sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Pecado e Enfermidade

Pecado e Enfermidade

"Naquela noite eu compreendi, senti, realizei o sentido da Cruz de Cristo, que a Cruz é a reparação do irreparável; que nós todos carregamos um fardo onde se encontram inexoravelmente mesclados tudo aquilo de que somos vítimas com tudo aquilo de que somos culpados, mas que podemos depositar todo esse fardo, tal como está, em bloco, na Cruz; pois a cruz é, ao mesmo tempo, o perdão para tudo aquilo de que somos culpados e o verdadeiro consolo de tudo aquilo de que somos vítimas.
....
Desde então meu ministério humano não parou de se aprofundar. Vejo virem a mim homens e mulheres de todas as idades e de todas as condições que carregam um fardo onde estão intrinsecamente mesclados aquilo de que são vitimas com tudo aquilo de que são culpados. É certo que há em suas vidas coisas das quais,se sentem verdadeiramente vitimas e coisas das quais se sentem verdadeiramente culpados. Mas quando olhamos mais de perto, percebemos que a fronteira está longe de ser precisa.
...
Nós reencontramos mais uma vez esse duplo aspecto da graça, que se manifesta, ao mesmo tempo, pela cura e pelo perdão, na passagem de Tiago que eu já citei: "Há alguém enfermo entre vós? Que chame os anciãos da Igreja, e que os anciãos orem por ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados lhe serão perdoados" (Tiago 5:14-15).

Paul Tournier, "Bible et Medicine", capitulo 23: Pecado e Enfermidade. Tradução de Fernando Saboia Vieira.

Sobre disciplina

"​A disciplina não é efetiva se não for sistemática, pois a falta de sistema normalmente denuncia uma falta de propósito. Bons hábitos somente são desenvolvidos por meio de atos repetidos e nós não podemos nos disciplinar a fazer a mesma coisa repetidas vezes com algum grau de inteligência se não o fizermos sistematicamente.
​É necessário, principalmente no início de nossa vida espiritual, fazer coisas determinadas em momentos preestabelecidos: orar em dias certos, orar e meditar em horas definidas do dia, exame regular de consciência, regularidade no atendimento aos sacramentos, aplicação sistemática aos deveres de sua vocação, particular atenção às virtudes que nos são mais necessárias.
​Desejar uma vida espiritual é, portanto, desejar disciplina. De outro modo, nosso desejo é uma ilusão. É verdade que se espera que a disciplina nos leve, finalmente, à liberdade espiritual. Assim, nosso ascetismo deve nos tornar espiritualmente flexíveis e não rígidos, pois rigidez e liberdade não andam juntos. Mas nossa disciplina deve, de todo modo, ter um certo elemento de severidade nela. De outro modo ela nunca nos livrará das paixões. Se não formos firmes conosco mesmos, nossa carne logo nos enganará. Se não nos comandarmos severamente a orar e fazer penitências em tempos certos e definidos, e não nos determinarmos a manter nossas resoluções a despeito dos grandes inconvenientes e dificuldades, nós seremos rapidamente demovidos por nossas próprias desculpas e nos deixaremos levar por fraquezas e caprichos."

Thomas Merton, Ascetismo e Sacrifício, em Homem Algum é uma Ilha. Tradução de Fernando Saboia Vieira.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Sobre o Desânimo Espiritual


AS

QUATRO FACES

DO DEMÔNIO

DO MEIO-DIA

 

Fernando Sabóia Vieira

Brasília, setembro/novembro de 2009.

 

 


Brasília, DF, setembro de 2009, aD.

 

      Irmãos queridos,

 

      Este é um tema que tem ocupado meu espírito nos últimos anos, tanto em função de dramas que tenho acompanhado nas vidas de pessoas próximas, quanto em razão de lutas particulares minhas.    Li várias coisas, tenho reunido algum material, conversado com muitos, orado e meditado.    É um assunto que considero difícil e vasto, mas muito importante em nossos dias e sobre o qual a igreja não pode se omitir.

      O texto que apresento é um primeiro ensaio sobre o desânimo espiritual, em quatro de seus aspectos ou manifestações: o desespero, a depressão, o pânico e a apatia. Não se trata de uma classificação técnica, feita com rigor conceitual, mas de uma compreensão inicial desse estado de alma, formulada a partir de alguns textos bíblicos e sujeita, certamente, a críticas e aperfeiçoamentos. Procurei ser objetivo e sintético. Alguns pontos importantes estão apenas superficialmente tratados e outros nem foram mencionados. Ainda assim, o trabalho ficou mais longo do que o esperado. Espero que isso não “desanime” os potenciais leitores.

      Também tenho consciência de que algumas afirmações que faço poderão não ser consensuais. Não pretendo, no entanto, pugnar por nada que não esteja claro nas Escrituras. Gostaria de receber, assim, daqueles que se dispuserem a ler, comentários, correções, críticas e sugestões. Peço desculpas por não indicar algumas fontes no texto. Quis apenas dar mais fluidez à dissertação, mas disponho de todas e posso indicar a quem se interessar.

      Finalmente, o principal motivo de apresentar esse estudo é minha esperança de que as verdades bíblicas nele expostas possam, mediante a ação do Espírito Santo, consolar, animar, curar, restaurar, vivificar, transformar e santificar aqueles que lutam, muitas vezes em silêncio e solidão, contra o malsinado “demônio do meio-dia”.

      Ao Senhor, toda a glória.

      Que a Graça de Jesus seja com todos.

 

      Fernando Sabóia Vieira


 

AS QUATRO FACES DO DEMÔNIO DO MEIO-DIA

 

(Fernando Sabóia Vieira, BsB,DF, 2009, aD)

 

 

         Um breve ensaio bíblico sobre o desânimo espiritual e algumas doenças de alma dele decorrentes: o desespero, a depressão, o pânico e a apatia.

 

 

I – INTRODUÇÃO: O DEMÔNIO IDENTIFICADO

        

 

Estresse. Ansiedade. Tédio. Desmotivação. Sofrimento. Desânimo. Tristeza. Medo. Pânico. Apatia. Angústia. Desespero. Depressão.

Palavras do vocabulário moderno relacionadas com um estado de alma que, na verdade, sempre acompanhou a existência humana e que foi, há muito, reconhecido, identificado e tratado pelos mestres espirituais da igreja, pelo menos desde os chamados “padres do deserto”, movimento ascético ocorrido por volta do século III.

Esses homens, que se retiraram de cidades já secularizadas e moralmente contaminadas por uma religiosidade superficial e comprometida com o mundo, indo em busca de uma comunhão mais intensa com Deus, vivendo isolados ou em pequenas comunidades, chamaram a essa condição espiritual de demônio do meio-dia, pois a consideraram relacionada com a chegada da maturidade, da fase da vida em que as pessoas se vêem desgastadas com o caminho já percorrido e sem perspectivas de novos estímulos e conquistas.

Aqueles que são acometidos por essa enfermidade de alma, assolados por esse demônio, sentem-se desmotivados, presos às escolhas que já fizeram, aborrecidos e entediados com suas rotinas, das quais, no entanto, não conseguem se livrar.

