? 

 

"...para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"

 

         O propósito de Deus desde a criação de ter uma família de filhos semelhantes a Ele é o mistério revelado no Evangelho.

         Entre o porquê e o para que, Jesus viveu uma vida plena de significado e de propósito. Nossa vida também tem, em Jesus, uma explicação no amor de Deus e uma finalidade no Seu propósito eterno. 

Existimos por causa do Seu amor e vivemos para experimentar e expressar esse amor, a fim de que outros sejam por ele alcançados. E Deus tenha a numerosa família que Ele quis ter desde sempre.

Em qualquer circunstância da vida, a certeza de que Deus nos ama nos dá significado e valor, e a revelação da Sua vontade nos enche a vida de propósito. Não corremos “atrás do vento”. Não desperdiçamos nossos dias. Vivemos para Ele, que nos amou e a Si mesmo se entregou por nós.

Amor e propósito de Deus devem ser experimentados em equilíbrio, na tensão criativa de paradoxo. O amor sem propósito não é o amor de Deus. Será um amor humano que se vê como um fim em si mesmo, que se consome em expectativas e frustrações e nada produz de valioso e eterno.

Já o propósito sem amor não é o propósito de Deus, mas uma motivação humana, dura e pesada, que canaliza todos os esforços, muitas vezes inúteis e frustrados, de viver um projeto de vida vazio de sentido eterno.

Assim, como ocorre com as verdades de Deus que se apresentam numa dinâmica transformadora, é necessário que nós recebamos o amor e o propósito do Pai por meio da fé em Jesus como nosso Senhor e Salvador. 

A fé não é algo que nos acontece ou não acontece. A fé é uma escolha, uma decisão que tomamos diante da revelação e do chamado de Deus.

É pela fé que o evangelho se torna no poder de Deus para salvação. É por meio dela que a virtude do Pai se manifesta como libertação, cura, transformação e redenção. É ela que nos leva ao mundo espiritual eterno.

Jesus foi alvo de contradição e veio revelar o coração de muitos. Nem todos o receberam, mas Ele é a verdadeira luz que ilumina cada pessoa e revela a verdade, nos confronta, nos atrai, nos santifica e nos leva a refletir a glória do Pai.

 

As luzes do Natal podem ser bonitas, mas muitas vezes apenas disfarçam a realidade com fantasias e ilusões. Vamos nos aproximar da verdadeira luz e deixar que ela nos revele, revele o amor e o propósito de Deus e, dessa maneira, nos salve. 

Foi por isso e para isso que Ele veio ao mundo.

 

Que a suficiente graça de Jesus seja com todos.

 

Seu conservo e companheiro de jornada,

 

Fernando Saboia Vieira

 

Brasília, Natal de 2011/2023, AD.