quarta-feira, 1 de abril de 2020

Parábolas para o Tempo Presente

Mateus 24 e 25

A Parábola dos Talentos

         
Queridos irmãos e irmãs, companheiros de jornada,


            Jesus faz aqui, penso eu, um discurso contra a omissão e a covardia.
         Em situações que geram temores e inseguranças é comum e até mesmo instintiva a reação de se esconder e evitar ao máximo os riscos. Contudo, Jesus nos está dizendo nessa parábola que a expectativa de Sua imprevisível chegada não deve nos tornar temerosos, alienados ou omissos. Ao contrário. É tempo de diligentemente empregarmos os nossos recursos, concedidos por Ele, aqui nesta vida e neste mundo em prol dos negócios e dos interesses do Pai.
         Às vezes pensamos que a atitude de vigiar, no aguardo da vinda do Senhor, é basicamente passiva, como a de uma sentinela à porta da cidade ou de alguém fechado em casa para se proteger e evitar perigos.
         Não rara vez a Igreja, tomada de temor e de zelo pela expectativa da volta de Jesus, de Sua iminente manifestação, optou por se recolher, por se abster de participar dos negócios do mundo ao máximo, preparando-se para o encontro com Ele.
         No entanto, como escreveu John Stott em seu último livro, “O Discípulo Radical”, “não devemos preservar nossa santidade fugindo do mundo, nem sacrificá-la nos conformando a ele”. 
         Nessa parábola, Jesus indica a necessidade de uma postura ativa de serviço e de participação para que o Senhor, ao voltar, recolha de Seus servos o rendimento e o fruto devidos a Ele. 
Podemos, assim, dizer que Ele faz um veemente discurso contra o medo e a omissão.
         Como bem sabemos, “talento”, na parábola, se refere a uma unidade monetária, ao dinheiro daquela época. Significa, então, todos os recursos que o Senhor coloca em nossas mãos para que nós os utilizemos em prol dos interesses do Pai: bens materiais, tempo, inteligência, habilidades, capacidades, força, disposição, virtudes e dons, tanto os que chamamos de naturais quanto os espirituais. Esse é uma distinção que, aliás, não faz muito sentido se pensarmos que tudo vem de Deus e deve ser colocado à Sua disposição.
         Se realmente tememos e amamos o Senhor e aguardamos, com esperança e alegria, Sua vinda, que Ele nos encontre trabalhando, participando da vida e dos negócios deste mundo em Seu nome, como sal e luz, como despenseiros de Sua graça, instrumentos de Sua misericórdia para a salvação das pessoas que estão perdidas.
Se o Dia se aproxima, irmãos e irmãs, devemos remir o tempo, trabalhar enquanto podemos, precisamos fazer a obra e ir em busca dos aflitos e perdidos, utilizando todos os recursos que nos foram concedidos. 
         Observem que a questão nunca é de quantos “talentos” dispomos, mas, sim, como os utilizamos. O Senhor concede graça e capacidade a cada um de nós de acordo com Sua vontade e critério. Não temos que nos preocupar com o que não temos, mas sermos responsáveis com relação ao que temos nas mãos. Afinal, é Ele mesmo quem opera tudo em todos!
         

         Que a suficiente graça de Jesus seja com todos.


         Seu conservo e companheiro de jornada e de vigília,

         Fernando Saboia

         Brasília, em 1ode abril de 2020, AD.


         

          

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