Desgastados com o passado e desanimados quanto ao futuro, contabilizam suas perdas e frustrações e não têm esperança de recuperação ou de um novo tempo. Tudo o que se lhes apresenta à frente é a mesmice, a decadência, a velhice e a morte.

Segundo esses santos do deserto, o que torna esse demônio particularmente perigoso é que o azedume, a apatia, a tristeza, o medo e o desânimo instilados por ele contaminam toda a vida, solapando a espiritualidade, as emoções, os relacionamentos e até mesmo a saúde física. Conduzem a uma paralisia de alma, a um definhamento da pessoa, a uma renúncia à existência.

        

 

II – O DEMÔNIO DO MEIO-DIA E A MODERNIDADE

 

 

Talvez se possa dizer que essa doença da alma se tornou epidêmica em nossa geração, atingindo pessoas de todas as idades e condições sociais, provocando quadros agudos, não raro fatais, em violento contraste com os progressos das atuais ciências da saúde.

Muitos fatores da modernidade, a nosso ver, contribuem para isso.

A perda de valores pessoais, substituídos pelo materialismo e pelo racionalismo, tem produzido uma geração solitária e emocionalmente imatura, presa a objetivos de vida que negam sua própria identidade e natureza como seres humanos.

A precariedade dos relacionamentos, com a desestruturação dos núcleos familiares e comunitários, especialmente nas grandes cidades, também contribui para a perda da dimensão pessoal da vida e para a solidão.

Outro fator que pode ser apontado no mesmo sentido é a despersonificação do indivíduo nas multidões, nos movimentos de massa, nos tratamentos estatísticos e sua redução a “papéis” sociais, como cidadão, eleitor, consumidor etc.

A insegurança e a violência tanto social quanto doméstica são por si mesmas condições favoráveis ao surgimento e aprofundamento de quadros de desânimo.

Outro aspecto a ser considerado é a competição presente nas relações sociais desde a infância, levando a pessoa a associar a idéia de sucesso e de valor pessoal a sua performance comparativa. Assumimos escalas de status social, nos comparamos com os que estão ao lado e tentamos alcançar os que nos parecem à frente. Criamos expectativas e quando, com o tempo, não as vemos alcançadas, sofremos o desânimo, nos sentimos envergonhados diante dos outros e fracassados na vida.

O hedonismo e o egoísmo elevados à categoria de religião, com seus dogmas, sacrifícios e profetas e a filosofia humanista existencial, que proclama o homem como o centro de tudo e a transitória vida humana como experiência final dão o pano de fundo psicológico e conceitual de um estilo de vida que isola as pessoas, tira delas o significado e o sentido da vida e as aprisiona a uma existência fadada à decadência e à morte.

Esses são alguns dos elementos que fazem com que nossa civilização seja potencialmente patogênica para a estrutura psíquica do ser humano.

Não só poluímos bioquimicamente o planeta, mas também o poluímos espiritual e moralmente, tornando-o cada vez menos propício para uma vida saudável do corpo e da alma. Criamos uma civilização hostil a nós mesmos.

  

 

III – AS QUATRO FACES DO DEMÔNIO DO MEIO-DIA

 

Mas como enfrentar essa enfermidade da alma? Como resistir ao demônio do meio-dia? Como destruir suas obras malignas? Como desenvolver um estilo de vida que o mantenha à distância e nos aproxime do propósito para o qual fomos criados?

É evidente que essas perguntas demandam respostas mais profundas e completas do que as apresentadas nesta pequena reflexão. No entanto, um ponto de partida seguro é buscarmos nas Escrituras os fundamentos necessários para discernir esse espírito e expeli-lo, juntamente com seus feitos destrutivos.

Propomos, nesse sentido, uma primeira abordagem sobre o tema a partir de quatro diferentes termos bíblicos normalmente traduzidos todos por “desânimo”, nas versões correntes em português. Depois de apontá-los e de considerar seus significados, apresentamos, com base nas mesmas passagens onde são referidos, alguns fundamentos para uma vida saudável, livre dessa enfermidade.

 

Em 2ª Carta aos Coríntios 4:8, Paulo, diante das provações, perseguições, oposições e sofrimentos de sua jornada, se diz “perplexo, porém não desanimado”.  A palavra desânimo aqui tem o sentido de “sem saída”.

Com efeito, o aparente caos das circunstâncias da vida, a nossa impotência diante delas, nossa incapacidade de preveni-las ou mesmo de compreendê-las, as perdas que nos sobrevêm, os nossos pecados e más escolhas e suas conseqüências, os sofrimentos que nos são impostos por outras pessoas, tudo isso pode nos levar ao pensamento de que não há esperança para nós, de que não há solução. Não temos saída.

Essa idéia, tornada sentimento, instalada, aumentada e potencializada, arraigada na alma, tornada verdade final, produz o desânimo como desistência da luta, como derrota antecipada, como a aceitação passiva de um destino terrível e inevitável.

 

Eis uma das faces do demônio do meio-dia: o desespero.

 

No mesmo capítulo 4 dessa Carta, o apóstolo utiliza, nos versos 1 e 16, uma palavra traduzida por “desânimo” ou “desfalecimento”. Esse termo transmite a idéia de “quebra”, de perda de integridade, de desfuncionalidade produzida por desgaste ou por trauma.

A alma humana saudável desenvolve várias funções essenciais à existência, como o pensamento, a consciência moral, a cognição, as percepções e as emoções. Para isso, ela dispõe de recursos e potencialidades que lhe possibilitam tanto desenvolver-se (amadurecer emocionalmente, por exemplo), quanto lidar com as adversidades e desafios (instinto de autopreservação, por exemplo).

Desse modo, numa pessoa sã, o medo representa proteção contra perigos reais, e não paralisia diante de circunstâncias imaginárias; o desejo é um impulso vital, e não uma obsessão destrutiva.

Para que isso ocorra, no entanto, é necessário que o mundo interior do indivíduo esteja centrado em valores espirituais eternos, que possam dar sentido e significado à vida e servir de fundamento e direção para as suas diversas funcionalidades e atividades.

Vale dizer, a alma humana foi feita para ser comandada e dinamizada pela comunhão com Deus, orientada para as realidades e valores do Seu Reino eterno. Nada menos do que isso poderá servir como fundamento e direção para uma existência pessoal significativa e relevante.

Ocorre que as pressões da vida, os conflitos, as dificuldades, a falta de perspectivas, de esperança e a incredulidade, assim como os cuidados e os prazeres, as seduções do mundo e as cobiças da carne, podem levar a pessoa para longe desse centro espiritual, produzindo desequilíbrios, culpas, conflitos morais e, finalmente, traumas, “fraturas” na alma, que, não raro, atingem também o corpo.

Essas experiências, por sua intensidade ou constância, podem tornar a alma desfuncional, incapaz de lidar com as demandas e desafios à sua volta, mesmo aqueles mais cotidianos.

Como uma perna quebrada não permite caminhar e, se não for tratada, pode atrofiar e perder definitivamente sua funcionalidade, a alma “quebrada” pode ir definhando e perdendo suas potências e faculdades até um estado de incapacitação total para a vida.

