quinta-feira, 8 de julho de 2010

Tesouros, Simplicidade, Paz e Esperança


Reflexão sobre Mateus 6:19-34


(Fernando Sabóia, BsB, julho/2010, aD)


Irmãos queridos,



Esse texto nos fala, essencialmente, de uma vida simples, despojada, totalmente referenciada a valores eternos, não materiais, e alimentada por um relacionamento confiante com o Pai celeste.

Jesus se refere à busca de uma riqueza interior, espiritual, que orienta, atrai e vincula toda nossa existência neste mundo e nos conduz ao nosso destino eterno.

Essa busca começa com uma simplificação, purificação e clarificação do nosso olhar. Como a luz, nosso olhar se lança sobre objetos do mundo exterior, os seleciona e os projeta como imagens para nosso mundo interior e, assim, o “ilumina”. Dirija-se nosso olhar a objetos incapazes de satisfazer os anseios e necessidades da alma, esta permanecerá em “trevas”.

Nosso olhar natural está sempre contaminado, poluído com inúmeras e variadas buscas, que refletem nossas muitas preocupações, atraído por diversos brilhos e luzes, que comunicam incessantemente ao coração alvos, desejos, temores, ansiedades, sonhos, projetos, ambições, tantas vezes contraditórios entre si e nefastos à vida humana dentro do propósito de Deus.

Esse olhar inquieto reflete uma alma inquieta, que ainda não encontrou total repouso no seu verdadeiro lar, ainda não adquiriu seu tesouro incorruptível. Mesmo depois de convertidos, mantemos, por longo tempo, o velho hábito de olhar ansiosamente para o mundo à busca de múltiplas coisas que nos parecem essenciais, desejáveis, necessárias, atraentes ou mesmo boas e espirituais. Lícitos ou ilícitos, esses diversos objetos e alvos nos perturbam, nos confundem, nos fatigam a alma e não a saciam.

Buscar um único tesouro e dirigir ao mundo um olhar simplificado, purificado, clarificado por essa busca singela. Esse é o ensino do Mestre, essa é a luz que pode iluminar todo nosso ser.

Jesus aprofunda essa questão ao nos revelar que nosso olhar se dirige, em verdade, ao nosso “senhor”, àquilo ou àquele que comanda nossa vida. E aqui uma escolha fundamental se impõe: a quem ou a que servimos? A quem ou a que voltamos nosso olhar? Qual a luz que nos ilumina, ou será que vivemos em trevas interiores? Qual o tesouro que buscamos? Onde está o nosso coração?

Essas são as raízes de uma vida cheia de ansiedade: tesouros na terra, coração preso ao que perece, olhares temerosos, inquietos, servidão aos bens materiais, inseguranças quanto à vida, ambições e desejos ligados a este mundo.

Jesus indica os fundamentos de uma vida sem ansiedade, repleta de paz e de sossego: busque tesouros no céu, que não podem ser roubados e não se corrompem, simplifique (purifique) seu olhar contemplando apenas Jesus, sirva a Deus somente, que é o seu Pai celeste. Ele conhece todas as suas necessidades e as provê. Não os seus desejos, fantasias e ambições, mas suas verdadeiras necessidades: sustento para o corpo, alimento para a alma, sentido para a existência, paz e esperança, produtos do amor do Pai, vida eterna com Ele.

Assim, o que deve ser buscado em primeiro lugar, o tesouro oculto, a verdadeira luz, a real segurança é o reino de Deus, que só pode ser encontrado debaixo do governo gracioso de Jesus. Só Ele pode nos dar esperança para o dia de amanhã, pois do futuro o Senhor também cuidará, sendo, por isso, inúteis nossas (pré)ocupações.

Amados, que a graça e a paz de Jesus sejam com todos.


Brasília, em 7 de julho de 2010, aD.


Fernando Sabóia Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário