POR QUE É TÃO DIFICIL PERDOAR?
Irmãos queridos,
"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós..."
Por que é tão difícil perdoar?
Creio que é difícil perdoar quando não reconhecemos a malignidade de nosso próprio pecado e o quanto Deus nos perdoou e perdoa. Quando temos consciência do quanto dependemos da graça e da misericórdia de Deus a cada dia somos compelidos a agir em relação aos outros também com misericórdia e graça. Falhamos quando pretendemos perdoar olhando para o outro, buscando encontrar nele motivo para o perdão (arrependimento, castigo, vingança, compensação etc.) e falhamos igualmente quando buscamos em nós mesmos fundamento, sentimento ou virtude que nos leve a perdoar. Perdoamos olhando exclusivamente para Jesus crucificado, fonte de todo perdão e graça.
Depois, é difícil perdoar porque perdoar significa desistir da vingança, de fazer justiça, de reivindicar nossos direitos pessoais e passar a orar pelo ofensor e a abençoá-lo.
Perdoar é difícil porque é renunciar a todo julgamento sobre a vida do outro, é calar a boca da maledicência que tanto satisfaz nosso ego e entregar o ofensor inteiramente à justiça e misericórdia de Deus.
Perdoar é difícil ainda porque é libertar o outro das cadeias da culpa e nós queremos manter os que nos ofendem como nossos devedores e assim exercer controle sobre eles. Ironicamente, não percebemos que quando não perdoamos nós é que nos fazemos prisioneiros da amargura e do ressentimento, abrigando um câncer que pode contaminar toda nossa vida.
Perdoar também é difícil porque é negar-se a si mesmo, sair do centro da própria vida e permitir que a vontade do Senhor prevaleça sobre nossos direitos, imagem e amor próprio.
Finalmente, perdoar é difícil porque implica atos concretos de amor, não apenas palavras ou sentimentos. O perdão deve ser irrevogável e devolver a pessoa à posição que ela tinha antes em nossa vida.
O perdão é mandamento e é graça. É mandamento para que não dependa do nosso enganoso e corrupto coração. E é graça porque por ele temos garantido acesso à presença de Deus e a Sua misericórdia. É mandamento porque sem perdão não há relacionamento possível entre os homens, não há igreja, não há família de Deus. É graça porque é cura e libertação, porque nos insere no corpo e na família de Deus.
Jesus não poderia ter sido mais enfático: "se não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas". Todavia, igualmente, "felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia".
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Fernando Sabóia Vieira
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