 

Assim, outra face do demônio do meio-dia é essa, a depressão.

 

O texto seguinte que consideramos é o de 1ª aos Tessalonicenses 5:14, onde se lê, nas diversas versões disponíveis, “desanimados”, “tímidos”, “desencorajados”, como traduções de uma palavra que significa, literalmente, alma “débil”, “apequenada” ou “encolhida”.

A existência neste mundo é, de fato, repleta de perigos. De modo geral, conseguimos um equilíbrio entre o enfrentamento e a cautela e lutamos, cada um a seu modo, os combates da vida.

No entanto, essas lutas, por vezes, se apresentam tão terríveis, especialmente no contexto já descrito de nossa modernidade, que algumas pessoas são tomadas de temores desproporcionais e irreais. Suas almas se encolhem, recuam timidamente diante dos perigos e inimigos, reais ou não, fazendo com que elas deixem de ter uma vida normal.

Elas podem até compreender, racionalmente, que suas reações de medo são despropositadas ou exageradas, mas não encontram mais em suas almas as condições emocionais e psicológicas necessárias para aceitarem os desafios e riscos normais da vida, ou, menos ainda, de uma vida santa que possa agradar a Deus.

O sentimento que as domina é o de que, a qualquer momento, algo terrível vai acontecer e de que, de algum modo, elas mesmas atraíram e merecem os males e sofrimentos que virão.

Aqui, infelizmente, a espiritualidade mal compreendida pode ser um fator adicional de pressão extremamente forte, impor pesos excessivos de culpa e levar ao sentimento de condenação, tornando o temor a Deus, que é uma expressão do nosso amor por Ele, em puro medo, que é sua antítese.

 

Encontramos, aí, uma terceira face do demônio do meio-dia: o pânico.

 

Finalmente, em Colossenses 3:21, aparece uma outra descrição do desânimo, representada por uma palavra transliterada para o português e usada em linguagem técnica: a atimia.

Significa ausência completa de desejo, de motivação, de prazer ou de qualquer outro sentimento. É uma espécie de “coma” da alma.

O desespero, a depressão e o pânico, com seus condicionantes e conseqüências, podem produzir um efeito tão devastador no psiquismo da pessoa ao ponto de levá-la a um estado de total indiferença em relação à existência.

O fato é que nós, seres humanos, fomos criados para vidas com significado e relevância. Desejamos o bem, a alegria, a beleza, o amor. Quando essas coisas nos são sistematicamente negadas ou violentamente suprimidas, perdemos a motivação para seguir vivendo. Não temos mais nenhuma atração pelo mundo e não temos esperança de uma vida  satisfatória em qualquer aspecto ou sentido. Experimentamos a morte, mas não a ressurreição.

 

Deparamo-nos, então, com a outra face do demônio do meio-dia, qual seja a apatia.

 

Não é nosso propósito aqui oferecer uma análise sistemática e rigorosa de cada uma dessas faces, mesmo porque carecemos de qualificação para tanto.  Ademais, desconfiamos que esse demônio possa se apresentar ainda sob outras máscaras e facetas. Pouco importa. A idéia é tão somente traçar um primeiro esboço desse quadro doloroso e complexo que seja suficiente para nos possibilitar a identificação de sua existência ou aproximação e que nos dê caminhos para evitar sua instalação ou buscar sua reversão.

 

Talvez seja interessante destacar, desde logo, as três disciplinas básicas recomendadas pelos padres do deserto para combater o demônio do meio-dia.

 
A primeira orientação é no sentido da persistência na oração, mesmo em meio à secura de alma e diante da aparente falta de efeito. Quando estamos desanimados, rapidamente abandonamos a oração, pois não mais encontramos prazer nela e nos parece incoerente orar sem sentir qualquer desejo de estar em comunhão com Deus. No entanto, é essencial continuar orando, pois é nesses momentos que experimentamos a intercessão sobrenatural do Espírito Santo.

 

A segunda recomendação é a leitura, meditação e memorização de textos bíblicos, uma vez que a exposição à Palavra de Deus tem o poder de alimentar a alma e de restaurar o ânimo. Ela é viva e eficaz, transmite a vontade e também o poder de Deus, chama à existência o que ainda não está lá.

 

Finalmente, entendiam eles ser fundamental, nesse contexto, a pessoa que enfrenta o demônio do meio-dia se submeter a um irmão como conselheiro, confessor ou mentor, uma vez que quem enfrenta tal aridez não pode ficar sozinho  nem confiar no próprio discernimento. Precisa se submeter à disciplina da igreja concretizada em um vínculo pessoal definido e próximo.

 

 
IV – RESISTINDO AO DEMONIO DO MEIO-DIA

 
 

Dos capítulos 3 a 5 da 2ª Carta de Paulo aos Coríntios, podemos depreender alguns dos fundamentos de sua vida que lhe davam confiança e ânimo, afastando o desespero e a depressão, e que são igualmente verdadeiros para nós.

 

 

1)   O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO: PODER ESPIRITUAL, NÃO ESFORÇO HUMANO

 

 

“... porque a letra mata, mas o Espírito vivifica.”

“... como não será de maior glória o ministério do Espírito!”

“... somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”

 

 

Paulo bem conhecia a ineficácia da religião para transformar, salvar e dar significado à vida. Esse era um caminho que ele mesmo havia percorrido arduamente sem sucesso.

Agora, em Cristo, ele havia experimentado algo muito diferente, que o enchia de ânimo: o poder vivificador e transformador do Espírito Santo atuando em seu ser, dirigindo seus passos e comandando todas as circunstâncias da vida de acordo com o propósito eterno de Deus.

Muitos “fraturam” a  alma e se desesperam tentando fazer a vida funcionar, enfrentando com as próprias forças físicas e morais as adversidades, buscando a felicidade em si mesmos ou no mundo, ou, ainda, querendo ser santos e bons por meios humanos.

Esse é um caminho danoso. Nosso ânimo e confiança devem proceder do fato de que Deus tem um propósito e Ele mesmo o cumprirá. Para isso Ele deu o Seu Filho e enviou o Seu Espírito. Como escreveu Paulo, aquele que começou boa obra em nós vai completá-la até o dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:6).

Ele tem o controle de todas as circunstâncias da vida, mesmo daquelas que nos parecem caóticas e injustas. O propósito que nos governa é do Senhor, concebido deste antes da fundação do mundo, e Ele é poderoso para realizá-lo. Esse é o ministério do Seu Espírito.

Nós não podemos, impunemente, desempenhar o papel de Deus, nem nas nossas vidas, nem diante das circunstâncias do mundo. Se tentarmos viver assim, vamos “quebrar” física e emocionalmente. É Ele, o Criador e Sustentador de todas as coisas, que vive e reina, que está no trono e não está “nervoso”, inseguro ou inquieto. Não está atrasado nem adiantado, mas sempre agindo no Seu tempo determinado.

Quanto a nós, temos que nos entregar ao Seu governo e encontrar, assim, descanso para a alma e ânimo para a caminhada. Temos que nos lembrar constantemente do convite de Jesus: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregado e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas” (Mateus 11:28-30).

