sábado, 25 de abril de 2020

abril e maio


maio chegou
e abril, distraído, ainda estava por aqui:
é que o sol, a chuva, o vento
e o giro do Planeta
não consultam calendários

hoje, abril e maio de encontraram

gosto muito
quando abril e maio se encontram assim
ao acaso dos passeios cósmicos:
os olhos ainda úmidos de abril
 refletem o magnífico céu de maio
e o mundo parece mais limpo
mais certo
apenas suave e belo

abril ainda se lembra
das tormentas do verão
mas maio só consegue ser
uma imensidão azul de dia
e um manto cintilante à noite


Fernando Saboia Vieira

Brasília, ainda abril, mas já maio de 2020 AD


terça-feira, 21 de abril de 2020

http://baudofernando.blogspot.com/2020/04/amo-brasilia-nao-vim-para-ficar.html?m=1

Minha simples e emocionada homenagem a Brasília.
Cidades são pessoas coletivas, construídas de histórias e sonhos.
Nós passamos, mas algo de cada um sobrevive na cidade enquanto ela permanecer
Chegamos aqui, minha família, em 1975. Não viemos para ficar. Aconteceu.
Parabéns, Brasília.
Amo Brasília


Não vim para ficar.
Aconteceu.
A cidade agora é meu lar
Minha selva
Meu palco.

Cresci.
Mudei.
Tive encontros e desencontros.
Envelheço nela.

Ela também cresceu.
Mudou.
Encontrou-se e desencontrou-se.
Envelhece comigo.

Essas avenidas, balões floridos
E ipês coloridos
Me viram rir e chorar
Passear e trabalhar
Andar sorumbático sob este céu
Estupendo
E correr da chuva repentina

Não vim para ficar.
Aconteceu.
Fiquei brasiliense.


Fernando Saboia Vieira

(De “Invisibilidade”, 2009)

