sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 Jesus, alvo de contradição

 

Fernando Saboia Vieira

 

 

         Queridos irmãos e irmãs, companheiros de jornada, 

 

         Conhecemos a história do Evangelho de Lucas. Quando os pais de Jesus apresentavam o recém-nascido no Templo, a fim de fazer a oferta prescrita pela Lei de Moisés, para lá acorre, movido pelo Espírito Santo, um velho profeta de Deus, chamado Simeão. Dentre as várias coisas maravilhosas que ele afirma sobre o menino, para admiração de seus pais, ele diz a Maria que seu filho seria “alvo de contradição”, pois haveria de revelar “os pensamentos dos corações”, para “levantamento e ruína de muitos”. 

         De fato, Jesus foi, e é até hoje, “alvo de contradição”.

         No entanto, na nossa assim chamada modernidade, há um movimento nascido na mente do Inimigo e alimentado pela religião humanista da virada do século que pretende fazer de Jesus alvo não de contradição, mas de consenso. É com preocupação e tristeza que percebemos boa parte da Igreja seduzida por esses discursos, ofertas e estratagemas.

Podemos ver exemplo claro disso nas celebrações do Natal.

         Nessa época do ano, são forjados, e difundidos por todos os meios, conceitos, símbolos, propagandas e “narrativas” que tentam aproximar Jesus de figuras como a do Papai Noel, expressão máxima do consenso humanista: um velhinho bonzinho que atende pedidos das crianças e realiza os desejos dos corações.

         A imagem do bebê Jesus no presépio, encimado por estrelas e anjos e cercado por pastores, animais e “reis” magos, única representação cristã ainda admitida em ambientes públicos, mesmo que cada vez mais raramente, como parte das decorações de Natal, é compatível com essa busca de consenso. Simboliza inocência, pureza, humildade, esperança, diversidade, inclusão. Até ecologia, bucolismo, romantismo. Não traz discórdias, não confronta ninguém.

         Entretanto, Jesus “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1:11), atraindo sobre muitos o juízo, e não a salvação oferecida por Deus em Seu gesto máximo de amor ao enviar seu Filho ao mundo. 

“O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más” (João 3:16-19).

Assim, não importa quantas luzes sejam acesas nas decorações de Natal, em nome e em celebração de um otimismo humanista. A verdadeira luz que veio ao mundo, e que é capaz de iluminar cada pessoa, foi rejeitada por muitos, os quais amaram mais as trevas, já que não queriam abandonar suas más obras. E é assim até hoje, onde quer que essa luz seja manifestada.

Ao longo de Seu ministério, Jesus revelou os segredos dos corações em suas pregações, parábolas, conversas e atitudes. Foi alvo de contradição ao ponto de ser rejeitado, julgado, condenado e morto numa cruz como malfeitor.

Sua cruz permanece até hoje como loucura e escândalo. Seu chamado à fé, ao arrependimento, à santidade, à obediência a Deus, ao negar a si mesmo, a amar ao Pai e aos outros fazem da sua mensagem uma convocação que tem provocado rejeição e perseguição ao longo dos anos, em todas as sociedades humanas.

Um dos grandes desafios da Igreja do Século XXI é não permitir que Jesus se torne objeto de consenso, mas, sim mantê-lo como alvo de contradição, pois somente desse modo o Evangelho poderá ser “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16).

Para isso, é preciso que nós, cristãos, resistamos à tentação de sermos aceitos, reconhecidos, considerados, bem recebidos nos lugares de poder, influência e sucesso no mundo, presenciais ou virtuais.

Não cumpriremos nossa missão nem seremos fiéis ao nosso Senhor, que foi odiado e rejeitado pelo mundo, se nós avaliarmos nossas vidas e serviço pelo número de apoiadores ou seguidores que temos, pelo aplauso e aceitação das pessoas, por vitórias nos embates sociais, econômicos e políticos, que dependem, via de regra, da aprovação da maioria.

Vivemos uma geração em que os valores máximos estão na liberdade, na diversidade, na inclusão, na satisfação dos desejos e fantasias dos corações das pessoas. Para isso, produzem-se personagens, perfis, mercados, padrões de sucesso e discursos destinados a compor uma sociedade sem forma, sem padrão, sem moral, sem destino. Mas entorpecida, alienada, iludida consigo mesma, enganada sobre a vida e o destino final de todas as coisas.