Jesus sabia que seus discípulos seriam freqüentemente assaltados por medos e temores após Sua partida e teriam o coração turbado por dúvidas e sentimentos confusos (João 14:1). Sabia que eles não poderiam enfrentar sozinhos os desafios que viriam, de viverem santos e de realizarem a tarefa de proclamar o evangelho e edificar a igreja. Por isso enviou o “outro Consolador”, o Espírito da verdade, que habitaria neles para ensinar, animar, conduzir.

Nossas vidas precisam ser completamente cheias do Espírito, para que não sejamos vencidos pelo desânimo da religião e do esforço próprio.

 

 

 

2)   A MISERICÓRDIA DE DEUS MANIFESTADA EM NOSSAS VIDAS

 

 

“... segundo a misericórdia que nos foi feita...”

 

 

Como tudo isso chega até nós? Pela misericórdia de Deus. Não por nosso esforço ou merecimento, mas por Seu amor e graça.

Nisso está nossa confiança e segurança, daí procede nosso ânimo: Ele nos amou primeiro e, sendo nós ainda pecadores e rebeldes, deu o Seu Filho para morrer por nossos delitos e transgressões.

Se dependesse de nós seria sempre inseguro e frágil. Mas a misericórdia de Deus procede d’Ele mesmo, de seu Ser santo e infinito, do Seu amor e perfeição, e não das débeis e corrompidas criaturas que nos tornamos por causa do pecado.

Todo o testemunho das Escrituras é de que o amor de Deus é fiel, constante e pleno de misericórdia. Nas palavras de Jeremy Taylor,

 

 

“a misericórdia de Deus está acima de todas as Suas obras e acima das nossas. Ela é maior do que a criação e maior do que os nossos pecados. Como Sua majestade, assim é Sua misericórdia: sem medidas e sem regras, assentada nos céus e enchendo todo o mundo... A justiça de Deus se curvou diante de Sua misericórdia, Sua onisciência se converteu em cuidado e Sua vigilância em providência e atenção em socorro do homem”.

  

É nessa misericórdia que esperamos e só nela podemos encontrar ânimo e coragem diante de nossas debilidades e pecados e diante dos perigos, adversidades e desafios da existência.

Muito facilmente podemos, após convertidos, colocar os padrões e mandamentos do Senhor acima de Sua graça e reintroduzirmos o legalismo estéril na vida da igreja.

Um dos fundamentos da vida de Paulo era a consciência que ele tinha de ter sido alcançado pela graça e misericórdia de Deus, a despeito de sua vida soberba e independente e de ter perseguido a igreja. Isso o enchia de amor a Deus e de ânimo para enfrentar tudo.

Se o Senhor o havia favorecido de modo tão tremendo, como poderia ele agora recuar diante de qualquer circunstância ou adversidade?

Muitas pessoas abatidas pelo demônio do meio-dia sofrem sob o peso de acusações que fazem a si mesmas e perdem a esperança por conta dos próprios fracassos. Acham que falharam com Deus, consigo mesmas e com as pessoas a quem amam e que, agora, nada mais resta, senão o juízo do Senhor sobre elas.

Essa é uma mentira que precisa ser fortemente combatida.

Nada do que façamos, a pior vilania, o maior crime, a mais abjeta ação, nada pode nos colocar fora do alcance da misericórdia de Deus, pois o preço pago pelas nossas transgressões foi altíssimo e suficiente: o sangue de Jesus. Só nós mesmos podemos nos excluir dela, pela falta de arrependimento e de fé.

Quando Jeremias se viu profundamente abatido, angustiado, com todo o peso do pecado de sua geração sobre ele e vendo o juízo de Deus se abater sobre o seu povo só pôde encontrar consolo na misericórdia do Senhor, que se renovam continuamente, a cada manhã (Lamentacões 3:1-24).

Paulo foi um homem vencido pela graça de Deus. Ele aprendeu de forma contundente o que significa “misericórdia quero, e não sacrifício”. Tudo o que sua vida de fariseu havia produzido fora vaidade e orgulho. Em sua cegueira e arrogância, tornara-se mesmo perseguidor da igreja.

No entanto, ao invés de se perder em remorsos e em desânimo, ele permitiu que a graça de Deus operasse poderosamente em sua vida (1a aos Coríntios 15:10).

Não podemos nos esquecer que nunca é uma questão de merecimento, mas sempre é graça e misericórdia de Deus: nossa salvação, nossa santificação, nossa perseverança, nosso serviço, nossa adoração, tudo vem d’Ele e é para Ele.

Não devemos desanimar jamais, pois “sua misericórdia dura para sempre”.

 

  

3)   CONSCIÊNCIA DA NOSSA PRÓPRIA FRAQUEZA E DO PODER DE DEUS QUE OPERA EM NÓS

 

 

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.”

 

 

Precisamos ter uma clara consciência de nossa pequenez, limitações, fragilidades e pecados, assim como da excelência e magnitude do poder que atua em nós e por meio de nós, proveniente do Espírito Santo.

Essas duas convicções precisam ser igualmente intensas em nossas vidas, sem jamais uma anular a outra.

Nossas fraquezas não são desculpas nem limitações para Deus. Ao contrário, reconhecê-las é condição necessária para que Seu poder se manifeste e atue em nós.

De outra parte, a atuação da virtude do Espírito nas nossas vidas jamais nos deve levar à idéia ou ao sentimento de auto suficiência ou mesmo de que  possamos dar conta de qualquer coisa nas nossas vidas.

Uma e outra atitudes são falsas e causarão danos à nossa alma, pois produzem ilusões sobre nós mesmos e nos levam a estilos de vida que não se sustentam.

De um lado, há os que, seduzidos pela soberba, tendem a confiar em si mesmos e a não depender de Deus. Buscam seus próprios reinos movidos por seus próprios espíritos. Logo as adversidades, oposições e fragilidades da vida fazem ruir o que constroem e é grande o dano resultante em suas almas, com dores, amarguras e frustrações.

De outro, há os que, pretextando humildade, desprezam-se, autocondenam-se, fazem-se juízes de si mesmos. Essa aparente piedade nega o poder de Deus e não permite que Ele toque nas áreas da vida e do caráter que Ele quer curar e transformar. A autocondenação é, muitas vezes, a última trincheira do orgulho.

Um cristão não se autojustifica nem se autocondena. Ele não é seu próprio juiz. O não e o sim ele recebe apenas do Senhor, a quem pertence.

Somos pequenos, fracos, inadequados, pecadores, indignos da presença de Deus. Mas o Senhor Todo Poderoso, que criou os céus e a terra nos predestinou e chamou para viver Seu propósito eterno. Que poder no universo poderá se interpor entre nós e o que Ele decidiu fazer (Romanos 8:28-39)?

Só podemos viver de modo coerente e saudável sustentando e experimentando ambas as verdades: a da nossa fraqueza e a do poder de Deus.

