quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Paz na terra entre os homens

 “E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.”

(Lucas 2:13-14)

 

                                                                                 Brasília, em 21 de dezembro de 2022, AD.

 

         

        Caros irmãos e irmãs, nesses dias em que nos relembramos dos fatos relativos ao Advento do nascimento de Jesus, meditemos nas palavras do Evangelho anunciadas pelos anjos.

         Ao tempo em que proclama a glória de Deus nas alturas, o coro angelical anuncia paz na terra entre os homens. É que nascia, naquela noite, o Príncipe da Paz, o Filho que, com sua vida, obra, morte e ressurreição, nos vinha reconciliar com o Pai e uns com os outros.

         O mundo dos homens, desde a Queda, é o mundo dos conflitos, das disputas, das guerras, das opressões, da violência. Relacionamentos, sociedades e governos se constituem e se desenvolvem com base na preponderância dos mais fortes, dos mais ricos, dos mais capazes.

         Na história das civilizações, a única maneira de conter a força é com mais força. A justiça humana, quando se faz, se faz com a força da lei respaldada pelas armas. Por isso é sempre falha e cheia de conflitos.


Mas não é assim a justiça de Deus. 


Em verdade, diz o apóstolo, que “é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz”, uma vez que a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tiago 3:18 e 1:20).


A justiça de Deus só se promove pelos caminhos de Deus. Não se pode semear sua justiça por meio de conflitos, guerras e violências, mas apenas em paz. 

Nossa indignação diante do mal e nossa fome e sede de justiça devem nos levar a buscar o Reino em primeiro lugar e a ter apenas no Senhor nossa esperança, e não a nos arvorarmos na condição de promovedores do direito e executores do que consideramos justo.

         Atendendo ao clamor dos anjos, nós, cristãos, somos vocacionados ao ministério da reconciliação, a sermos, como filhos de Deus, pacificadores (Mateus 5:9) e, em nome de Jesus, embaixadores do Reino (2ª aos Coríntios 5:18-20).         


         Vivemos, ainda em nosso país momentos de indefinições e inseguranças. Muitos estão na expectativa de que possa haver algum movimento de ruptura institucional com o uso da força das armas, a fim de se corrigir alegadas injustiças e reprimir possíveis interferências ideológicas na vida das pessoas, e mesmo da Igreja.


         Quando Pedro prescreve que sejamos sujeitos a “toda instituição humana por causa do Senhor”, ele não está supondo que sejam todas santas, legítimas e justas, nem que suas decisões estejam sempre dentro da vontade de Deus. 

Ao contrário, ao que se sabe, naquele momento histórico, Nero era Imperador em Roma, todo o sistema administrativo e legal a que estavam sujeitos vinha de lá, e a perseguição aos cristãos já começava.

A sujeição devida pelos cristãos é “por causa do Senhor”, não por uma concordância ideológica ou senso de justiça (2ª de Pedro 2:14-14).


Paulo é ainda mais claro quando afirma que devemos nos sujeitar às autoridades “porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmo condenação” (Romanos 13:1-2).

As autoridades e instituições a que, como cristãos, devemos obediência e sujeição são aquelas que, no nosso sistema de governo, estão investidas em poderes executivos, legislativos e judiciários.


Como cidadãos, também nós detemos, de acordo com as leis do país, direitos de escolha e de livre manifestação. No entanto, como cristãos, não podemos ser favoráveis a soluções ou atitudes que desrespeitem as instituições e autoridades e, menos ainda, que promovam conflitos, violência, caos na sociedade e danos às pessoas.


Ao contrário, somos especificamente exortados pelo apóstolo a que oremos por todas as autoridades “para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeitos” (1ª a Timóteo 2:1-4).

Oremos, portanto irmãos, para que não haja no Brasil nenhum movimento ou ato que promova a violência, a ruptura da ordem legal, conflitos e caos na sociedade, os quais, de modo geral, vitimam especialmente as pessoas mais vulneráveis, não são capazes de promover a justiça de Deus e não servem à causa do Evangelho de Jesus. Esse foi, aliás, um caminho que Ele expressamente rejeitou, mais de uma vez.


