domingo, 31 de outubro de 2010

A Alegria de uma Boa Consciência

"Tem grande tranquilidade de coração aquele que não dá valor nem a elogios nem a críticas que partem dos homens. É facilmente contentado e pacificado aquele cuja consciência é pura. Você não é mais santo por ser louvado, nem mais sem valor, se acharem o que criticar em você. O que você é, isso você é, também não é com palavras que você poderá ser feito maior do que já é aos olhos de Deus ... Aquele que não busca ninguém de fora para testemunhar a seu favor, mostra que se entregou a Deus."

Thomas à Kempis (1380 - 1471)
"A Imitação de Cristo"

sábado, 30 de outubro de 2010

Contentamento

"Não ambiciones o supérfluo. Contenta-te com o necessário. Ambicionar o supérfluo é uma camuflagem da mendicância. Contentar-se com o necessário é a única riqueza verdadeira. ...
Se te contentas com o suficiente, verás que de pouco necessitas." Sto Agostinho

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Perto ou longe de Deus?

"Viver perto ou longe de Deus não uma questão de espaço, mas de afeto. Amas a Deus? Estás perto d'Ele. Se O esqueces, estás longe d'Ele. Sem sair do lugar, podes estar perto ou longe".
Agostinho

domingo, 24 de outubro de 2010

Jesus nos Chama ao Serviço do Reino

Leituras bíblicas:


João 15:1-17

Unidos ao Senhor e uns aos outros, como ramos de uma videira, somos alimentados pela seiva vital que flui da raiz pelo troco comum. Permanecer nEle é também permanecer totalmente ligados uns aos outros. Se vivermos desse modo, frutificaremos e seremos seus discípulos e seus amigos.

Efésios 4:1 a 5:2

A experiência comum da fé, do batismo, do senhorio de Jesus, da paternidade de Deus e da vida no Espírito nos une, nos torna um só corpo, no qual a diversidade de membros coopera, por meio das juntas e ligamentos, para o propósito único do amadurecimento, crescimento e aperfeiçoamento de cada um no serviço do reino.

1ª de Pedro 4:10-11

Dons são ferramentas para o serviço. A multiforme graça do Senhor equipa a igreja com múltiplas capacitações, que devem ser utilizadas no serviço uns aos outros.

Gálatas 5:13-15

Nossa liberdade em Cristo, para ser verdadeira, deve produzir amor e serviço, jamais a busca dos próprios interesses e do conforto pessoal. O amor a nós mesmos escraviza a nós e aos outros, a quem queremos fazer servos de nossas vontades. O amor a Jesus nos liberta a nós e aos outros, a quem nos oferecemos livremente como servos para fazer a vontade do Pai.

Romanos 12:1-21

Nossa completa consagração a Deus nos levará a uma renovação de entendimento e compreenderemos que estamos unidos a Ele para uma vida comum de amor, de serviço e de proclamação.


Irmãos queridos,


Nossa vida em Jesus está absolutamente ligada ao serviço. Não é possível viver em imitação ao Senhor, seguindo Seu exemplo e em obediência a Sua palavra, sem que isso se mostre concretamente como uma vida de serviço a Deus, aos irmãos e aos homens, pois o “filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua em resgate por muitos”.

Fomos chamados para servir. A proclamação do Reino de Deus não é um convite à aceitação de verdades abstratas, de uma ética ou doutrina puramente místicas, mas uma convocação a uma completa mudança de vida, a uma transformação de mente e de comportamento, reflexos diretos e necessários da nossa submissão ao senhorio de Jesus e da ação do Espírito Santo. Discípulos são servos. Eles têm uma missão, uma tarefa, um propósito que define e orienta sua existência neste mundo a partir de seu encontro com Jesus. Quando essa característica não é desde logo perceptível na vida de alguém, pode-se questionar a presença do Mestre naquela pessoa.

Pertencer à igreja implica servir. A essência do nosso vínculo como irmãos é o amor, e amar como Jesus amou significa servir como Jesus serviu. De outro modo, faremos da comunhão cristã uma mera associação humana baseada em sentimentos e preferências. Quando o serviço desaparece da vida da igreja, já não podemos ver nela a vida de Jesus fluindo, não haverá a ligação íntima com Ele que sempre produz fruto, não haverá discípulos verdadeiros, mas ramos sem ligação com a raiz da videira, que secarão e serão lançados fora.