O que une esses extremos? Nos ensina Juliana de Norwich que é o amor de Deus:

 

“Também nessa visão ele me mostrou uma coisa muito pequenina, do tamanho de uma noz, na palma da minha mão, redonda como uma bola. Olhei para aquela pequena coisa com os olhos do meu entendimento e pensei: “o que poderia ser isso?” E me foi respondido, então: “isso é tudo o que foi criado”. Eu me admirei de como tal coisa poderia subsistir, porque conjecturei que poderia, de repente, desaparecer, de tanta pequenez. E me foi respondido, no meu entendimento: “ela subsiste e sempre subsistirá porque Deus a ama”. Então, tudo tem o seu Ser por causa do amor de Deus.”

 

O Senhor nos amou e entregou Seu Filho para morrer por nós, quando ainda éramos pecadores. Ele já investiu o que tinha de mais precioso. Como não nos dará todas as demais coisas? Como não nos socorrerá em nossas debilidades?

Amados, essa é para nós uma fonte inesgotável de ânimo e de esperança.

 
 

4)   MORRER E VIVER EM CRISTO: O SENTIDO TRANSFORMADOR DO SOFRIMENTO

 

 

“... levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.”

 

 

Uma das principais fontes de doença de alma nos nossos dias é a não compreensão e não aceitação do sentido e do papel do sofrimento na existência humana.

As dores e os sofrimentos, físicos ou morais, e o seu desfecho inevitável, que é a morte, parecem, no mundo humanista moderno, as provas finais da falta de sentido da vida e da inutilidade de qualquer esforço ou realização.

O homem moderno repete com desconsolo e mesmo com desespero as instigantes palavras do Pregador do Eclesiastes: “tudo é vaidade e correr atrás do vento”. A existência sem Deus, sem uma realidade transcendente, é uma amarga ironia: quando nos agrada, termina; quando nos é dolorosa, desejamos o fim.

Nem mesmo a concepção da existência de Deus afasta, por si só, o questionamento acerca do sofrimento humano. Ao contrário, de certo modo, o aprofunda.

Por que um Deus poderoso e bom deixa suas criaturas sofrerem, mesmo aquelas que O amam e que foram por Ele recebidas na Sua família como filhos amados?

Conquanto não tenhamos a pretensão de oferecer respostas definitivas a esse questionamento, algumas verdades bíblicas devem ser afirmadas e a experiência delas pode nos conduzir a uma vida cheia de ânimo e de esperança, mesmo diante do sofrimento.

Uma primeira verdade a ser declarada é que o sofrimento humano é conseqüência do pecado de nossos primeiros pais, da alienação de Deus, de si mesmo, dos semelhantes, do sentido da vida e do próprio planeta que sua desobediência provocou. É, assim, uma experiência da raça, independentemente da ação dos indivíduos, e não procede do Criador.

Se o homem, inimigo de Deus, de si mesmo, de seus semelhantes e da criação, conseguisse construir um mundo de prazeres a despeito de sua maldade, estaria condenado, fatalmente, ao inferno, pela justiça de Deus, sem sequer jamais se dar conta de que ele mesmo traçou esse destino.

Como escreveu C. S. Lewis,

 

“Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nosso sofrimento: ele é o seu megafone para despertar um mundo surdo.”

 

E para nós, os que cremos? Se já ouvimos a Deus e nos arrependemos, fomos perdoados e regenerados, aceitos como filhos, por que ainda sofremos?

Algumas repostas podem ser aqui sugeridas.

Sofremos porque o mundo sofre e nós permanecemos nele, para anunciar a salvação de Deus. A igreja imita seu Senhor, que veio aqui viver e sofrer nossas dores e assim nos salvar.

Sofremos porque Jesus precisa ser formado em nós e, para isso, temos que morrer para nós mesmos e renunciar ao mundo com seus prazeres e realizações.

Sofremos porque o Espírito de Jesus em nós sofre por um mundo perdido e indiferente a Deus.

Sofremos porque o mundo nos odeia e nos rejeita na exata medida que amamos o Senhor e O anunciamos.

Sofremos porque permanecemos numa existência carnal, sujeitos às paixões do pecado e aos desacertos que ele provoca em nós e nos nossos relacionamentos.

Sofremos porque fomos chamados a amar e “o amor tudo sofre”, não consegue ficar indiferente às aflições dos semelhantes e às tragédias provocadas pela insensatez e maldade dos homens.

Sofremos. Levamos o morrer de Jesus cada dia. Para nós, no entanto, todo sofrimento tem um propósito em Deus. Não se trata de um sentido imediato e circunstancial. Trata-se, sim, do plano eterno de Deus de ter uma família de filhos parecidos com Jesus.

O Senhor está se dedicando, nesses dias, a produzir santos, a partir de pecadores como nós, num mundo pervertido e incrédulo. Esse jamais será um processo indolor.

Precisamos entender que esse é um caminho de Deus, e não um mero produto de uma existência caótica. Esse morrer e viver em Cristo, no entanto, só será perfeitamente consumado na eternidade. Neste mundo não teremos todas as explicações e nem colheremos todos os benefícios de nossas lutas e provações.

 

Por ora, o essencial é termos plena certeza de que, se nos unimos a Ele na sua morte, também estaremos unidos com Ele na sua ressurreição. Nessa jornada até lá, conheceremos Sua graça suficiente, desfrutaremos de Sua especial presença consoladora e seremos transformados, moldados, santificados.

Esse é um aspecto decisivo na luta contra o demônio do meio dia.

O ministério do Espírito Santo em nossas vidas inclui o sofrimento, tanto aquele advindo de nossos pecados e escolhas quanto aquele produzido pela maldade humana, pelo inimigo ou pelo caos da vida.

Nesse passo, temos que enfrentar alguns sofismas e mentiras forjadas pelos nossos adversários. Em particular, nos referimos a duas famílias de doutrinas muito propagadas em nossa geração.

A primeira, de roupagem pseudo cristã, a que anuncia um evangelho humanista, voltado para o conforto nesta vida, onde se oferece salvação, saúde, prosperidade, bem-estar, satisfação emocional e sucesso pessoal em troca do exercício de uma fé que se concretiza, principalmente, por meio de um investimento financeiro.

Essa doutrina pretende se basear em interpretações arbitrárias das Escrituras, de onde se inferem conceitos e promessas absolutamente estranhos ao evangelho de Jesus e ao ensino dos apóstolos. Tudo embalado num espiritualismo místico que reúne elementos de demonologia pagã e rituais bizarros que não têm nenhum respaldo bíblico.

Não se fala em pecado, arrependimento, conversão, reino de Deus ou santidade. Apenas em realização pessoal e conforto emocional e material.

As pessoas são atraídas por promessas ilusórias, submetidas a intensas pressões psicológicas e emocionais, expostas a demônios e enganadas sobre suas reais necessidades, o que, tudo junto, configura um ambiente fortemente causador de enfermidades de alma.

A segunda família de doutrinas é representada pelas elaborações e terapêuticas sugeridas e aplicadas pelas psicologias do self, isto é, do eu voltado para si mesmo.

Em resposta às pressões e aos abalos que a modernidade trouxe para a vida psicológica e emocional das pessoas, o humanismo, instrumentalizado por alguns ramos do conhecimento, sugere como solução o fortalecimento do ego e sua capacitação para se afirmar e para buscar a realização de seus desejos e projetos, a despeito das adversidades.

