Novo vírus, antiga humanidade
“No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. ... Any man’s death diminishes me, because I am involved in mankind; and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee”.
John Donne (1572 – 1631)
I
Nosso mundo tão moderno, agitado
Ruidoso, musicado
Tão colorido, cintilado
De repente quieto, calado
Perplexo, cinzento
Silêncios nas ruas
E nas pessoas que passam
E se apressam
Distanciando-se umas das outras
Máscaras e não rostos
Escudos e não roupas
As certezas se tonaram dúvidas
As agendas se esvaziaram
Os planos, sonhos e fantasias
Foram travados pela realidade
E necessidades:
Uma dura lição da fragilidade e simplicidade
De valores que não estão cotados nas bolsas
Nem nos mercados
Mas nos nossos corações
O deserto na cidade, o desalento na alma:
Ilusórias conexões virtuais não nos bastam
Ainda queremos afetos e abraços
Somos uma raça presencial
II
Ruas e agendas desertas
Mentes em confusão
Solitude ou solidão?
Presentes e futuros incertos
Distantes presenças
E próximas ausências
Sanidade ou demências?
Perguntas poucas
E agoniadas
Respostas muitas
E desencontradas
Uma só humanidade
Um só destino
Uma voz do passado
Traduzida para hoje:
“Nunca pergunte de quem as estatísticas falam,
Elas falam de você”
III
As chuvas que encerram Março
E introduzem o Outono
Me lembram que o Planeta ainda orbita
Um Sol que passeia
Numa Galáxia que ninguém sabe
Para onde vai
Deus está novamente a unir a humanidade
Com a agulha da aflição e o fio do tormento
Somos uma só raça
Temos um único Criador
Estamos fadados a um só encontro final
Com Aquele que é o Princípio de tudo
Precisamos de uma só salvação
Para o vírus que mata o corpo
Para o egoísmo que mata a alma
Fernando Saboia Vieira
Março 2020, AD
Nenhum comentário:
Postar um comentário