O mesmo ocorre quando o serviço é apenas o cumprimento formal de tarefas organizacionais: não encontramos o coração do Mestre, o Seu Espírito inspirando, capacitando, vivificando, transformando pessoas e destinos, apenas uma estrutura em movimentação a custa de esforços meramente humanos.

Somos servos uns dos outros, somos responsáveis uns pelos outros e devedores uns dos outros do amor de Jesus e da nossa justa cooperação no serviço do reino. Temos que ter consciência de que pertencemos uns aos outros.

Cuidado, irmãos. Não deixemos o mundo nos constranger com seus próprios padrões e valores. Renovemos nossas mentes transformando nosso entendimento. O espírito da maldição de Caim é máxima de sabedoria de vida nesta nossa geração: “acaso sou eu guardador de meu irmão?” Vale dizer, “cada um que cuide de sua própria vida. Eu cuidarei apenas de mim mesmo!”

Nossa responsabilidade com o serviço da igreja e com os irmãos tem expressão concreta e prática no nosso compromisso com os encontros, nos vários níveis de relacionamento e de integração. No Corpo de Cristo não há expectadores, mas apenas participantes. Sempre que nos encontramos, quer nos momentos informais, quer nas reuniões programadas, expressamos nosso vínculo e comunhão em Cristo, Sua Presença se torna viva e perceptível e o serviço deve ser uma conseqüência natural disso.

Quando os encontros e reuniões com os irmãos perdem a característica de serviço, de ministração mútua, de uso coletivo dos dons em favor de todos, tornam-se rituais pobres e sem poder, compromissos sociais enfadonhos e sem alegria. Perdem seu significado e relevância.

De modo especial, nosso compromisso com os irmãos a quem estamos mais proximamente vinculados é essencial para que a igreja cresça saudável e frutífera.

O crescimento saudável da igreja depende do compromisso e do serviço de cada um, na edificação dos irmãos e na proclamação do reino de Deus.

De igual modo, o crescimento saudável de cada um depende de sua própria participação comprometida no Corpo, pelos vínculos e relacionamentos que são os canais pelos quais receberá o alimento e a instrução de todos.

O serviço dá sentido concreto, natural, prático às nossas vidas espirituais. Sem ele, corremos o risco de nos iludirmos com uma espiritualidade desencarnada, puramente teórica, desobediente ao Senhor que se fez carne e viveu uma vida a serviço dos outros.

Por outro lado, o serviço dá sentido transcendente, eterno, às nossas vidas naturais e terrenas, livrando-nos de viver de modo fútil, voltados apenas para bens e alvos transitórios. Quando servimos ao Senhor e aos homens em Seu nome, mantemos a perspectiva do reino e propósito imutáveis de Deus, do sentido de nossa peregrinação em direção às moradas espirituais do Pai celeste.

Servir fortalece a comunhão com Deus, forma o caráter, retira o ego do centro da vida, exercita a autonegação, a humildade, a paciência e todas as virtudes do Mestre.

De especial valor é que a consciência de sermos servos nos mantém afastados da tentação do sucesso e da frustração do fracasso em projetos deste mundo, duas fontes de ansiedade e de enfermidade dos homens modernos.

Todas as vezes que nos afastamos do amor e do serviço aos outros, que nossas carências e necessidades nos parecem tão graves e urgentes, que nossos desejos e sonhos ocupam completamente nosso coração e nossa agenda conosco mesmos, já deixamos de seguir o Mestre, estamos andando em caminhos em que Ele não está e, ironicamente, nos afastando da única maneira de viver que pode nos fazer pessoas plenas, realizadas e felizes: a experiência do amor de Deus, nosso Pai.

Servir aperfeiçoa os dons, habilita para a obra e para a vida, dá experiências com o Senhor, nos coloca na constante dependência dEle. Mantém no coração a consciência da Presença de Jesus, a quem servimos quando servimos aos homens.

