Temos, basicamente, os textos de Efésios 6:4, Colossenses 3:21; 1a a Timóteo 3:4-5 e Tito 1:6.
Por outro lado, nós, pais modernos, temos que enfrentar os amplos desafios envolvidos na criação de filhos em nossa complicada e pervertida geração.
Creio que esse propósito está razoavelmente bem delineado para nós, e poderia, talvez, ser resumido nas seguintes frases:
- formar os filhos para o Reino de Deus;
- transmitir a imagem de Deus para eles na versão masculina, tanto para os filhos quanto para as filhas;
- transmitir e ensinar a eles as verdades absolutas de Deus;
- exercer sobre eles a autoridade de pais, trazendo o governo de Deus sobre suas vidas;
- transmitir e ensinar a eles o amor de Deus;
- tudo isso sem irritá-los nem desanimá-los, isto é, sem produzir rebeldia nem apatia;
- apontar para eles caminhos na vida e encaminhá-los nas decisões que devem tomar
- levá-los à maturidade como pessoas e como cooperadores no propósito de Deus.
Tarefa essa não pequena, especialmente se consideramos que vivemos numa sociedade avessa a autoridade, avessa à verdade, violenta, competitiva, egoísta, hedonista, materialista.
Uma sociedade que desafia abertamente o Cristianismo, seus fundamentos e valores, que interfere cada vez mais nas famílias e na formação das pessoas, inclusive por meio da autoridade legal do Estado, que desafia a identidade masculina e seu papel na família e nas relações sociais.
Uma sociedade que impõe uma pauta de questões a serem tratadas pelos pais com seus filhos, muitas vezes introduzindo precocemente temas e incutindo valores e comportamentos hostis ao Reino de Deus.
Uma sociedade dominada pela mídia e pela tecnologia, que torna as pessoas solitárias e individualistas, apesar da ilusão de relacionamento criada pelas chamadas redes sociais, e prisioneiras do entretenimento, da sensualidade e das informações selecionadas para elas.
Penso que também temos tido excelente revelação e ensino acerca dos princípios e estratégias que devemos adotar para cumprir nossa tarefa como pais, tais como:
- ser exemplos em tudo, para que nossos filhos nos imitem;
- ser muito firmes no ensino, na admoestação e na disciplina, para que sejam bem formados;
- exercer com determinação e graça nossa autoridade, para que se submetam a nós e a Deus;
- orar constantemente por eles, para que sejam transformados e ganhem entendimento das coisas espirituais;
- mantê-los o mais possível longe do mundo, para que se convertam ao Reino e sejam santos.
Essas direções não devem ser jamais abandonadas ou enfraquecidas, se queremos atingir o propósito de Deus em nossas casas.
No entanto, penso que algumas dificuldades podem surgir na prática, na dinâmica e na diversidade das experiências de vida.
Primeiro, não conseguiremos ser perfeitos no exemplo, no ensino e na formação dos nossos filhos. Se nossos filhos dependessem disso para serem santos e viverem a plenitude de Deus não haveria esperança para eles (pelo menos não para os meus!). Colocar todo o peso dos “fracassos” em sua formação sobre os pais não me parece uma avaliação justa e corajosa do que tem ocorrido, por vezes, com os jovens filhos de discípulos.
Há pais que se esforçaram e se esforçam para viver uma vida cristã autêntica e criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor e que, a despeito disso, enfrentam dificuldades com eles e os vêem tropeçarem. Esses, como penso, não precisam de um peso extra de culpa, para além do que já lutam e sofrem.
Certamente todos nós, e eu em primeiro lugar, honestamente, precisamos melhorar em muito quanto a esses aspectos. Sem dúvida que muitos jovens não têm tido correto exemplo e ensino de seus pais cristãos e esses são responsáveis diante de Deus por isso. Mas a Bíblia diz que os filhos não herdam a justiça e nem a iniquidade dos pais. Cada um responde diante do Senhor por si mesmo (Equeziel 18).
