sábado, 15 de fevereiro de 2020

O que significa buscar primeiro o Reino?

Caros companheiros de jornada bem busca da vida interior, 


            Registro uma palavra recém compartilhada em nossa congregação.



“Busquem, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça”

Mateus 6:33


O Reino de Deus deve ser o centro da vida dos discípulos, como foi o da vida de Jesus. Ele representa o governo do Pai em tudo, acima de tudo, antes de tudo e como o objetivo de tudo. Quando nos convertemos passamos a viver essa Realidade do Reino manifestada em todos os aspectos de nossa pessoa e de nossas ações e palavras, ainda que em meio a nossas circunstâncias e atividades neste mundo, pois, embora nele vivendo, a ele não pertencemos mais.

É importante lembrar que o chamado Sermão do Monte foi pregado por Jesus para seus discípulos, embora houvesse, naquela ocasião, uma multidão de ouvintes à Sua volta. Nele, o Senhor destaca a essência do Reino de Deus e seu impacto na vida daqueles que passam a pertencer a ele, em contraste com a vida dos religiosos judeus e dos gentios. Não se trata de uma proposta ética ou religiosa apresentada abstratamente, mas de um convite a uma experiência concreta da presença e do governo de Deus.

A exortação para que os discípulos busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça conclui uma seção da pregação de Jesus em que Ele trata da condição de ansiedade que as pessoas viviam em razão das carências, inseguranças e perigos da vida comum: o suprimento de necessidades, a limitação da existência. 

Após destacar o cuidado do Pai que está nos céus, o Senhor indica qual deve ser nossa postura básica diante dos desafios de viver: buscar o Reino em primeiro lugar e sua justiça. Apenas dessa forma eliminaremos a ansiedade e experimentaremos a misericórdia e o cuidado de Deus a cada dia, em cada circunstância.

Jesus nos revela aqui um diagnóstico profundo da condição humana, decorrente do pecado – a angústia, o medo, a ansiedade, a desesperança face ao caos da vida e dos relacionamentos e à inevitabilidade da morte – e nos aponta o caminho para uma vida plena de significado e esperança – o pertencimento ao Reino de Deus, a recuperação da condição de filhos, objetos do Seu amor e cuidado.

A decisão de pertencer ao Reino de Deus, no entanto, exige um comprometimento integral de quem somos e de como vivemos. Jesus ao nos chamar ao discipulado, nos convoca ao arrependimento, à renúncia a tudo o que temos, aos nossos amores e até a nossa própria vida. Isso é necessário para que possamos receber d’Ele a nova vida com tudo o que ela pode nos proporcionar.

Trata-se de passar pela porta estreita da conversão e depois tomar o caminho apertado da transformação pessoal, por meio da busca cotidiana e decidida da justiça do Reino de Deus.

            E no que consiste a justiça do Reino de Deus? Consiste, essencialmente, na efetivação da vontade de Deus, de Sua verdade e propósito em cada área de nossa vida. Esse é o tema geral de todo o sermão: amar o inimigo, dar a outra face, andar a segunda milha, perdoar, buscar a reconciliação, a misericórdia, a pureza de intenção etc. 

Destacamos alguns fatos essenciais da chegada do Reino de Deus.

·     Em Mateus 4:17-25, encontramos o registro do início do ministério de Jesus com o anúncio do Reino de Deus e o chamado ao arrependimento e ao discipulado
·     Em Filipenses 2:1-11, Paulo destaca a vida de humildade e serviço de Jesus, seu sacrifício na cruz e sua exaltação na ressurreição e ascensão.  
·     Em Mateus 28:18-20é o próprio Senhor ressurreto quem toma sobre si toda a autoridade do Pai e com base nela nos envia a discipular as nações.
·     Em Romanos 14:9, 17, Paulo declara que Cristo morreu e ressuscitou exatamente para ser Senhor e que o Seu Reino consiste em justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

A partir desses fatos podemos meditar sobre a concretização ou aplicação do Reino em vários aspectos específicos de nossa vida, tais como:

·     Identidade e pertencimento: quem somos, quem Deus deseja que nos tornemos, a quem pertencemos, qual nosso destino e propósito de viver.
·     Santidade: separação e consagração. Separados do pecado, consagrados a Deus ao relacionamento com Ele, Sua vontade.
·     Relacionamentos: amor a Deus, amor ao próximo, amor aos inimigos. Viver e repartir do amor do Pai, vida de família, de igreja, em comunidade.
·     Escolhas, decisões: tudo o que desejamos e tudo o que fazemos deve estar diante do Senhor de nossas vidas.
·     Adoração: centro de nossa vida interior e essência de tudo o que fazemos.
·     Serviço: viver como o Senhor viveu uma vida de serviço ao Reino de Deus.

Muito importante: buscar o Reino em primeiro lugar não significa criar uma hierarquia nas nossas atividades para dar prioridade às coisas que consideramos espirituais, tentando dar destaque e reservar tempo para elas. Buscar o Reino em primeiro lugar significa buscar a vontade, o governo e a justiça de Deus em tudo o que fazemos e em tudo o que somos, dependendo d’Ele e esperando n’Ele. 

O Reino de Deus precisa ser buscado! Ele é o tesouro oculto no campo e a pérola mais preciosa. A porta estreita que exige nosso empenho para passar por ela, pois dá acesso ao caminho da vida. Preocupa-nos ver nosso País se tornando “evangélico” pela disseminação de uma cultura religiosa sincrética, de portas e caminhos largos, sem arrependimento e compromisso, sem transformação pessoal e serviço, comprometida com o mundo e com seus “principados e potestades”, que nada tem a ver com o Evangelho que Jesus pregava.

Devemos buscar intensamente o Reino em primeiro lugar nos nossos pensamentos, sentimentos e desejos, em nossos relacionamentos, nas nossas tarefas e atividades, nas dificuldades e provações, nas alegrias e nos prazeres.

Essa busca nos dá sentido e harmonia à vida, nos integra como pessoas, traz propósito e significado ao que fazemos e vivemos, nos coloca em relacionamentos corretos com os outros e nos proporciona confiança e esperança, nos livrando dos medos, da ansiedade e do vazio.

Ao buscarmos o Reino em primeiro lugar e sua justiça nos esvaziamos se nós mesmos e nos entregamos ao cuidado do Pai Celeste, para recebermos d’Ele todas coisas de que necessitamos e que vão nos proporcionar uma vida plena e eterna.


      Brasília, fevereiro de 2020, AD.


Fernando Saboia Vieira

      

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