Sempre que pedimos dons, o Senhor nos apontará as pessoas a nossa volta, irmãos e incrédulos e nos perguntará se estamos dispostos a sermos servos deles, por amor.

O serviço é a encarnação do amor de Deus. Assim foi na vida de Jesus, assim deve ser na vida de seus discípulos. No derradeiro diálogo do Senhor com Pedro registrado nas Escrituras, o Mestre nos incluiu a todos quantos queremos ir após Ele quando vinculou nosso amor a Ele ao serviço dos irmãos, ao cuidado com o Seu rebanho.

Só o serviço nos coloca e nos mantém num correto uso dos bens e recursos materiais, porque nos deixa sempre na condição de mordomos, e não de donos. Quando servimos como nossos bens e recursos reconhecemos e demonstramos que não são de fato nossos, mas do Senhor, que nos são confiados para o Seu propósito. Quando com eles não servimos, roubamos do Senhor aquilo que a Ele pertence.

O verdadeiro discípulo recebe humildemente o serviço de seus conservos como graça do Senhor em sua vida. Sabe que necessita que outros lhe lavem os pés, o edifiquem, consolem e corrijam, que não é, de modo algum, capaz de viver sozinho e de prover as próprias necessidades.

Uma característica fundamental do servo de Deus é que ele busca sempre a glória do Seu Senhor, jamais a sua própria. Assim, o servo aceita e mesmo prefere o anonimato, porque não visa agradar aos homens e deles receber qualquer tipo de reconhecimento ou recompensa, nem agradar a si mesmo, enchendo-se de orgulho pelo desempenho pessoal, mas visa agradar unicamente Aquele a quem ama de todo coração, de toda alma, de todo entendimento e de toda força.

Por isso, servos de Jesus não murmuram, não reclamam, não julgam, mas adoram, celebram, cantam, louvam durante a tarefa, quanto mais quanto mais dura e custosa. Servir, não por acaso, é uma das raízes bíblicas para a palavra “adorar”.

Finalmente, o serviço é o caminho privilegiado para a amizade de Jesus: o Senhor escolhe Seus amigos dentre seus servos, ou melhor, faz amigos entre os discípulos que aprendem com Ele a servir, pois o serviço nos revela o coração de Deus, nos coloca em contato direto com Seu propósito, com as pessoas que Ele ama e a quem quer salvar.

Em suma:

A tarefa – proclamar o reino, fazer discípulos, edificar a igreja, amar ao Senhor, aos irmãos e aos homens, fazer o bem a todos, socorrer, consolar, libertar, curar, numa palavra, imitar a vida de serviço de Jesus.

O tempo: hoje, os campos estão prontos para a colheita, o Senhor em breve virá, o mundo agoniza no pecado e nas trevas, não sabemos o dia e a hora em que estaremos diante dEle para dar conta dos talentos que Ele nos confiou.

Os recursos: A vida de Jesus em nós, o poder do Seu Espírito, os dons, tudo quanto Ele nos tem dado de meios e talentos.

A estratégia: a Palavra, os relacionamentos, o funcionamento do Corpo, anunciar o reino a todos, orar por todos, servir a todos.

Os chamados ao serviço: eu e você.

Brasília, em outubro de 2010, aD.

Fernando Sabóia Vieira

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nosso flamboyant em outubro

UM POUCO DE TEREZA DE LISIEUX (1873-1897)

A ORAÇÃO É UM IMPULSO DO CORAÇÃO


Como é grande o poder da oração! Pode-se dizer que é como uma rainha que tem a todo o momento livre acesso à presença do Rei e pode dele obter tudo o que pedir. Para exercer esse poder não é de modo algum necessário ler em algum livro uma bela fórmula composta para a ocasião. Se assim fosse, ai, pobre de mim! Afora o Ofício Divino, que eu sou bem indigna de recitar, eu não tenho coragem de me por em busca de belas orações nos livros, isso me dá dor de cabeça. Existem tantas!... E, depois, elas todas são tão belas, cada uma mais do que as outras... Eu não saberia recitá-las, e, não sabendo como escolher, faço como as crianças que não sabem ler: simplesmente, digo ao Bom Deus tudo o que quero dizer a Ele, sem fazer belas frases, e Ele sempre me compreende... Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado aos céus, é um grito de reconhecimento e de amor, tanto em meio à provação quando em meio à alegria. Enfim, é algo de grande, de sobrenatural, que me dilata a alma e me une a Jesus.