Isso não diminui a responsabilidade dos pais, mas significa que não podemos estabelecer uma relação direta e unívoca entre santidade e acertos dos pais e santidade dos filhos, nem entre erros dos pais e fracassos dos filhos.
Há pais abomináveis que têm filhos santos, e pais santos cujos filhos rejeitam a fé e se tornam réprobos.
Também não podemos encarar o ensino que temos recebido e aplicado como perfeito, completo e garantidor de resultados. Imperfeitamente conhecemos e imperfeitamente profetizamos. É o Espírito quem traz, dia após dia, entendimento e revelação sobre a vontade do Senhor. É preciso depender dEle sempre e não nos confiarmos em métodos ou formulações didáticas.
Cremos que a Bíblia, e só ela, contém o suficiente e necessário para uma vida piedosa, na forma como foi escrita, inspirada e vivificada pelo Espírito Santo. Nosso ensino e doutrina acerca das verdades bíblicas deve ser constantemente revisto e reavaliado, sob pena de o alçarmos ao patamar da revelação escrita e deixarmos de atender ao Senhor.
Talvez a idéia de que tivéssemos encontrado um ensino acabado e perfeito e orientações claras e suficientes sobre a criação de filhos, como se fossem um manual de regras e instruções para fazer tudo dar certo, seja uma das explicações para nossas perplexidades presentes. Talvez tenhamos respondido com regras e fórmulas prontas a situações para as quais deveríamos ter buscado, em oração e quebrantamento, discernimento e orientação divina.
Penso também que não se pode criar seres humanos em cativeiro, nem mesmo numa dourada gaiola espiritual, pois foram dotados pelo Criador de livre arbítrio. Foram feitos para amar, e amar é escolher. Se não tiverem a possibilidade de errar, jamais poderão ser verdadeiramente santos nem amar ao Senhor.
Jesus não retirou Sua igreja do mundo, mas está ao lado dela para que nele cumpra o propósito de Deus. Nossa missão não é nos protegermos das más influências do presente século, mas levar aos homens da nossa geração a mensagem poderosa e transformadora do Reino.
Um outro aspecto que merece, a meu ver, reflexão, é que não podemos ter uma expectativa exagerada sobre nossos filhos. Eles não serão perfeitos, mas lutarão contra o pecado dada dia, como todos nós, ainda que tenham sido ensinados desde cedo no caminho do Senhor.
Acho que a expectativa dos pais, tornada, não raro, exigência, de que seus filhos sejam perfeitos torna-se, para muitos filhos de cristãos, um fardo pesado e verdadeiro tropeço para suas vidas espirituais. Muitos acabam desenvolvendo uma espiritualidade rasa, de fachada, para agradaram seus pais e não comprometerem o testemunho e o ministério deles, sem espaço para exporem suas lutas, dificuldades e defeitos.
É nesse sentido também que, penso, devemos entender a exortação para não desanimar os filhos. A palavra nesse texto é apatia, e significa a ausência de vontade, de impulso de vida. Vemos, por vezes, filhos quietos, obedientes, dóceis... mas absolutamente apáticos, sem brilho, sem vigor, sem determinação sem sonhos.
Por outro lado, expectativas e exigências exageradas provocam irritação e rebeldia, especialmente quando falta a liberdade necessária para expor as dificuldades e debilidades.
Diante disso, quero propor uma outra leitura da nossa tarefa de pais, que não exclui, de modo algum, a anterior, antes a afirma.