Se há um sinal inequívoco de que os tempos finais se aproximam é esse: o esfriamento do amor de muitos, inclusive da igreja, enquanto a iniquidade, a falta de governo, de justiça e de integridade proliferam, nas vidas privadas e públicas das pessoas.

Mas qual a estratégia básica da modernidade para tentar tornar Jesus alvo de consenso e não de contradição? É a de esvaziar o conteúdo das palavras e expressões que fundamentam a fé, a verdade e o Evangelho. Torná-las plásticas, flexíveis, de modo que cada um possa dar a elas o sentido que preferir, adequando-as a seus próprios desejos, pensamentos e estilos de vida.

Se falamos sobre Deus, amor, paz, justiça, muitos concordarão conosco, mesmo crendo em outros deuses e tendo conceitos absolutamente contrários aos da Bíblia sobre o que é amor, paz e justiça! Produz-se um aparente consenso que oculta a verdade e a possibilidade de salvação.

Até os termos mais definidos e fundamentais da fé cristã, como pecado, salvação, graça, fé, santidade e outros, podem ser entendidos de forma diluída, traduzidos pela religião humanista como aspectos das debilidades humanas e das necessidades de bem-estar emocional, como expressões da religiosidade natural dos seres humanos.

Essa postura relativista e essa tentativa de reinterpretação da pregação de Jesus para torná-la mais palatável a esta geração têm produzido, infelizmente com a participação de alguns que se dizem cristãos, uma variedade de “evangelhos”, colocados à disposição e ao gosto das pessoas, num grande varejo religioso, todos eles concebidos no sentido de eliminar a radicalidade e a confrontação que a vida, obra, palavras e sacrifício do Senhor produzem. Tornar Jesus alvo de consenso, e não de contradição!

Há um “evangelho terapêutico”, voltado a trazer conforto emocional e psicológico, sem confrontar as pessoas com seus dilemas morais, com o seu pecado, como a sua soberba e o seu egoísmo, com a sua rebelião contra o Criador.

No entanto, o Reino anunciado por Jesus é o Reino de Deus, onde Ele governa e a Ele deve haver submissão, inclusive quanto ao padrão moral requerido por Seu caráter Santo. O anúncio desse Reino é um chamado ao arrependimento, que implica o reconhecimento do próprio pecado e a decisão de mudança completa, de ser nova criatura. Esse Evangelho não exclui sofrimentos e aflições, consequências do pecado nas pessoas, em suas vidas e relacionamentos, mas, ao contrário, os supõe como inevitáveis em razão de seu absoluto contraste com o mundo. 

O Evangelho de Jesus gera uma contradição absoluta do homem consigo mesmo e com o mundo, implicando uma escolha radical por uma nova maneira de ser e de viver. Não tem o propósito de produzir bem-estar emocional, mas, sim salvação.

Um “evangelho secular e materialista” também tem sido produzido e oferecido aos homens como um “reino na terra”, com prosperidade, segurança, realizações e satisfações nesta vida. Não poucos são os que mesmo se dizendo cristãos vivem, na prática, uma vida materialista e secular, integrando-se, sem distinção, à sociedade moderna, compartilhado seus desejos, projetos, medos e ansiedades.

Mas o Reino de Deus é o Reino dos céus. Não se realiza plenamente nesta vida, nesta dimensão física da existência, e sim na eternidade e na esfera espiritual. Os discípulos de Jesus são pessoas que vivem uma contradição radical com esta existência terrena, uma vez que agora, embora continuem a viver no mundo, não pertencem mais a ele.

Em razão dos acontecimentos que marcaram a vida institucional recente do nosso País, tem sido muito apresentado como solução para os problemas nacionais um novo “evangelho social e político”, que pretende oferecer, ou mesmo impor, os valores e estilo de vida cristãos para a sociedade dos homens. 

Para competir com as demais “narrativas” que buscam consenso na sociedade e na política, o cristianismo é desidratado de suas posturas e reivindicações radicais e de sua natureza espiritual para se adequar e se tornar aceitável na modernidade e, assim, conquistar espaços de influência e de poder.

