Estou indo para o Ceará, rever o povo, o mar, o sertão, reencontrar o Corisco, um dos muitos seres que habitam minha alma.
Se puder, dou notícias de lá.
Volto em agosto para meu exílio no planalto central.
Vão aí mais alguns versos da minha alma nordestina...
A coragem
O sol, a seca, a luta imensa
Quem tem nos olhos o agreste
A terra dura, rubra, intensa
Não tem medo nem da maldade
Nem do destino
Só tem medo da fraqueza, da solidão
E do desatino
O perigo é a vida
A morte é o descanso
A peleja é o dia
A tarde é o remanso
De noite é a lua, a conversa, uma canção
A saudade do que nunca viu
A lembrança do que partiu
A vida vivida como se fosse uma oração
O que é que eu faço
Com essa dor sertaneja
Com essa raiva nordestina
Com essa indignação seca
Que me seca os olhos
E a alma?
Tão longe eu fui
Retirante de mim mesmo
Perseguido pela secura
Do meu coração
Com vou ter pouso
Se levo na alma os túmulos
Dos meus mortos
E no coração
A carestia dos sentimentos?
Quanto parti pra tão distante
Não sabia que levava comigo, pendente
Minha sina, minha luta
Meu destino, minha vida indigente
A oração
Não é debaixo do peso e do calor da vida
Quando fecho os olhos não é de medo
Da boca arreganhada do destino
É diante do Deus criador de todas as coisas
Que tem nas mãos o dar e o tomar
O nascer e o morrer
O tempo, o vento e o andar do mundo
Eu sei que devia só agradecer
A vida, a luta, o sustento de cada dia
Mas como é tão grande a carestia
Um pouco também careço de pedir
Mas só peço paz, e junto com o pão
Peço saúde e paciência na provação
Peço um caminho seguro
Pros perigos da vida
E na desdita da morte
Ter no céu acolhida
Fernando e cia... Aproveitem e muito as belezas do Ceará! Suas poesias me deram saudades desta nossa terra tão linda e tão marcada por tantas emoções. Tô agora em Moçambique, estendendo a alma nordestina por essas terras do além mar... Espero encontra-los de novo, desta vez na Bahia pra variar... Abraços com afeto, Veronica
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