quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Dia do Abraço


é simples, me abrace

 
 

se eu lhe parecer triste

me abrace

me pergunte porque e

me abrace

se eu não responder

me abrace

se eu responder

me abrace

se você não me entender

me abrace

se você me entender

me abrace

se você não concordar

me abrace

se você concordar

me abrace

 

seu abraço sozinho

me explica

me corrige

me anima

me simplifica

me diz para onde ir

 

é simples, me abrace

 


Fernando Sabóia

De “Versos no Altar”

 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

DUAS ALMAS, UMA SÓ CARNE!


 
Mensagem compartilhada no casamento de WILSON e MÍRIAN

Salvador, em 01/09/13
 
VERBETES


"SERÃO OS DOIS UMA SÓ CARNE" – descreve um fato, uma realidade, algo consumado, impossível de se separar. Não é uma ficção jurídica, mas uma realidade física e espiritual.
O texto original usa expressão matemática, exata: eram 2 agora apenas 1.


"QUE SEJAIS UNIDOS DE ALMA" – aponta para um propósito, um vir a ser, uma busca de harmonia, de entendimento, de se ter um mesmo sentimento e pensamento.
A palavra original sugere aproximação, equilíbrio, afinidade de mente, sentimento, pensamento. Sintonia, sinfonia, sinergia – “sin psique”.

 HOMILIA

Essas duas postulações bíblicas, uma específica para o casamento e a outra facilmente aplicável a ele, nos colocam diante de um dos paradoxos da união conjugal: DUAS ALMAS, uma masculina e uma feminina, habitando UMA SÓ CARNE.


Alguns casais têm a ERRÔNEA EXPECTATIVA DE SER UMA SÓ ALMA, o que resulta em conflitos, imposições, dominações, disputas, cobranças, decepções.


 Esse pensamento equivocado coloca o casal na BUSCA E EXIGÊNCIA DE ALGO IMPOSSÍVEL, pois significaria deixar o homem de ser homem e a mulher de ser mulher, produzir uma alma mista, híbrida, descaracterizada, descolorida.

Nada mais distante do projeto e propósito de Deus.

A Palavra não declara que os casais são ou devem ser uma só alma, mas os convoca a que VENHAM A SER UNIDOS DE ALMA.

Isso significa que o casamento deve TORNAR O HOMEM MAIS MASCULINO e a MULHER MAIS FEMININA, na convivência, na aceitação, na união, na comunhão e na cooperação dos diferentes, com todos os benefícios- e a diversão garantida - dessa diversidade planejada por Deus quando, desde o princípio, "macho e fêmea os criou".

HOMENS E MULHERES SERÃO SEMPRE DIFERENTES, reagirão sempre a partir de pontos de vista, de maneiras de pensar e de sentir diferentes. Não é propósito de Deus no casamento mudar isso!!!

Quando partimos da ILUSÓRIA IDÉIA DE SER UMA SÓ ALMA, teremos a cada situação concreta de vida uma decepção e produziremos uma distância pelo estranhamento do outro como não eu, como diferente de mim, oposto e antagônico a mim.

Quando, no entanto, partimos do RECONHECIMENTO E ACEITAÇÃO das diferenças, consideradas não como problemas, mas como diversidade e complementação, essa distância não será percebida como obstáculo, mas como caminho, pois, embora diferentes, FOMOS FEITOS para nos encontrarmos e nos unirmos.

Assim, é necessário QUE OS CÔNJUGES BUSQUEM CADA DIA SER UNIDOS DE ALMA. Mas essa união será SEMPRE RESULTADO de escolha, decisão, renúncia, compromisso, propósito, amor.

No casamento, a essa DIFERENÇA CRIACIONAL somam-se OUTRAS DIFERENÇAS, culturais, educacionais, familiares e de historias de vida, que vão compor o complexo mundo da alma de cada um.
O MARIDO não deve tentar impor uma maneira masculina de viver à esposa, nem se irritar ou ficar impaciente ou autoritário quando ela está apenas sendo mulher, com suas virtudes e limitações e expressando seu mundo cultural, familiar, seus valores e expectativas.

E vice-versa. A ESPOSA não deve deixar de respeitar o marido, ser rixosa, fazer chantagem ou tentar assumir o comando quando ele está simplesmente vendo o mundo e se comportando como homem, com suas qualidades e deficiências, expressando seu universo, seus projetos, sua formação, sua cultura peculiar.