Dois problemas básicos com esse caminho. Primeiro, ele foi expressamente rejeitado por Jesus na tentação do deserto, ao início do Seu ministério. Segundo, está completamente equivocado do ponto de vista escatológico: a sociedade, a economia, a tecnologia, a ciência, a política não produzirão um mundo melhor, uma civilização mais justa uma vida mais segura e confortável. Ao contrário, o desfecho da história humana será de conflitos, opressões, guerras, crises e caos em todos os sentidos. Não fomos chamados para reformar ou governar as nações, mas para anunciar às pessoas o Evangelho de Jesus, que está em contradição com todas as utopias humanas e que nos direciona à dimensão espiritual e eterna.

Enfrentamos, em meio a isso tudo, também a disseminação de um “evangelho cultural”. Palavras, simbologias, personagens, celebrações, artes e literatura cristãs são tratadas como produções sociais, expressões da pluralidade e diversidade modernas, e elas é oferecido lugar na sociedade, nas mídias e no mercado, numa espécie de “ecumenismo cultural”, desde que abandonem os aspectos que causem contradição com as demais manifestações.

O Evangelho de Jesus não se harmoniza com esse “mercado de almas”, não disputa espaços nele. O Senhor veio transformar vidas, restabelecer nas pessoas, nos seus relacionamentos e nas suas atitudes e ações a semelhança com o Pai, que foi deturpada desde a desobediência de Adão. 

Deus é o Senhor Criador de todas as coisas, fonte de toda harmonia e beleza. Os cristãos, com suas vidas e artes, em todas as sociedades ao longos dos séculos, simplesmente buscam expressar amor e adoração ao Seu Pai, exaltando a excelência de Suas obras e caráter. Isso não está à disposição de nenhum tipo de “mercado”. Não serve para alimentar a cobiça nem a vaidade de quem quer que seja. 

Finalmente, quero mencionar a mais nefasta dessas tentativas de tornar Jesus alvo de consenso, e não de contradição: o “evangelho religioso evangélico”

Com o crescimento numérico dos que se identificam como evangélicos no Brasil, tem-se popularizado um jargão religioso mais “bíblico” do que o das gerações anteriores, o qual reflete a busca de um estilo de vida em que uma religião “cristã” está presente, ainda que de forma completamente desvirtuada em sua essência, tal como descrita nas Escrituras e vivida pelo povo de Deus há dois milênios.  

Palavras e expressões bíblicas, ou pretensamente bíblicas, são citadas sem contexto, sem conteúdo e sem fé por pessoas que não demonstram em suas vidas qualquer compromisso com a verdade e a santidade de Deus.

A ortodoxia das denominações cristãs tradicionais e mesmo o entusiasmo dos movimentos neopentecostais vão sendo mercadejados e conformados no sentido de assumir expressões de consenso que lhes garantam lugar, influência e participação na sociedade moderna.

 Jesus, no entanto, veio ser alvo de contradição. Quando Ele falava sobre “verdade” não se referia a uma ideia subjetiva e relativa de verdade. A verdade que liberta é a verdade que Ele é, e que só pode ser conhecida por aqueles que o recebem como Senhor e se tornam seus discípulos (João 8:31-32). Ele mesmo é “o caminho, a verdade e a vida” e ninguém pode ir ao Pai senão por meio dele! (João 14:6). 

O mesmo vale para palavras e expressões da fé cristã como pecado, salvação, santidade, justiça, paz e tantas outras. Não são “significantes vazios”. Embora devam ter intepretação contextual e histórica, e mesmo pessoal, não podem ser destituídos de seus sentidos e conteúdos essenciais para se tornarem expressões adaptáveis a qualquer interpretação ou tendência filosófica, gosto social, ou conveniência política.

Jesus e o seu Evangelho são alvos de contradição especialmente em razão das reivindicações radicais que Ele faz sobre si mesmo e sobre Sua missão: Filho de Deus, Filho do Homem, Senhor, Salvador. Perdoar pecados, oferecer-se em sacrifício numa cruz para resgate e redenção dos homens. Ressuscitar dentre os mortos e inaugurar o Reino de Deus, espiritual, eterno. Oferecer ressurreição e vida eterna aos que nele cressem. Enviar o Espírito Santo para habitar naqueles que se convertem e recebem o batismo.