domingo, 19 de abril de 2020

O VÉU DO TEMPLO E O VÉU DO CORAÇÃO

Queridos irmãs e irmãos, companheiros de jornada,

Na nossa jornada pascal deste ano, meditamos nos acontecimentos da última semana de Jesus aqui na Terra conforme relatados no Evangelho segundo Mateus. 
Uma das questões do roteiro proposto para reflexão e compartilhamento se referia a um evento extraordinário ocorrido no Templo no momento exato da crucificação do Senhor: o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo!
Qual o significado desse fato para a humanidade e para nós?
Esse véu, segundo as instruções que Deus havia dado a Moisés para a construção do Tabernáculo e depois do Templo, separava o chamado Lugar Santo, onde eram oferecidos os sacrifícios de rotina, do Santo dos Santos, recinto fechado onde estava guardada a Arca da Aliança. Nesse lugar Santíssimo, Deus manifestava sua Presença viva, e não se podia simplesmente entrar nele.
Assim, esse véu do Templo simbolizava a separação entre Deus e o homem, provocada pelo pecado dos nossos primeiros pais. 
Desde então, o maior privilégio que eles tinham, que era o acesso direto, pessoal e contínuo à Presença do Senhor, estava bloqueado por causa da culpa. 
Desde então, o maior desejo e a busca mais intensa da alma humana, exilada, órfã, separada do seu Criador, é o reencontro com essa Presença viva do Pai.
No regime da Velha Aliança, uma vez por ano, o Sumo Sacerdote podia passar pelo véu e entrar no Santo dos Santos para oferecer sacrifício pelos pecados do povo. 
Antes de entrar, todavia, ele precisava oferecer um sacrifício por seus próprios pecados, pois ele também estava sujeito à mesma condenação.
Por causa da justiça de Deus, não poderia haver acesso a Ele senão por meio do pagamento do preço do pecado, qual seja, a morte e o sangue derramado. Por causa da graça e misericórdia de Deus, Ele aceitava o sacrifício do animal como remissão pelo pecado do povo. 
Mas isso era sempre provisório porque, como explica o autor da Carta aos Hebreus, não havia transformação pessoal daqueles que adoravam dessa maneira, e a cada ano o sacrifício tinha que ser repetido.
Quando Jesus morreu na cruz, esse véu foi rasgado pelo próprio Deus, “de alto a baixo”! Estava encerrado o regime da Velha Aliança, substituída agora por um sacrifício superior e eterno oferecido voluntariamente por alguém que não precisava pagar pelos seus próprios pecados – um cordeiro perfeito, sem defeitos –e que desse modo podia oferecer Sua vida pelas transgressões dos homens.
Em Hebreus encontramos a explicação para o simbolismo do véu rompido no Templo. A verdadeira separação entre Deus e os homens foi eliminada quando o verdadeiro véu foi laceradoesse véu era carne de Jesus rasgada na cruz. 
Esse foi o definitivo e suficiente sacrifício aceito por Deus para que a humanidade pudesse recuperar o acesso a Sua Presença. 
Agora, diferentemente do que acontecia antes, os adoradores do Senhor seriam transformados, aperfeiçoados em suas naturezas humanas pela ação do Espírito Santo e pela contínua comunhão com o Pai diante do Trono de Sua graça.
Mas qual, então, nossa dificuldade em desfrutarmos desse acesso e da Presença do Senhor?
O fato é que há um segundo véu a ser removido, um véu que envolve o nosso coração!
Encontramos também no Velho Testamento um simbolismo desse outro véu. Quando Moisés voltava para junto do povo, após ter falado diretamente com Deus, seu rosto reluzia intensamente, resplandecendo a glória do Senhor, a tal ponto que as pessoas, por não poderem suportar tal brilho, pediam que ele encobrisse a face com um véu. Elas não estavam aptas a estar na Presença do Criador, nem mesmo por reflexo.
Paulo refere-se a esse relato das Escrituras para explicar que, para os que não conhecem Jesus, permanece sobre seus corações esse véu, que só é removido quando se convertem. No entanto, quando o véu é retirado, passamos a contemplar o Senhor, com o rosto desvendado, e somos transformados pelo resplandecer de Sua glória, na Sua própria Imagem.
Tozer, no seu livro “À Procura de Deus”, afirma que esse segundo véu é nossa natureza caída que ainda vive dentro de nós, não confessada e não submetida à cruz

É a vida do eu voltado para si mesmo, manifestada especialmente naqueles pecados relacionados à nossasoberba, à nossa autopreservação e aos nossos próprios interesses, como o egoísmo, o exibicionismo, a autopromoção, a auto piedade, a auto justificação, autossuficiência etc.
Jesus declarou expressamente que são os “limpos de coração” os que verão a Deus!
Queridos companheiros, o primeiro véu está removido. Glórias a Deus Pai e ao Cordeiro que tira o pecado do mundo! O Senhor nos chama de volta à Sua Presença por meio do arrependimento e do Sacrifício de Jesus.
Quanto ao segundo véu, cabe a nós buscarmos em Deus, pelo arrependimento, confissão e súplica, pelo oferecimento de nós mesmos como sacrifício vivo, santo e agradável a Ele e pela renovação da nossa mente, que o Senhor também o renova, rasgando-o de “alto a baixo”.
Mas, como nos adverte Tozer, esse segundo véu é feito de um tecido vivo, da nossa própria carne, dos nossos desejos, fantasias e ilusões conosco mesmos e com o mundo. Assim, rasgá-lo será um processo doloroso muitas vezes, que envolverá da nossa parte renúncia e sacrifício, vergonha e sujeição, temores e súplica.
No entanto, o que nos aguarda além do véu é a experiência mais tremenda e gloriosa para qual fomos criados: a Presença do Deus vivo a nos iluminar, nos transformar, nos acolher, nos atravessar, nos conduzir ao Lar Eterno.
Caros, essa não é uma promessa apenas para o futuro. Já está à nossa disposição, ainda que de forma provisória e imperfeita: 