Quero sugerir que atentemos para os seguintes alvos e princípios:
- que nossa primeira preocupação seja levar nossos filhos a conhecerem e amarem profundamente ao Senhor, e não a reproduzirem um determinado comportamento e a repetirem maquinalmente uma dogmática;
- que eles sejam desafiados a que experimentem Deus por si mesmos, e não estimulados a se conformarem com as experiências de seus pais e líderes;
- que busquemos dar a eles condições e espaços para fazerem suas escolhas livres do jugo do mundo e não lhes impondo outro nosso;
- não decidir por eles o que lhes couber decidir, ainda que com o risco de que eventualmente cometam erros;
- levá-los a que vivam uma fé humana, encarnada, e não uma espiritualidade irreal, mística, religiosa a nosso modo;
- que vivam uma fé contemporânea, não anacrônica, vivendo e proclamando o Reino no século XXI;
- é fundamental permitir que expressem seus conflitos e dúvidas;
- que sejam incentivados a desenvolver suas potencialidades como seres humanos e a com elas honrarem ao Senhor que os criou;
- aceitar que eles sejam quem são, não criar expectativas exageradas e nem condicionar nosso amor e aceitação a qualquer realização ou desempenho deles.
Como fazer isso? Também não creio que aqui haja uma resposta pronta ou um manual de tarefas capaz de dar conta de tudo.
Penso, no entanto, que nosso caminho como pais terá que passar ao menos pelos seguintes pontos:
- teremos que amar profundamente o Senhor e deixar que esse amor marque nossa vida de modo evidente e claro, nos bons e maus momentos;
- é essencial mostrar autenticamente quem somos para que nossa vida represente algo que pode genuinamente ser imitado;
- ter pelos nossos filhos a mesma graça e compaixão que muitas vezes expressamos em relação aos filhos das outras pessoas e aos pecadores em geral;
- temos que nos lembrar constantemente de que filhos de cristãos não são “mini santos” nem “anjos”, mas descendentes de Adão e Eva, sujeitos às mesmas fraquezas e pecados que os demais;
- também não se deve fazer das crianças “mini adultos”, fazendo-os repetir palavras que não entendem e gestos que eles apenas imitam dos mais velhos;
- muitos pais se enganam vendo os filhos citarem versículos, orarem e pregarem como adultos e não percebem que eles estão apenas imitando os mais velhos para agradar aos pais, e não expressando uma maturidade que ainda não podem ter pela tenra idade;
- que nossos filhos amem o Senhor como crianças, se são ainda crianças, como adolescentes, se são adolescentes, como jovens, se são jovens;
- acho fundamental que as crianças tenham espaço para brincar e sonhar, que os jovens possam expressar sua vitalidade e criatividade, não sendo reprimidos por um mundo já pronto, pré-fabricado para eles, onde se espera que eles apenas se “encaixem”;
- temos que ter cuidado para não colocar pesos excessivos sobre eles, sobrecarregando-os com regras, julgamentos e culpas e levando-os à irritação e ao desânimo;
- é preciso respeitar a humanidade dos filhos, suas idades e limitações, seus conflitos e crises, mesmo com o Reino e com a fé, para que, de fato, se convertam;
- vamos sempre nos lembrar que os pais não substituem o Espírito Santo;
- jamais nos esquecermos de orar e de proclamar o Reino para eles;
- buscar expressar a paternidade de Deus, repleta de graça e misericórdia, sem o que não se pode chegar à santidade.
Só conheço duas sínteses que dão conta dos muitos paradoxos envolvidos na vida com Deus: a profecia e a poesia.
Assim, como profecia, proponho a leitura e meditação de Isaías 54.
Como poesia, ouso compartilhar uma de minha autoria.
Graça seja com todos
Fernando Sabóia Vieira
Brasília, em agosto de 2010, aD.
Poema para o Pai e para os pais
“Certo homem tinha dois filhos...o filho mais novo...partiu para uma terra longínqua...” Lucas 15:11-13
O filho partiu
e o Pai permaneceu lá.
Moído de compaixão e de saudades,
Ele estava lá.
Todos os dias,
os olhos envelhecendo
na curva do Caminho,
Ele estava lá.
Não podia ir buscá-lo,
pois a distância não era
a dos passos,
senão a do coração.
Mas Ele estava lá.
Um dia, talvez, por vergonha,
medo ou necessidade,
por tristeza ou saudade,
ele havia de se lembrar
de que o Pai estava lá,
e acharia o Caminho
de volta.
E Ele estaria lá.