Na minha história pessoal, o Evangelho apenas me apareceu como relevante, só foi o poder de Deus para minha salvação, quando Jesus se tornou para mim alvo de contradição, revelando os pensamentos do meu coração e me convocando ao arrependimento pela minha rebeldia e pecado contra Deus.

Enquanto Jesus era para mim apenas mais um mestre, profeta ou sábio, entre tantos, cujos ensinos eu buscava conhecer, em quem eu procurava respostas e soluções para os dilemas da vida, eu permaneci prisioneiro de mim mesmo, do meu pecado, da minha vaidade, da minha vã pretensão de ser o meu próprio senhor e de traçar meu próprio caminho.

Enquanto todos podiam me aplaudir e apreciar minha maneira de viver, minhas ideias e realizações, eu estava, de fato, sob a condenação de Deus e precisa ser salvo mediante sua Graça. Eu precisava receber o não de Deus para que pudesse obedecer ao seu sim.

 

Queridos irmãos e irmãs, companheiros de jornada, a Igreja de Jesus está hoje diante de uma grande tentação e provação: não a de ser perseguida e rejeitada, o que só a tornaria mais santa e fiel, mas a de ser recebida e aceita, como alvo de consenso na sociedade, deixando de ser, como o seu Senhor o foi, alvo de contradição.

Jesus mesmo estabeleceu as condições para que alguém seja seu discípulo e ingresse no Reino do Pai. Não podemos negociar com isso. A nós nos cabe apenas viver e anunciar o Evangelho que recebemos e que se tornou para nós graça, salvação e poder de Deus. Ainda que isso venha a nos custar a oposição, rejeição e perseguição do mundo.

Amados e amadas, que nesses dias sejamos iluminados não pelas luzes do Natal, mas pela “verdadeira luz”, que veio ao mundo iluminar a todos e revelar os pensamentos dos corações, para que muitos possam ser salvos.

 

Que a suficiente graça de Jesus seja com todos vocês neste final e princípio de ano.

 

Brasília, Natal de 2021, AD.

 

Seu conservo e companheiro de jornada,

 

Fernando Saboia Vieira

 

         

 Eu acredito

 

 

Eu acredito em encontros e olhares

Que revelam almas e corações 

Eu acredito em palavras

Silêncios e gestos

Que transformam almas

Movem propósitos

E traçam destinos eternos

Nesta vida passageira

 

Eu acredito em promessas e sonhos

Que fazem pessoas e futuros

Se unirem para sempre

E nunca mais se perderem

Umas das outras

Ainda que haja mais invernos

Do que primaveras

Nestes anos ensandecidos

 

Eu acredito em nossos encontros

Olhares, promessas e sonhos 

Embora a vida endurecida

E a luta, mesmo vencida,

Tenham por vezes esquecido

A necessária ternura

 

Mas não eu

 

Eu sou aquele que acredita

Eu sou aquele que se lembra

Eu sou aquele que guarda

No fundo da alma

Toda a ternura do mundo

 

          

                                            

Tudo passar, tudo chegar

 

 

Quando aceito tudo passar

Até mesmo o que nunca tive

Descubro uma inusitada paz

Feita mais de despedidas

Do que de encontros

 

Quando aceito tudo chegar

Até mesmo o que nunca desejei

Encho-me de uma estranha alegria

Colorida de surpreendentes cores

E de impensados amanhãs

 

Paz e alegria

Em tudo o que passa

Em tudo o que chega

Paz e alegria

Naquele que sempre está

Porque sempre é

 

 

 

A viagem

 

 

O tempo não vai me esperar

E eu quero seguir com ele

Nesta jornada sem mapas

Sem marcos, sem despedidas

 

Mais reticências do que pontos finais

Frases inacabadas

Inspiração em busca de expressão

Palavras flutuantes

Em busca de sentido e de beleza

Pensamentos inconclusos

Em busca de verdade e de leveza

Futuros em aberto

Na expectativa do Encontro

 

 

 

Epílogo

 