Escreveu Paulo:

“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então o veremos face a face. Agora, conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido”

Mas, mesmo assim, ainda que em parte e provisória, contemplar essa Presença, com o véu removido do rosto, é a experiência mais tremenda e gloriosa que alguém pode ter:

“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”

Escrevi, ainda muito, muito jovem, para ser um cântico:

De Glória em Glória

A graça do Senhor
Faz caírem nossas máscaras
Fantasias do coração
Seu amor rompe trancas de ferro
Despedaça ferrolhos de bronze
Temores da nossa alma

A graça do Senhor
Nos desvenda o rosto
Profundezas do nosso ser
Seu amor preenche os espaços vazios
Embalsama as feridas
Cura todo desamor

Na graça do Senhor
A comunhão do Espírito
Que nos liberta, nos santifica
Para contemplarmos Sua glória

Glória, rendamos glória
Deus nos transforma
De glória em glória
Na própria imagem
Da Sua glória
(De “Veredas no Deserto”, 1995)
Irmãos, que a suficiente e gloriosa graça de Jesus seja com cada um de vocês.

Seu conservo e companheiro de jornada,

Fernando Saboia Vieira
Brasília, em abril de 2020, AD


quinta-feira, 16 de abril de 2020

“Crescei na graça e no conhecimento de nosso senhor Jesus Cristo”
2ª de Pedro 3:18

Queridos irmãs e irmãos, companheiros de jornada,

Como entender essa expressão do apóstolo Pedro: “crescei na graça” do nosso Senhor Jesus Cristo. Como se “cresce” na graça?
Compartilho aqui alguns pensamentos sobre isso.
Inicialmente, é importante lembrar que a graça de Deus, manifestada em Jesus Cristo, não é, principalmente, uma doutrina do CristianismoA graça de Deus manifestada em Jesus Cristo é, essencialmente, uma experiência dos que são alcançados pelo Reino de Deus!
Enquanto não se pode, propriamente, “crescer” numa doutrina, é possível e mesmo desejável que cresçamos em experiência, isto é, na prática e vivência das realidades espirituais reveladas e operadas pelo Espírito de Deus.
Fosse a graça apenas uma doutrina não se poderia propriamente “crescer” na graça. Mas, sendo a graça de Jesus uma experiência contínua na nossa vida, podemos nos aprofundar e crescer nela.
Nós, de fato, experimentamos a graça quando fomos chamados ao Reino e ao discipulado de Jesus: nossos pecados foram perdoados, fomos aceitos e amados como éramos, fomos tornados de inimigos filhos de Deus, o preço das nossas transgressões foi pago por Jesus na cruz.
Assim, experimentamos a graça do Senhor a cada momento em que vivemos, existimos e respiramos – toda a criação é sustenta por Ele.
Também experimentamos a graça quando somos supridos de bens e alegria e também quando somos socorridos em nossas aflições.
Mas como se cresce na graça? Crescemos na graça nos quando nos aprofundamos em experimentar os dons, socorros, sustentos e alegrias que o Senhor nos concede. Crescemos na graça quando experimentamos a suficiência de Deus!
Paulo cresceu na graça quando percebeu que seu passado de fariseu soberbo e de perseguidor da Igreja não eram impedimento para seu ministério, porque ele havia alcançado graça e sido salvo por ela!
Mais ainda, ele descobriuem sua experiência de vida, nessa mesma graça que o havia salvo e tornado aceito pelo Pai o poder que o capacitava para o serviço:

“Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus.
Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” 

Paulo cresceu na graça quando, em sua luta contra o seu “espinho na carne” o ouviu do Senhor:

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.

Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” 

Ali Paulo experimentou a capacitação e a suficiência que vêm diretamente de Deus e que só pode operar plenamente na fraqueza humana!
Crescer na graça é crescerse aprofundar, na experiência da suficiência de Deus, dos seus dons e socorros, do seu amor e do seu poder misericordiosamente concedidos a nós.
Podemos aplicar isso a muitas áreas da nossa vida e do nosso caráter, a muitas circunstâncias, relacionamentos e acontecimentos.
Crescemos na graça quando abandonamos nossa justiça própria, nossa busca de merecer reconhecimento e abandonamos as amarguras, ressentimentos, vinganças e desejos de compensações para receber e responder com gratidão a graça do Senhor que nos sustenta, acolhe, perdoa, comunica seus dos nos santifica para Ele mesmo.

Crescemos na graça quando abandonamos o espírito de julgamento e exercitamos a misericórdia e o perdãoquando perdoamos como fomos perdoados e permitimos que a graça que nos alcançou flua por meio da nossa vida para alcançar outros.
Crescemos na graça quando abandonamos a confiança em nós mesmos renunciamos ao desejo de controlar todas coisas, de termos o comando de nossas vidas, para dependermos do suprimentoda providência e da suficiência de Deus.
Crescemos na graça quando abandonamos o orgulho e a soberba e nos dispomos a aprender o caminho da humildade, reconhecendo que tudo vem d’Ele e tudo é para Ele, pois aos humildes Ele concede graça.
Crescemos na graça quando aprendemos a receber o amor de Deus e viver para o louvor da Sua glória e para servir a Ele na capacitação com que Ele mesmo nos supre, por Sua graça.

Caros, que a suficiente graça de Jesus seja com cada um de vocês.