Os pais não precisam ser
homens excepcionais.
Apenas precisam aprender,
com o Pai,
a estarem lá,
sem distâncias no coração,
com a esperança renovada
na persistência do amor.
O lar não é um lugar.
O lar é um abraço.
Brasília, em 13 de agosto de 2000, AD, dia dos pais.
Fernando Sabóia
Por outro lado, nós, pais modernos, temos que enfrentar os amplos desafios envolvidos na criação de filhos em nossa complicada e pervertida geração.
Creio que esse propósito está razoavelmente bem delineado para nós, e poderia, talvez, ser resumido nas seguintes frases:
- formar os filhos para o Reino de Deus;
- transmitir a imagem de Deus para eles na versão masculina, tanto para os filhos quanto para as filhas;
- transmitir e ensinar a eles as verdades absolutas de Deus;
- exercer sobre eles a autoridade de pais, trazendo o governo de Deus sobre suas vidas;
- transmitir e ensinar a eles o amor de Deus;
- tudo isso sem irritá-los nem desanimá-los, isto é, sem produzir rebeldia nem apatia;
- apontar para eles caminhos na vida e encaminhá-los nas decisões que devem tomar
- levá-los à maturidade como pessoas e como cooperadores no propósito de Deus.
Tarefa essa não pequena, especialmente se consideramos que vivemos numa sociedade avessa a autoridade, avessa à verdade, violenta, competitiva, egoísta, hedonista, materialista.
Uma sociedade que desafia abertamente o Cristianismo, seus fundamentos e valores, que interfere cada vez mais nas famílias e na formação das pessoas, inclusive por meio da autoridade legal do Estado, que desafia a identidade masculina e seu papel na família e nas relações sociais.
Uma sociedade que impõe uma pauta de questões a serem tratadas pelos pais com seus filhos, muitas vezes introduzindo precocemente temas e incutindo valores e comportamentos hostis ao Reino de Deus.
Uma sociedade dominada pela mídia e pela tecnologia, que torna as pessoas solitárias e individualistas, apesar da ilusão de relacionamento criada pelas chamadas redes sociais, e prisioneiras do entretenimento, da sensualidade e das informações selecionadas para elas.
Penso que também temos tido excelente revelação e ensino acerca dos princípios e estratégias que devemos adotar para cumprir nossa tarefa como pais, tais como:
- ser exemplos em tudo, para que nossos filhos nos imitem;
- ser muito firmes no ensino, na admoestação e na disciplina, para que sejam bem formados;
- exercer com determinação e graça nossa autoridade, para que se submetam a nós e a Deus;
- orar constantemente por eles, para que sejam transformados e ganhem entendimento das coisas espirituais;
- mantê-los o mais possível longe do mundo, para que se convertam ao Reino e sejam santos.
Essas direções não devem ser jamais abandonadas ou enfraquecidas, se queremos atingir o propósito de Deus em nossas casas.
No entanto, penso que algumas dificuldades podem surgir na prática, na dinâmica e na diversidade das experiências de vida.
Primeiro, não conseguiremos ser perfeitos no exemplo, no ensino e na formação dos nossos filhos. Se nossos filhos dependessem disso para serem santos e viverem a plenitude de Deus não haveria esperança para eles (pelo menos não para os meus!). Colocar todo o peso dos “fracassos” em sua formação sobre os pais não me parece uma avaliação justa e corajosa do que tem ocorrido, por vezes, com os jovens filhos de discípulos.
Há pais que se esforçaram e se esforçam para viver uma vida cristã autêntica e criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor e que, a despeito disso, enfrentam dificuldades com eles e os vêem tropeçarem. Esses, como penso, não precisam de um peso extra de culpa, para além do que já lutam e sofrem.
Certamente todos nós, e eu em primeiro lugar, honestamente, precisamos melhorar em muito quanto a esses aspectos. Sem dúvida que muitos jovens não têm tido correto exemplo e ensino de seus pais cristãos e esses são responsáveis diante de Deus por isso. Mas a Bíblia diz que os filhos não herdam a justiça e nem a iniquidade dos pais. Cada um responde diante do Senhor por si mesmo (Equeziel 18).