No entanto, como não se reconhecem verdades e valores absolutos, fica sem solução o problema fundamental do homem, que é sua culpa moral verdadeira, advinda de sua rebelião contra Deus e das afrontas ao padrão moral requerido por Ele. Do mesmo modo, ficam sem tratamento adequado as conseqüências dessa disposição mental ímpia no caráter e relacionamentos humanos, muito bem descritas em Romanos, capítulo 1.

 

 

A cura essencial do ser humano, sua salvação, só pode acontecer mediante sua reconciliação com Deus, por meio da graça e do perdão oferecido pelo sacrifício de Jesus. Dessa restauração procedem as demais, como a do caráter, dos relacionamentos e do sentido da vida.

Não resolvida a questão da culpa, os sentimentos de remorso, os conflitos de consciência e as más experiências da vida produzem distorções no caráter e na personalidade, tornando a alguns endurecidos, encastelados na soberba, e a outros “quebrados”, esmagados pela autocondenação ou autocomiseração.

O que essas duas famílias de doutrinas têm em comum é que ambas negam a cruz de Cristo, que é a única fonte de salvação e cura para o homem.

Elas pretendem manter e reforçar o que Deus quer aniquilar no homem: a soberba, o egoísmo e a independência; e impedem que se produza o que Ele quer gerar: santidade, amor, obediência.

Só a cruz produz paz com Deus e reconcilia o homem com seu destino eterno, colocando o centro de sua existência de volta ao único lugar de onde podem emanar vida, ordem, valores, significado, segurança e eternidade, vale dizer, o reino do Pai.

É a experiência do amor de Deus em Cristo Jesus a única que nos pode dar conforto e sentido ao sofrimento. Novamente Lewis:

 

“... quando é preciso suportar a dor, um pouco de coragem ajuda mais do que muito conhecimento, um pouco de simpatia humana tem mais valor do que muita coragem, e a menor expressão do amor de Deus supera tudo.”

 

 

5)   FÉ, E NÃO OTIMISMO

 

 

“... o mesmo espírito da fé...”

 

 

Todas essas realidades espirituais são operadas pela fé. Somos salvos mediante a fé e vivemos por fé.

Considerando que uma das principais manifestações do demônio do meio dia é a secura e aridez espiritual, é fundamental no combate a ele assumir uma postura de fé, isto é, de convicções e certezas, e suas conseqüentes práticas, não baseadas em sentimentos ou circunstâncias, mas na confiança em Deus, no relacionamento com Ele e na segurança de Sua palavra.

Na religião humanista vigente, a fé é facilmente confundida com otimismo, e muitos usam dessa muleta psicológica para seu próprio engano e prejuízo.

 

O otimismo é fruto da ilusão do homem com ele mesmo e com o mundo. É uma fuga psicológica e emocional irracional, fruto da necessidade que as pessoas têm de algo que lhes amorteça os pesados impactos dos dramas da vida.

Alguns recorrem às realizações pessoais, outros aos prazeres, há os que buscam as drogas etc. Muitos também buscam se encher da “fé em si mesmos”, de “pensamentos positivos”, misturando misticismo e filosofias humanistas.

Essa postura ingênua é rapidamente destroçada pelas dificuldades e conflitos da existência, gerando sua maléfica contraface que é o pessimismo, que abate e deprime a alma, produto das inevitáveis frustrações.

A fé nada tem com isso. Ela se fundamenta no conhecimento de Deus, na revelação de Seu propósito eterno e no Seu poder soberano para realizá-lo. A fé nos leva a um nível de conhecimento e percepção que vai além dos sentidos físicos e da razão. Ela nos descortina o mundo espiritual e lança luz sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre o sentido de nossas lutas, sobre os fundamentos de nossa esperança.

Por isso Paulo, na Carta aos Romanos, tendo proclamado a salvação e justificação pela fé, discorrido sobre a lei do Espírito e da vida, compreendido que todas as coisas estão sob o governo de Deus e revelado Seu propósito eterno, exclama: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

A fé não é cega. Ao contrário, ela nos faz enxergar, discernir as verdades fundamentais da existência humana. Ela ativa as funções espirituais da alma e a conecta com o poder do Espírito.

Precisamos desse escudo para anularmos os dardos inflamados do demônio do meio-dia.

6)   ESPERANÇA, E NÃO RESIGNAÇÃO

 

 

“...sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus...”

 

 

Resignação é fruto de nossa impotência, esperança é fruto do reconhecimento do poder de Deus.

Para muitos, a constatação da precariedade da vida, da sua falta de sentido e da própria impotência conduz à conclusão de que só o que resta é aguardar o inexorável fim de todas as coisas. Esse pensamento passa a contaminar toda a existência, produzindo, quando não o puro desespero, uma atitude de resignação.

Conquanto tenha algo de maturidade, no que significa a aceitação sem revolta dos fatos da vida, a resignação não chega a ser uma virtude, pois causa abatimento de alma e retira a relevância e o prazer de tudo, levando lentamente ao vazio e morte espirituais.

Nós, cristãos, não vivemos resignados, mas temos uma viva esperança de que seremos ressuscitados por Deus para uma existência eterna, alegre, significativa e gloriosa.

Essa é a “âncora” de nossa alma. Não aguardamos um desfecho inseguro e melancólico de nossas histórias. Ao contrário, sabemos que Cristo vive e nós vivemos n’Ele, e que o mesmo poder que operou na Sua vida e O ressuscitou dentre os mortos opera em nós e nos ressuscitará com Ele.

Nossa esperança e expectativa de estarmos com Ele não nos leva a desistir das lutas presentes. Ao contrário, nos dá forças e sentido para elas. Esperar em Deus nos alivia as cargas, torna mais fácil a caminhada e mais alegre a tarefa. Nos enche de gratidão e adoração.

Esperar em Deus é fundamental na luta contra o demônio do meio-dia. Como escreveu Thomas Merton,

 

“Se esperamos no Senhor não apenas saberemos que Ele é bom, mas experimentaremos em nossas vidas a sua misericórdia.”

 

Ora, o que pode temer alguém que experimentou o cuidado e a fidelidade de Deus em sua própria vida? Como não terá confiança no dia de amanhã?

A esperança é a fé olhando para adiante, é a projeção para o futuro do amor e da misericórdia de Deus, que é Eterno e jamais mudará. A igreja é alegre e celebrante, porque sabe em quem espera, e sabe que não tarda Aquele que virá.

  

 

7)   O INTERIOR, E NÃO O EXTERIOR

 

 

“Por isso não desanimamos: pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.”

 

 

A contemplação daquilo que murcha e perece produz desânimo. Principalmente quando se trata de nós mesmos o que vemos perder o vigor e a beleza!

Vivemos hoje uma ilusão de juventude eterna vendida pela medicina, pela indústria dos cosméticos e pela religião do culto ao corpo.

 

Além disso, somos induzidos a pensar que cada um de nossos dias pode ser repleto de prazeres, de confortos e de belezas. Temos à nossa disposição, para isso, continuamente, uma infinidade de sons, de imagens e de boas sensações físicas e emocionais proporcionadas pela mídia.