Seu conservo e companheiro de jornada,

Fernando Saboia

Fsav/isn-bsb/2020AD

domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa e Libertação

Irmãs e irmãos queridos, companheiros de jornada pascal,

Hoje é Domingo de Páscoa e encerramos nossa jornada rememorando o fato mais importante da história humana: a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.
Nesses dias de jornada fomos chamados a meditar no sacrifício de Jesus, nosso Cordeiro Pascal.
O evento da Páscoa na História de Israel, na qual se insere a Ceia do Senhor e Seu martírio, nos inspiram e nos revelam o mistério de Deus em Cristo: a escravidão, o chamado, a resistência, a mão poderosa de Deus, o sacrifício dos primogênitos, a expiação pela morte vicária do animal, o sangue, a aliança, a peregrinação pelo deserto, a Terra Prometida.
Libertados do jugo do Faraó, os hebreus descobriram, na passagem pelo deserto, que a escravidão lança seus grilhões e algemas profundamente na alma humana e, assim, eles não conseguiram viver a liberdade naquela geração que fora criada no Egito. 
Deus teve que esperar os filhos nascidos no deserto, mas nascidos livres, para dar cumprimento a Sua promessa feita a Abraão.
Também nós fomos libertados da escravidão do pecado, chamados à comunhão com o Senhor, enviados a uma peregrinação e a uma missão até o dia em que estaremos no Reino Eterno.
"Foi para a liberdade que Cristo vos libertou", proclama o apóstolo. Jesus nos libertou para vivermos como livres. 
No entanto, como ocorreu com aquela geração que saiu do Egito, nossa alma permanece, muitas vezes, encolhida, tímida, temerosa de sua liberdade diante do desconhecido, das imprevisíveis e incríveis possibilidades que se nos apresentam como desafios existenciais no seguir Jesus e viver o Seu Reino neste mundo hostil.
Fomos, por muito tempo, escravos do tempo, da razão, do natural, do possível. Fomos escravos da história, da cultura, da sociedade que criamos, dos costumes que inventamos, dos valores que incorporamos para tornar tolerável a existência, para apaziguar nossa angústia e alienação. 
Fomos escravos de nós mesmos, de nossas limitações e do nosso egoísmo, forças que nos atraem poderosamente para o centro de nós mesmos. 
Fomos escravos e em nós ainda permanecem, profundas em nossa alma, marcas das algemas que nos prendiam. Não raro, nos comportamos como se ainda estivéssemos presos a elas.
Lembro a história de um menino que mantinha um grande elefante preso a um barbante. Perguntado por que o animal não se soltava, o garoto respondeu: "É que eu o mantenho preso assim desde filhote, quando ele não tinha forças para romper o laço. Agora, está acostumado, nem tenta mais...".
Amados, Jesus nos libertou para que fôssemos livres. Livres para andar pela fé, e não pela razão, para experimentar o sobrenatural, além do natural, para vencermos os desafios que nos levarão à eternidade, para amarmos contra o nosso egoísmo, para sermos santos a despeito do pecado, para a comunhão com Ele, embora criaturas imperfeitas e limitadas.
Habita em nós o poder que ressuscitou Cristo dentre os mortos. Por que não o usamos? Porque fomos criados escravos e não sabemos viver a liberdade que temos.
Os hebreus não eram guerreiros até aquele momento de sua história. Haviam sido pastores nômades, agora eram escravos. Quando chegaram ao Egito não passavam de um clã familiar. Quatrocentos e trinta anos de servidão não os haviam preparado para a vida em liberdade.
Desse modo, sua libertação não veio por meio de um processo de conscientização, de reivindicação de direitos ou de luta de classes. Não foi obra do povo e nem de seus líderes. Não teve a ver com nenhuma lógica de dialética histórica. Sua libertação foi um ato poderoso da soberania de Deus. Eles foram violenta e quase forçosamente lançados à liberdade!
Nós, cristãos, muitas vezes nos vemos assim: desafiados a uma vida de liberdade, de lutas, de confrontos, de experiências tremendas com o Senhor, com Sua Presença, Sua Santidade e Poder para a qual não nos sentimos capacitados ou preparados.
No entanto, podemos ter a confiança de que contamos com melhor ajuda do que a obtida por Israel, com melhores promessas, com um superior sacrifício e com uma mais perfeita aliança. 
Alguém maior do que Moisés. Um Cordeiro humano, sem defeito, provido pelo próprio Pai. A vitória sobre a morte na manhã de domingo, o Espírito de Deus derramado sobre os homens.
Não apenas libertados de uma escravidão social ou política, mas libertados de nós mesmos, do pecado, do poder das trevas e do domínio da morte. Ele mesmo, o Cordeiro que esteve morto mas que vive, vem habitar em nós, pelo Seu Espírito eterno.
Não podemos nos esquecer de que um dos significados da Páscoa é passagem, caminho, saída, peregrinação para o lugar da promessa. 
Nós, às vezes, cuidamos muito mais do que ficou para trás, do Egito que abandonamos, nos fixando no que renunciamos, nos vícios que tínhamos e na morte na cruz do que no que o Senhor nos propõe à frente, em Canaã para onde vamos, contemplando suas delícias e virtudes, desejando viver a vida que desceu da cruz.
Olhando para trás, o caminho sempre nos parecerá ter sido até ali longo e penoso, cheio de dores e de perdas, o que nos dá pouco ânimo para prosseguir. 

Olhando para frente, entretanto, para a promessa, somos renovados, como Calebe, que, aos oitenta anos, após quarenta de caminhada pelo deserto, se declara tão forte e disposto quanto no início da jornada. 
Calebe não envelheceu porque embora seus olhos naturais vissem o deserto, sua alma guardava a imagem da Terra Prometida que ele tinha visitado como espia, e a contemplava intimamente, a tornava atual e poderosa pela fé, se enchia dela. Assim, o caminho não lhe foi longo e as aflições tidas como "leves e momentâneas".
Caros irmãos, o sacrifício de Jesus nos convoca a vivermos contemplando a promessa, com os olhos na eternidade, no Autor e Consumador da nossa fé, enquanto cumprimos nossa jornada e nossa missão como servos do Reino.
Seremos, assim, continuamente renovados e sustentados pelo Senhor, vivendo a liberdade para a qual Ele nos libertou. O caminho não nos parecerá penoso, deixaremos "as coisas que para trás ficam" e seguiremos para o alvo, para o "prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".

