terça-feira, 28 de junho de 2011

50 ANOS

I


Mais silenciosos
Do que o esperado

Como uma pausa
Como se cruzasse um portal
Entre mundos e eras
Como se tudo tivesse sido apenas
Uma longa introdução

Perdi coisas
Que nunca tive

Futuros que não aconteceram
Passados inexistentes

Ganhei coisas
Que sempre tive

Passados vividos
Futuros encontrados


II


Perdeu-se o tempo
Da simplicidade
De ser ingênuo ou herói

Saber é um caminho
Sem volta
Pensar é um vício
Sem cura

Agora
O caminho
Se torna peregrinação
E o tempo
Apenas uma possibilidade


III


Faço perguntas
Cada vez mais humanas
Em busca de razões
Cada vez mais divinas

Obtenho cada vez menos
Respostas

Mas tenho, cada vez mais
A silenciosa companhia
Da Palavra
Da Palavra plena
E transitiva em si mesma


IV


Translúcido
Transparente
Completamente atravessado
Vazado
Sem opacidades
Sem toldos

Não consumido
Não obliterado

Refratado
Decomposto
Reposto
Integrado

Seus olhos, Seus olhos
Como chamas de fogo...



Fernando Sabóia

De "Meu Caminho Coberto de Flores de Ipê Roxo"

3 comentários:

  1. Comentário do Sérgio Avillez

    Fernando,

    Você sempre me encanta de muitas formas. Aqui em Bogotá lembro de ti quase todo o tempo. Tanto a beleza singela do local, dos irmãos quanto das palavras proclamadas aos cantos por muitos.

    Realmente:

    Saber é um caminho
    Sem volta
    Pensar é um vício
    Sem cura

    Obrigado por você ser o que é! Obrigado por expressar muitas vezes meu coração.

    Ainda desejo fazer uma viagem contigo. Vou aprender muito.

    Abraços,

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  2. Parabéns e obrigado pelos edificantes pensamentos!

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  3. Belíssimo poema e que me edificou muito! Me lembrou de Ec 3:15

    "O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou."

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