sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os ipês roxos florescem em junho



I

Como não pensar em tudo
E deixar a mente vazia
À procura do sentido
E do sentimento
Da emoção, da beleza
E do momento?

Tudo foge
E tudo se encontra
Nesta inesperada e fria
Manhã de chuva fina
Em pleno junho

Uma serenidade úmida me envolve
Abraça todas as coisas
Com ares de inverno me comove

Me enche de pensamentos fluidos
Recortados
A vida revela seus segredos dúbios
Encantados

II

Emoções emprestadas
Historias contadas, vividas
Sonhadas
Na delícia das despedidas
Cheias de reencontros

Tudo na vida são os gemidos
Das almas rompendo a mudez
Desses corpos vazios
Enchendo os sons de sentidos
De novos mundos
De lendas e lugares perdidos

III

Longas pausas
Suspendem o tempo
E o pensamento

A eternidade
Traz pleno o vento
E o momento

O céu absurdamente azul
O planeta teimosamente verde
As flores rebeldes e coloridas

IV

Amar é escolha
E encontro
Fatalidade e decisão
Sonhar a realidade
E viver o sonho

Amar é começar
Como se continuasse
É se perder onde se está
É se encontrar
Onde nunca se esteve

Amar é saber
Que esses olhos são os únicos
Que te dizem tudo
Que te importa que brilhem
Que podem te achar
Quando a nuvem escura
Já encobriu céus e terra


Fernando Sabóia
De "Meu Caminho Coberto de Flores de Ipê Roxo"

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