Que a suficiente graça seja com todos.

Páscoa de 2010, Páscoa de 2020, AD.

Seu conservo e companheiro de jornada, 

Fernando Saboia
JORNADA PASCAL  2020, AD
9º Dia – Ler Mateus, Capítulo 28

A Ressurreição e a Missão

“A ressurreição de Jesus é o selo e a pedra angular da grande obra de redenção que Ele veio efetuar. Ela é a prova definitiva de que Ele pagou a dívida que se propôs a pagar em nosso favor; a prova de que Ele venceu a batalha que empreendeu para nos libertar do inferno, e de que foi aceito por nosso Pai celestial como fiador e substituto nosso. Se Ele jamais tivesse saído da prisão da sepultura, que certeza teríamos de que nosso resgate tinha sido inteiramente pago? Se Ele nunca tivesse ressurgido de seu conflito com o último inimigo, como poderíamos ter a confiança de que Ele venceu a morte e aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo? Mas graças a Deus não fomos deixados emdúvida. O Senhor Jesus realmente ressuscitou por causa da nossa justificação. Os crentes são regenerados para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (J. C. Ryle)

PARA MEDITAR E COMPARTILHAR

1) O que aconteceu com aquelas mulheres que foram ao túmulo de Jesus na manhã de domingo? O que o anjo disse a elas? O que Jesus disse a elas?

2) O que fizeram os principais sacerdotes quando os guardas lhes contaram o que tinha acontecido?

3) Leia Romanos 6:1-14

a) Qual o significado e o poder da cruz de Cristo para nós que fomos batizados nEle?

b) Qual o significado e o poder da ressurreição de Jesus para nós que estamos unidos a Ele pelo batismo?

c) Para você, o que significa “andar em novidade de vida”?

d) Como podemos oferecer os nossos membros a Deus como instrumentos de justiça?

4) Que ordem Jesus deu aos Seus discípulos? Como devemos obedecer isso, pessoal e coletivamente?

Fsav/isn-bsb/2020AD

sábado, 11 de abril de 2020

JORNADA PASCAL 2020, AD
8º Dia – Ler Mateus, Capítulo 27

A Crucificação

Por estarem sob o domínio do Império Romano, o Sinédrio não tinha autoridade para condenar alguém à morte. Por isso, logo na manhã seguinte, os principais sacerdotes e anciãos entregam Jesus a Pôncio Pilatos, que era o governador romano em Jerusalém e apresentam sua acusação.

1) O que você achou da atitude de Pilatos durante o julgamento de Jesus? Ele estava convencido de que Jesus era digno de morte? Por que Pilatos o condenou?

2) Uma semana antes, as multidões haviam saudado a entrada de Jesus em Jerusalém com hosanas e palmas. Agora pede sua condenação. Como você poderia explicar isso? Que lição podemos aprender?

3) Descreva os martírios, zombarias e insultosa que Jesus foi submetido. Lendo Isaías, Capítulo 53, como podemos ver cumprida em Jesus aquela profecia? Como isso afeta nossas vidas?

4) Que eventos extraordinários aconteceram enquanto Jesus morria na cruz? LeiaHebreus 10:19-25. Qual o tremendo significado para nossas vidas do fato do véu do santuário ter sido rasgado “em duas partes, de alto a baixo” (Mat. 27:51)? Segundo o texto de Hebreus, qual o verdadeiro véu rasgado que nos deu acesso a Deus?

5) Onde e como Jesus foi sepultado? Que providências foram tomadas para pelas autoridades quanto à guarda do seu túmulo?

Fsav/isn-bsb/2020AD