Deixemos nas mãos do Senhor Deus Soberano a decisão sobre quem deve estar investido em autoridade, uma vez que já cumprimos nosso dever de cidadãos e de cristãos ao votarmos e nos manifestarmos de acordo com nossa fé e consciência, sem prejuízo de continuarmos a utilizar todos os meios legais para nos posicionarmos quanto às decisões políticas.

Mas, do ponto de vista bíblico, não podemos apoiar conflitos e confrontos violentos, intervenções armadas ou atos de força praticados à revelia das leis do país, nem orar para que eles aconteçam. O ensino dos apóstolos vai no sentido oposto a isso.

 

Se tais fatos ocorrerem, dentro dos usos e costumes do mundo dos homens, vamos nos posicionar e reagir de acordo com os princípios e mandamentos de Deus e enfrentar o que for necessário, ainda que com riscos e perdas.


Nesse tempo de Advento, nossa proclamação deve ser como a dos anjos – “glória a Deus nas alturas, paz na terra entre os homens a quem ele quer bem”.


“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, o governo está sobre os seus ombros e seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. É tempo de “serem queimadas ao fogo toda bota do guerreiro e toda roupa manchada de sangue” das batalhas (Isaías 9:5-6).


Amados irmãos e irmãs, nada devemos temer quanto ao futuro. Deus, nosso Pai, continuará a conduzir sua Igreja e a promover o seu Reino, a despeito das disputas e guerras humanas, até que Jesus venha.


 Que naquele dia Ele nos encontre vigiando, orando, servindo, amando, testemunhando, proclamando a “boa nova, de grande alegria, para todo o povo: nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2:10-11).


E não confundidos e envolvidos em guerras e disputas dos reinos terrenos, numa geração em que a iniquidade avança, o amor esfria, e que está sendo preparada para a manifestação do Maligno.

 

Que a suficiente graça de Jesus seja renovada no espírito de vocês neste Natal, e que o amor do Pai os console e fortaleça para tudo o que tiverem que viver, fazer e suportar, em nome do Senhor, na comunhão e no poder do Espírito Santo.

 

Seu conservo e companheiro de jornada,

 

           Fernando Saboia

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

 Profeta e poeta

 

 

Profecia e poesia

São encontros do mistério e da beleza

Com minha solidão e meu silêncio

Na nuvem escura

Que suga cores e melodias

 

Graça e verdade

Beleza e santidade

Aflição e adoração

Temores e louvores

Na palavra que fala no silêncio

Na Presença gloriosa

Que rompe a escuridão 

E a solidão 

 

Brilham todas as luzes e cores

Ressoam todas as melodias e harmonias

Encontram-se todos os seres comovidos

Numa eterna e infinita celebração

Do mistério e da beleza

Na minha alma, enfim, maravilhada


Fernando Saboia

De "Pausas de Adoração"

 

 

 

 Tempestades

 

 

Deus nem sempre acalma

O mar tempestuoso

 

Às vezes a tormenta é sua maneira

De nos exercitar a fé na jornada

Em que Ele mesmo nos colocou

 

Às vezes o naufrágio é sua rota

Para nos conduzir aos portos

Que Ele mesmo para nós escolheu

 

Mas Deus sempre acalma

As tempestades do nosso coração

Deus sempre nos socorre

Nos naufrágios da nossa vida

 

Não é a serenidade nem a tempestuosidade

Que tornam o mar nosso caminho

Mas a Presença do Senhor no barco

Sua paz e alegria no nosso coração

 

 

 

Fernando Saboia

De "Pausas de Adoração"



sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

 O amigo de Deus

 

Para Jamê Nobre

“Porque somos feitura (poiema) dele...” (Ef 2:10)

 

“Não existe nada melhor

Do que ser amigo de Deus” (AC)

 

Encontrei um homem

E ele estava de pé

Embora tantos pesos e lembranças

Doloridas e queridas

Postado entre o passado

De repente interrompido

E o futuro tornado incerto

 

O abraço livre, generoso

O sorriso sincero, afetuoso

A voz mansa, consolada

Me fazem me sentir em casa

 

Ele me chama de amigo

E é como se colocasse em meu peito

Uma medalha de honra que não mereci

 

Sei que ele permanecerá de pé

Porque ele é amigo de Deus

E Deus mantém de pé os seus amigos

 

As pessoas são poemas de Deus

 

 

Fernando Saboia Vieira

Jundiaí, novembro de 2022, AD.