ORAÇÃO
MENTAL
Thomas
Merton
A
melhor coisa que os iniciantes na vida espiritual podem fazer, depois de terem
de fato adquirido a disciplina de mente que lhes possibilite se concentrar num
tema espiritual e ir além da superfície de seu significado e incorporá-lo a
suas próprias vidas, é adquirir a agilidade e liberdade de mente que os ajude a
encontrar luz e calor e ideias e amor a Deus em toda parte por onde forem e em
tudo o que fizerem. As pessoas que só conseguem pensar em Deus durante certos
períodos fixos do dia nunca irão muito longe na vida espiritual.
Aprenda
a meditar no papel. Desenhar e escrever são formas de meditação. Aprenda a
contemplar obras de arte. Aprenda a orar nas ruas ou no campo. Aprenda a
meditar não apenas quando tiver um livro nas mãos, mas também quando estiver
esperando um ônibus ou indo num trem.
A
meditação é uma disciplina dupla, que tem uma dupla função. Em primeiro lugar,
ela é capaz de lhe dar suficiente domínio de seu espírito, de sua memória e de
sua vontade para torná-lo capaz de se concentrar e de se desviar das coisas
exteriores, dos afazeres, das ocupações, dos pensamentos e das preocupações de
sua existência temporal; e, em segundo lugar, o que é o verdadeiro objetivo da
meditação, ela lhe ensina a se tornar consciente da Presença de Deus, e,
principalmente, ela tende a levar você a um estado quase constante de amor e de
cuidado por Deus, e de esperança nEle.
Eis
a que se propõe realmente a meditação: ensinar-nos como nos libertarmos das
coisas criadas e das preocupações temporais, nas quais encontramos apenas
inquietação e tristeza, e nos fazer entrar em contato consciente e amoroso com
Deus, contato que nos dispõe a receber dEle o auxílio de que tanto necessitamos
e a tributar a Deus o louvor, a honra, as ações de graça e o ar que agora somos
felizes em Lhe oferecer.
Thomas
Merton, “Seeds of Contemplation”, cap. 20.
Tradução
de Fernando Saboia Vieira.
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