Sensualidade. A vida tomada e comandada por agradáveis e sedutoras sensações e emoções. Os “famosos”, os “ídolos” e notáveis que vivem cercados de riquezas, prazeres e “glamour” que todos querem imitar... No entanto, “toda carne é erva, e toda sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores...” (Isaías 40:6-7).

É irônico que a geração da beleza e juventude sem idade seja também a geração da depressão e do envelhecimento precoce da alma.

 

Sobre isso, disse A W Tozer, em sermão pregado no Canadá, referindo-se aos jovens desta geração:

 

“O pecado lançou sobres eles um inverno precoce. Eu mesmo já vi essas pessoas jovens em idade e jovens ainda no calendário, mas em cujos corações a neve (do inverno) já havia caído. É isso o que me entristece nos tempos atuais. Nossos jovens, inicialmente tão belos, vão ao mundo e não é necessário muito tempo para que tenham tudo vivido, conhecido todas as sensações nervosas e emocionais, que deveriam ter sido experimentadas ao longo de uma vida inteira; eles atravessam tudo de relance. E eu os vejo caminharem desgastados, nervosos, ruínas morais. O inverno está sobre eles, embora ainda sejam jovens. Nenhum cabelo branco em suas cabeças, mas a velhice no coração. Nenhuma ruga no rosto, mas neve na alma.”

 

Nosso corpo, assim como o mundo físico à nossa volta, tende ao desgaste e à corrupção. No entanto, se vivemos vidas dinamizadas pelo Espírito e voltadas para os valores eternos do Reino, podemos experimentar, embora a decadência exterior, a renovação interior.

Assim, os desgastes físicos e emocionais provados pelos desgastes e lutas da vida não terão o poder de nos abalar ou desanimar e, fortalecidos e renovados pelo Espírito, poderemos manter saudável, contente e funcional a alma.

8)   O ETERNO, E NÃO O TRANSITÓRIO

 

 

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória.”

 

 

Como Paulo pode falar em “leve e momentânea tribulação”, se sua vida, como ele mesmo descreve nessa Carta, era repleta de sofrimentos, perigos, perseguições e aflições? Peso e tempo são uma questão de escala, de comparação. Por que leve? Porque comparada com o peso da glória que nos está reservada. Por que momentânea? Porque os anos de nossa existência terrena são nada, comparados à eternidade.

Quando sofremos ou somos provados, tendemos a considerar essas experiências como absolutas e finais. Elas tendem a se tornar o centro de nossas vidas, assumindo dimensões tão grandes ao ponto de provocarem um completo abatimento de alma. Isso porque as vemos sob a perspectiva desta vida tão curta e passageira, na qual alguns anos já representam grande parte do tempo de que dispomos e as perdas tendem a ser definitivas.

Temos que pesar e avaliar essas tribulações comparando-as com a glória eterna. Era o que Paulo fazia e, assim, elas lhe pareciam de modo muito diferente, não sendo capazes de desanimá-lo. Problemas financeiros, enfermidades, relacionamentos decepcionantes e sofridos podem ser situações tão difíceis e demandadoras de nossa atenção que nos pareçam extremamente pesadas e duradouras.

De fato, se concentramos nosso olhar nelas, assim o serão, pois não temos em nós mesmos condições para enfrentá-las. No entanto, se contemplamos a riqueza de nossa herança em Jesus e olhamos firmemente para Ele poderemos, como o fizeram homens e mulheres ao longo da história, passar por essas provações com fé, coragem e gratidão a Deus.

Não é fácil para nós, criaturas prisioneiras do tempo e tão frágeis, vivermos em função de algo que não vemos e que nos está proposto para a eternidade. Nossos horizontes naturais são muito mais curtos. Mas essa é uma operação do Espírito Santo em nós, nos revelar as realidades eternas e nos conduzir na direção delas.

Fomos feitos para a eternidade. Se não compreendemos essa vocação e não orientamos a vida nesse sentido, adoecemos e desanimamos. Violamos o centro espiritual de nosso ser, desconsideramos algo essencial em nossa natureza, que é a necessidade de comunhão com o Deus que nos criou a Sua própria Imagem e para Ele mesmo.

Lembramo-nos de Santo Agostinho:

 

“Fizeste-nos, oh Deus, para ti mesmo, e nossos corações não descansam enquanto não encontram repouso em ti.”

9)   ENVOLVIMENTO COM A OBRA

 

 

“De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.”

 

 

Buscar o reino de Deus em primeiro lugar é uma das receitas de Jesus contra a ansiedade. Considerar a importância e o valor do ministério que recebera do Senhor trazia motivação e sentido para a vida de Paulo. Também nós recebemos a mesma ordem do Senhor, de pregarmos o evangelho e fazermos discípulos.

Não existe ocupação mais importante no mundo e nós temos o privilégio de participar disso. Livrar as pessoas da condenação eterna, falar-lhes do amor de Deus, apresentar a elas a possibilidade de cura e restauração e de uma vida eterna supera qualquer projeto de vida que pudéssemos conceber.

Muitas vezes o desânimo vem de se viver uma vida de fato vazia de propósito eterno. Projetos pessoais e conquistas materiais não suprem isso. Nem mesmo realizações profissionais, intelectuais ou artísticas.

Ao final de cada etapa, mesmo das bem sucedidas, existe a consciência da precariedade e da futilidade do que fizemos. Alguns, só após longos anos e lutas, descobrem que “correram atrás do vento”.

Quando, no entanto, nos envolvemos com o projeto de Deus sabemos que nosso trabalho e esforço não é vão. Produz resultados eternos.

Se abrirmos nossa alma ao perdido e necessitado, nossa cura não demora a aparecer. Se nos voltamos para nós mesmos e só nos ocupamos com nossa própria vida, adoecemos e perdemos a motivação para viver cada dia.

Se nos dispomos a obedecer ao Senhor e realizar Sua obra, anunciando o Reino, fazendo discípulos e edificando Sua igreja, Ele nos suprirá de força, coragem e capacitação. Exercitaremos nossas faculdades espirituais e amadureceremos.

Também poderemos ter a confiança de que Ele está cuidando de tudo na nossa vida, nos acrescentando as coisas de que necessitamos.

Caso contrário, assumimos o governo de nossa existência com todas as inseguranças e riscos que isso envolve. Só poderemos contar com nós mesmos e com nossas forças e capacidades.

Não demorará a que o desgaste, a fraqueza e a apatia tomem conta de nossas vidas.

Deus sustenta aqueles que se comprometem com Ele. Ele mesmo os defende, guarda e alimenta.

 

 

10)               UMA PALAVRA PARA OS PAIS, NATURAIS E ESPIRITUAIS

 

 

Pais, não tornem seus filhos apáticos (Colossenses 3:21)!

 

Não raro nós, pais, no afã de vermos nossos filhos ordenados e formados nos padrões do Reino de Deus, os enchemos de regras, cobranças, ameaças, exigências e pesos. Eles querem nos agradar, mas sentem-se incapazes de fazer isso diante de tantas demandas. Irritam-se. Podem se tornar atímicos, apáticos, desanimados.