O REINO DE DEUS NÃO NOS DESPERSONALIZA, NÃO NOS TORNA ASSEXUADOS NEM CULTURALMENTE NEUTROS. NÃO APAGA NOSSAS HISTÓRIAS PESSOAIS NEM OBLITERA NOSSAS HERANÇAS, HABILIDADES E CARACTERÍSTICAS.

O REINO DE DEUS NOS COLOCA NUMA DINÂMICA DE SERMOS TRANSFORMADOS NA NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE CRIADA POR DEUS E CORROMPIDA PELO PECADO E DE VIVERMOS A REALIDADE PLENA DA PRESENÇA DE DEUS.

UM PROCESSO FUNDAMENTAL NESSA TRANSFORMAÇÃO SÃO OS RELACIONAMENTOS E O CASAMENTO É UM DOS QUE MAIS COOPERA NESSE SENTIDO.

Desse modo, devem os dois buscar essa aproximação que só pode acontecer a partir do reconhecimento das diferenças e do respeito a elas.

É semelhante ao que ocorre quando você se relaciona com alguém de outro país. São inicialmente estrangeiros um para o outro, mas vão se criando pontes de afinidade, esforços de aproximação, de reconhecimento das diferenças e de busca de sua superação.

PARA SEREM UNIDOS DE ALMA, os casais deverão se conhecer, se dar a conhecer, compartilhar, se esforçar para desvendar o mundo interior do outro, sua realidade pessoal, familiar, espiritual, emocional, intelectual, cultural, aprender sua língua, ainda que a entenda e fale sempre como estrangeiro, pois nunca será sua própria língua materna, conhecer o universo do outro a partir dele mesmo, de dentro, como quem mora lá, mesmo sendo alienígena.

Homem e mulher FORAM FEITOS PARA SE COMPLEMENTAREM, se aceitarem, se ajudarem, se amarem. Mas não para se entenderem completamente, para se fundirem numa só pessoa. É na dinâmica do relacionamento entre opostos que pode surgir a expressão da IMAGO DEI, que só se revela na vivência concreta do amor.

A ESPOSA deve ser cuidada e amada, mesmo quando o marido não a compreende ou não concorda com ela ou não consegue convencê-la do que lhe parece óbvio...

O MARIDO deve ser respeitado e amado, mesmo quando a esposa não o entende ou não concorda ou ele não consegue ver o que lhe parece tão claro e evidente...

O fato da unidade de carne operada pelo casamento e a busca da união de alma prescrita pelas Escrituras como ideal da comunhão cristã são dois aspectos fundamentais da aliança conjugal, que apenas podem ser produzidos pelo Espirito Santo. Sua realização, no entanto, sempre dependerá do compromisso de cada um com Deus e com o outro.

Para amar não é necessário entender, sentir, pensar ou querer do mesmo modo. O amor é a superação da razão e do sentimento pela transformação de natureza de mente e de propósitos produzida pelo Espirito de Deus.

O ESPOSO DIZ: "QUERIDA não estou prometendo a você que sempre vou entender suas palavras, seus silêncios, seus olhares, suas alegrias e tristezas, seus medos, seus sonhos, suas aflições, suas expectativas, mas estou me comprometendo a cuidar de você e a amar você em qualquer circunstância.".

A ESPOSA DIZ: "QUERIDO não estou prometendo a você que sempre vou entender suas ações, reações, solidão, prioridades, sentimentos, medos, hesitações, silêncios, cálculos, argumentos e razões, mas estou me comprometendo a respeitar e a amar você em qualquer circunstância.".

Finalmente, podemos dizer que O SER UMA SÓ CARNE, COMO FATO E CONSUMAÇÃO, OPERA NA DIMENSÃO DA FÉ; enquanto que o SER UNIDOS DE ALMA, COMO PROPÓSITO E BUSCA, SE ENCARNA DIA APÓS DIA NO IMPULSO DA ESPERANÇA; e que UM E OUTRO SÃO EXPRESSÕES NECESSÁRIAS DO AMOR.

EPÍLOGO


Esse caminho de superação das distâncias pela perseverança do amor é magnificamente descrito nas palavras do grande poeta chileno que escreveu:

NERUDA – SONETO II

Amor, cuántos caminos hasta llegar a un beso,
qué soledad errante hasta tu compañía!
Siguen los trenes solos rodando con la lluvia.
En Taltal no amanece aún la primavera.

Pero tú y yo, amor mío, estamos juntos,
juntos desde la ropa a las raíces,
juntos de otoño, de agua, de caderas,
hasta ser sólo tú, sólo yo juntos.

Pensar que costó tantas piedras que lleva el río,
la desembocadura del agua de Boroa,
pensar que separados por trenes y naciones

Tú y yo teníamos que simplemente amarnos,
con todos confundidos, con hombres y mujeres,
con la tierra que implanta y educa los claveles.


Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
Que solidão errante até a tua companhia!
Seguem sozinhos os trens deslizando com a chuva.
Em Taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, meu amor, estamos juntos,
Juntos das roupas até as raízes,
Juntos de outono, de água, de quadris,
Até que seja só tu, só eu, juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
A desembocadura da água de Boroa,
Pensar que separados por trens e nações

Tu e eu tínhamos que simplesmente nos amar
Confundidos com todos, com homens e mulheres,
Com a terra que implanta e educa os cravos.

(Tradução : Fernando Saboia Vieira)



FERNANDO SABÓIA VIEIRA

O AMOR A DEUS E O PROPÓSITO ETERNO


 “PARA O BEM DOS QUE AMAM A DEUS...” Romanos 8:28-30

                  Irmãos queridos,

          Estive meditando nesses últimos tempos sobre esse texto de Romanos 8:28-30 e chamou-me a atenção um aspecto ao qual não tinha ainda dado a devida ênfase.

Analisando os verbos contidos nessa passagem, percebi que amar a Deus é a única ação que o texto atribui a nós. Todas as demais ações descritas são de Deus a nosso favor.

Podemos, assim, concluir que amar a Deus é a maneira de nos colocarmos na condição em que Ele pode fazer com que todas as coisas cooperem para nosso bem, segundo o Seu propósito.

Ocorre que quando nos vemos em situações difíceis, sofridas, complicadas, facilmente esquecemos o amar a Deus como centro de nossa vida e como nossa primeira e absoluta prioridade, como apontou Jesus (Mateus 22:37-38; Deuteronômio 6:4-9).

Algumas evidências desse esquecimento são nossa ansiedade, medo, murmuração, questionamentos, pensamentos confusos, sofismas, busca de soluções próprias, expectativas nos homens, ações e iniciativas, precipitadas e independentes. Tudo isso demonstra o desfoque do nosso amor e nos afasta do propósito de Deus.

Amar a Deus santifica e direciona todo nosso ser e nosso viver, pois envolve o coração, isto é, confiança, esperança, sentimentos, pensamentos, decisão, afetos; a alma, sede da vontade, valores, prioridades, identidade, entendimento, integridade, eternidade, significado e proposito, relacionamentos; e ainda toda nossa força, vale dizer, ação, trabalho, esforço, obra, serviço, realizações.

Por outro lado, se não buscamos amar a Deus acima de tudo, seu propósito se perde em nossas vidas, se esvai pelos buracos que são produzidos em nós por nossos falsos amores e confiança, em nós mesmo, nas pessoas, no mundo.

Somente o amar a Deus nos coloca em harmonia com o Seu propósito. Do contrário, só resta o caos e a desordem, o não amor.

Devemos nos lembrar de que o centro de toda tentação é nos afastar do amor a Deus, da confiança total nele, da completa entrega e serviço a Ele, com todo nosso ser. Se qualquer aspecto ou área da nossa vida permanecer fora, nosso amor será falso e distorcido: ou será hipócrita, apenas com os lábios; ou será legalista, apenas com atos externos; ou será efêmero, apenas com sentimentos.

Podemos mesmo dizer que toda santidade e espiritualidade estão contidas nisso, em amar a Deus com todo o ser, com todo o fazer, com todo o pensar, o tempo todo.

Amamos a Deus em qualquer circunstância? Talvez hoje Ele esteja nos dando oportunidades de aprender a amá-lo e, assim, nos fazer o bem.

Thérèse de Lisieux orou da seguinte forma, acerca do amar a Deus: “Minha vida é um instante, uma hora que passa; minha vida é um momento que não tenho o poder de reter. Tu sabes, oh meu Deus, que para te amar aqui na Terra eu tenho apenas hoje.”.

Como aprender e crescer no amar a Deus? Alguns caminhos nos são apontados pelos mestres da Igreja:

·         Conhecer mais a Deus pela Palavra, meditação, adoração, contemplação.

·         Relacionar-se, andar com Ele, conversar com Ele cotidianamente.

·         Guardar seus mandamentos, fazer Sua vontade, para que Ele venha habitar em nós.

·         Perseverar nas provações, tentações e circunstâncias adversas, esperando Seu socorro.

·         Imitar a vida de Jesus.

·         Amar os homens, pois esse é o segundo mandamento, semelhante ao primeiro.

 Que o amor do Pai, a graça de Jesus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos.

Brasília, agosto/setembro de 2013, AD.

Fernando Sabóia Vieira