Thérèse de Lisieux, "La prière c'est un elan du coeur".

Tradução: Fernando Sabóia

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

25 Anos de Prata

Para Sandra, sempre para Sandra


Poema para ser doce como os teus olhos


Menina dos olhos de mel,

será que adivinho

a tua doçura?


Serás doce suave

como jabuticaba temporã,

ou será este o teu tempo exato de florar,

e então serás doce cheirosa,

como flor de laranjeira?


Ressuscitaste minha poesia,

descompassaste os meus versos,

serenaste meu espírito,

perturbaste o meu coração.


De que outros prodígios

não serás ainda capaz,

menina dos olhos de mel!?


Setembro de 1984



Bodas


Como poderia eu hoje te dizer

Do absolutamente novo desta hora

Se apenas trago comigo

As mesmas palavras de antigamente?


Porque hoje preciso te falar de amor

Mas do amor que consegue ele mesmo

Ser urgente como fogo que grassa

E fértil

Como chuva que abençoa,

Livre o bastante para se fazer servo

Mas libertador maior de todas as formas de servidão,

Do amor que chora e faz sorrir

Que tudo entrega

Sem jamais perder a si mesmo


Mas, se não posso te dizer,

Eu hoje te ofereço.

Ofereço de minha alma a amizade e os afetos,

Do meu braço a força e o carinho,

Da minha fé a honestidade e o compromisso.


Te amarei como sou do Pai amado,

Te servirei como teu senhor,

Te governarei com teu servo

Até quando não houver mais o fim.


Setembro de 1985



Quinze anos


Ao teu lado

O tempo não existe

Ou obedece a teus caprichos


Nunca fizemos coisas

De novo

Mas coisas se fazem novas

Todos os dias

Ao teu redor


Acabo de descobrir você

Estou encantado


Não acredito no tempo

Acredito em te amar


Setembro de 2000



Longe é um lugar perto de você


À distância em que estamos,

Mais perto sinto você,

Na falta que você me faz,

No incompleto

Que me descubro.


Tão menos eu sou

Sem você

Tão distante de mim mesmo

Me acho sem sua presença.


Tanto a vida nos mesclou

Tanto nos fomos penetrando

Um no outro

Que quando você não está

Me falta a melhor parte de mim,

Não tanto nas palavras e nos toques,

Mas no colorido de tudo

Na alegria para viver este dia

Em algo cantando no ar.



Cantiga para você


Se você fosse embora

Eu lhe buscava

Se você fosse a despedida

Eu inventava a volta


Se você me esquecesse

Eu lhe lembrava

Se você não me quisesse

Eu me transformava no seu desejo


Se você fosse a pergunta

Eu sabia a resposta

Se você cantasse

Eu lhe ouvia

Se você fosse a palavra

Eu era o silêncio


Se você só ficasse parada

Pensando, sonhando, querendo

Eu era o vento, a luz

O chão, o céu

O tudo à sua volta


Fernando Sabóia, de "Sandra Poesia, Poesia Sandra"




sábado, 2 de outubro de 2010

Choveu, Voltei...

Caros,

Conforme apalavrado, choveu em Brasília, voltei. A cidade agora troca de cores, com os flamboyans florindo (inclusive o daqui de casa!) e os gramados recuperando seu verde intenso.

Aguadem para breve alguns mais textos do "Baú", que estão em fase de tradução e apronto.
Por ora, a mudança de estação aqui na nossa bela Capital lembrou-me um poeminha que escrevi há muitos anos.


Brasília

Brasília, eixos.
Brasília, quadras.
Brasília, blocos.

- Brasília, cidade geométrica!

Brasília, chuvas de outubro.
Brasilia, gramados verdes.
Brasília, longos ocasos.

- Brasília, cidade aldeia.

Fernando Sabóia, 1981, em "Café com Poesia".