São, por vezes, disciplinados e obedientes, mas não têm prazer nisso, não desenvolvem amor ao Senhor e a Sua vontade, pois não vivem sob Sua graça  e misericórdia, mas sob a lei dos pais.

Certamente que temos que ensinar nossos filhos, estabelecer padrões, ditar regras, exigir obediência e corrigi-los quando necessário. Mas, acima de tudo, temos que ensinar-lhes a amarem a Deus, levá-los a conhecerem a bondade, a misericórdia e a graça de Deus em suas vidas, ao ponto de que eles tenham satisfação e prazer em agradar ao Senhor.

Deus nos fez livres. Sem liberdade não existe amor, pois amar é uma escolha, um compromisso assumido livremente. Deus quer adoradores que o adorem em espírito e em verdade, e não “robôs” desprovidos de vontade, de inteligência e de sentimentos. Não podemos esperar que as crianças aprendam a andar sem tomar uns tombos e nem que aprendam a comer sozinhas sem fazer sujeira.

Também não podemos achar que serão homens e mulheres espirituais se não tiverem espaço para fazerem suas escolhas e para exercitarem suas faculdades de alma.

Se quebrarmos totalmente suas vontades, como vão querer Deus?

Se se tornarem pessoas desprovidas de sentimento, de motivação e de capacidade de escolha, como vão escolher amar a Deus de todo coração, de toda alma e de todo entendimento?

Do mesmo modo com os discípulos. Não devemos ser representantes do juízo de Deus na vida deles, pois a ninguém foi dada tal tarefa. Devemos, sim, ser instrumentos da misericórdia do Pai nas vidas dos que andam conosco. Senão vamos produzir peso e desânimo. Eles devem ver em nós esperança, fé e amor ao Pai.

Temos que formar uma geração de jovens saudáveis, alegres, produtivos, criativos, capazes de se envolverem com as pessoas, de se doarem ao Reino, de se relacionarem em amor e santidade, de formarem famílias sólidas e cheias da presença de Deus.

 
 

11)               UM MINISTÉRIO PARA A IGREJA

 

 

Animem-se uns aos outros, especialmente os débeis (1ª aos Tessalonicenses 5:14)!

 

A igreja tem os recursos espirituais necessários para vencer o demônio do meio-dia. Em Cristo, no poder do Espírito Santo Consolador, encontramos não apenas respostas para nossas dúvidas e perplexidades, mas a fonte da vida eterna, que é o conhecimento de Deus, a comunhão com Ele.

Isso precisa fluir no Corpo. Temos que, constantemente, falar uns aos outros sobre as coisas que podem nos trazer esperança. Já somos continuamente assediados pelo desânimo, assaltados pelos temores, afligidos pelo pecado, confrontados com as tragédias e adversidades da vida neste mundo hostil a Deus.

No centro da vida da igreja está a proclamação do Reino de Deus, o anúncio da esperança da ressurreição, a adoração ao nosso Pai, que nos escolheu, chamou, justificou e glorificou.

Há uma Presença amorosa e poderosa que dá força e sentido a tudo.

Temos que exortar uns aos outros todos os dias, proclamando essas verdades e testemunhando sobre a misericórdia e o amor de Deus, para que não desanimemos.

De modo especial, temos que estar atentos àqueles que estão fragilizados, enfrentando lutas e provações. Cuidar deles, repartir suas cargas, comunicar a eles a graça que temos recebido e o consolo com que somos nós mesmos consolados, sustentá-los em oração, não permitir que fiquem sozinhos.

Estamos sujeitos, como os demais homens, às enfermidades físicas e morais de nossa geração. Trazemos, muitos de nós, em nossa herança familiar e pessoal, marcas e debilidades que deverão ser curadas e restauradas na igreja.

Só o Senhor tem solução para o sofrimento de alma. A medicina não tem senão paliativos, drogas que ajudam a suportar os sintomas e a controlar as conseqüências emocionais dos desequilíbrios e conflitos morais e espirituais, mas não podem tocar o cerne do problema moral do homem.

A psicologia está repleta de humanismo estéril, buscando no próprio doente a cura. É como em uma das histórias do Barão de Münchhausen, o famoso mentiroso, na qual ele alega ter salvado a si mesmo e a seu cavalo de afundarem num poço de areia movediça puxando-se para cima pelos próprios cabelos e trazendo a montaria presa pelos estribos.

A igreja tem, no entanto, firme fundamento para salvação, cura, restauração e regeneração dos homens, ainda nesta vida, e uma sólida esperança numa completa e eterna redenção.

É nossa vocação e missão, em nome de Jesus.

 

12)               A PALAVRA DE DEUS RESTAURA A ALMA

 

 

 A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma” (Salmo 19:7). Uma arma necessária na luta espiritual é o “cinturão da verdade”.

Meditar na Palavra, deixar as verdades de Deus tomarem conta da mente, rejeitar conscientemente as mentiras do inimigo e as vaidades de nossos próprios pensamentos são caminhos para repelir o demônio do meio-dia. Ao invés de dar ouvidos a suas sugestões maléficas e depressivas, precisamos nos expor ao poder da Palavra viva e eficaz e deixar que ela gere em nós fé, confiança, ânimo, sonhos, projetos e propósitos firmados em Deus.

A Palavra traz a presença de Deus até nós de forma muito mais segura do que os nossos sentimentos e idéias. Uma vez conscientes de que Deus está em nós, podemos contemplá-lO e deixar que a Sua Pessoa nos encha a alma, toque o centro de nossas vidas, tome conta dos nossos sentimentos e afeições e nos dirija os passos.

Esse é um exercício seguro nesses momentos de deserto e provação.

 
 

V - “TENDE BOM ÂNIMO: EU VENCI O MUNDO”

 

 
Olhar para Jesus e seguir a Ele de perto. Só assim podemos atravessar esses períodos de aridez e desânimo. Ele é o pastor que nos refrigera a alma, nos alimenta e nos conduz para os lugares de descanso, ainda que através dos vales da sombra da morte. É Sua presença e direção que nos consola, elimina todos os temores e nos enche de esperança de vitória e de abundância (Salmo 23).

 

Ele é o Rei que convoca os cansados e aflitos para que se submetam ao Seu governo e assim encontrem repouso para suas almas (Mateus 11:28-30). O Seu Reino é repleto de paz, de alegria e do amor do Pai.

 

É Jesus mesmo quem convida. Ele vive e reina. Vamos até Ele.

 

 

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Anexo

 

AINDA CONTRA O DEMÔNIO DO MEIO-DIA

 

        Alguns tópicos para estudo e aprofundamento acerca do tema.

 

 

 

Outros fundamentos

 

A vitória de Jesus.

 

O propósito eterno de Deus – Sua paternidade.

 

O reino em primeiro lugar - valores.

 

A família de Deus: comunhão e não companhia.

 

O poder curador da Palavra

 

 

Uma terapêutica da alma: princípios

 

Conduzida pelo Espírito.

 

Fundada no propósito de Deus.

 

Operada pela Palavra.

 

Considera a pessoal integral e seus relacionamentos.

 

Centrada na cruz.

 

Por meio da fé.

 

 

Fé e ciência: cooperação e limites recíprocos

 

 

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