 

Sem grandes declarações 

E exortações dramáticas

Ao limiar do fim desta era

 

O serviço foi sempre uma honra

Ainda que pobremente prestado

 

A solidão foi sempre um fardo

Ainda que compartilhado com o Senhor

 

As palavras necessárias como o ar

Os silêncios inevitáveis como a vida

 

Amar, o maior desafio

Ser amado, a pérola mais rara

 

Assim, concluo esses “Sessenta Anos”

Com paz, alegrias, perplexidades e expectativas

Ao limiar do começo de tudo

 

 

 

Fernando Saboia Vieira

 

De “Sessenta Anos”, 2021, AD

 

 

 

 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

 Sermão do Monte

 

 

Só encontramos a paz de Jesus

Quando oferecemos livremente

A face ainda não ferida

 

Só desfrutamos do Seu abrigo

Se nos despimos também 

Da capa não demandada

 

Só entramos no descanso do Senhor

Depois de caminharmos 

A milha não exigida

 

Andar com Jesus começa 

Onde as razões humanas terminam

 

Ser Seu discípulo

É olhar apenas para Ele

E n’Ele encontrar

A razão e a loucura

A força e a fraqueza

O começo, o sentido e o fim

De todas as coisas



Fernando Saboia Vieira

De "Sessenta Anos", 2021 AD

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

 Me ajuda, Jesus

 

 

Me ajuda, Jesus

A respirar hoje

O dia todo

A me lembrar do sol

Entre as nuvens

A ver as pessoas

E a amá-las

Como o Senhor as vê

E as ama

 

Me ajuda, Jesus

A aceitar com alegria

O que precisa hoje morrer

Dentro de mim

A andar depois que escurece

E a ser manso, humilde e bom

Como o Senhor é

 

Me ajuda, Jesus

A receber com alegria

O que precisa hoje nascer

Dentro de mim

E experimentar o poder

A vida e o amor

Que fluem do Teu coração 

 

 

 

 

Ele

 

 

Ele transforma

Minhas pegadas na areia

Em caminhos no deserto

 

Ele reparte

Minha vida em pedaços 

Como pão à mesa

E multiplica minhas forças

 

Ele quebra

Meu coração endurecido

Como a rocha no ermo

E me dá a beber

Águas de misericórdias

 

Nas longas jornadas

E nos dias de labuta

Invisíveis e solitários

Ele é o Deus que me vê

E me conduz às suas moradas

Alimentado por sua vida

Saciado por seu amor



Fernando Saboia Vieira

De "Sessenta Anos", 2021, AD

 

 

 

 

 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

 Intimamente

 

 

O que me impede

Hoje

De amar intimamente

O meu Deus?

 

Escondido Ele se faz

Para ser encontrado

Revelado ele se mostra

Para ser procurado

 

Secretamente nos encontramos

Nas ruas e nas conversas

Nos trabalhos e nos afazeres

 

De silêncio Ele se envolve

Para ser ouvido

De glória Ele se reveste

Para ser adorado

 

Intimamente nos conhecemos

Nas provações e alegrias

Nos caminhos e lutas

 

Não, nada me impede

Hoje

De amar intimamente

O meu Deus

 


Fernando Saboia Vieira

De "Sessenta Anos", 2021, AD

 

 

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Ways

A simple way

 

 

Love your God

Do your job

Ease your mind

 

Be merciful

Be patient

Rest your soul

 

Live by faith

Wait in hope

Let fly your spirit

 

 

 

A narrow way

 

 

Walk in the darkness

Embrace the void

And find Him

 

Stand and fight

Don’t lose your mind

And follow Him

 

Day or night

Sorrow or joy

Stay with Him

 

  

 

A glorious way

 

 

Listen to the music

And voices

That everywhere flow

See all around you

The shades of blue

And green 

That always glow

 

And join the beauty

 

Stay and go

Work and rest

Take the past

And the future

In one breath

 

And join the infinite

 

Tell stories

Of toils and happiness 

Keep silences

Of wonder and holiness 

Cry and rejoice

Love, love and love 

Even more

 

And join the eternity

 

 

Fernando Saboia Vieira

De “Sessenta Anos”, 2021, AD