Isso não diminui a responsabilidade dos pais, mas significa que não podemos estabelecer uma relação direta e unívoca entre santidade e acertos dos pais e santidade dos filhos, nem entre erros dos pais e fracassos dos filhos.
Há pais abomináveis que têm filhos santos, e pais santos cujos filhos rejeitam a fé e se tornam réprobos.
Também não podemos encarar o ensino que temos recebido e aplicado como perfeito, completo e garantidor de resultados. Imperfeitamente conhecemos e imperfeitamente profetizamos. É o Espírito quem traz, dia após dia, entendimento e revelação sobre a vontade do Senhor. É preciso depender dEle sempre e não nos confiarmos em métodos ou formulações didáticas.
Cremos que a Bíblia, e só ela, contém o suficiente e necessário para uma vida piedosa, na forma como foi escrita, inspirada e vivificada pelo Espírito Santo. Nosso ensino e doutrina acerca das verdades bíblicas deve ser constantemente revisto e reavaliado, sob pena de o alçarmos ao patamar da revelação escrita e deixarmos de atender ao Senhor.
Talvez a idéia de que tivéssemos encontrado um ensino acabado e perfeito e orientações claras e suficientes sobre a criação de filhos, como se fossem um manual de regras e instruções para fazer tudo dar certo, seja uma das explicações para nossas perplexidades presentes. Talvez tenhamos respondido com regras e fórmulas prontas a situações para as quais deveríamos ter buscado, em oração e quebrantamento, discernimento e orientação divina.
Penso também que não se pode criar seres humanos em cativeiro, nem mesmo numa dourada gaiola espiritual, pois foram dotados pelo Criador de livre arbítrio. Foram feitos para amar, e amar é escolher. Se não tiverem a possibilidade de errar, jamais poderão ser verdadeiramente santos nem amar ao Senhor.
Jesus não retirou Sua igreja do mundo, mas está ao lado dela para que nele cumpra o propósito de Deus. Nossa missão não é nos protegermos das más influências do presente século, mas levar aos homens da nossa geração a mensagem poderosa e transformadora do Reino.
Um outro aspecto que merece, a meu ver, reflexão, é que não podemos ter uma expectativa exagerada sobre nossos filhos. Eles não serão perfeitos, mas lutarão contra o pecado dada dia, como todos nós, ainda que tenham sido ensinados desde cedo no caminho do Senhor.
Acho que a expectativa dos pais, tornada, não raro, exigência, de que seus filhos sejam perfeitos torna-se, para muitos filhos de cristãos, um fardo pesado e verdadeiro tropeço para suas vidas espirituais. Muitos acabam desenvolvendo uma espiritualidade rasa, de fachada, para agradaram seus pais e não comprometerem o testemunho e o ministério deles, sem espaço para exporem suas lutas, dificuldades e defeitos.
É nesse sentido também que, penso, devemos entender a exortação para não desanimar os filhos. A palavra nesse texto é apatia, e significa a ausência de vontade, de impulso de vida. Vemos, por vezes, filhos quietos, obedientes, dóceis... mas absolutamente apáticos, sem brilho, sem vigor, sem determinação sem sonhos.
Por outro lado, expectativas e exigências exageradas provocam irritação e rebeldia, especialmente quando falta a liberdade necessária para expor as dificuldades e debilidades.
Diante disso, quero propor uma outra leitura da nossa tarefa de pais, que não exclui, de modo algum, a anterior, antes a afirma.
Quero sugerir que atentemos para os seguintes alvos e princípios:
- que nossa primeira preocupação seja levar nossos filhos a conhecerem e amarem profundamente ao Senhor, e não a reproduzirem um determinado comportamento e a repetirem maquinalmente uma dogmática;
- que eles sejam desafiados a que experimentem Deus por si mesmos, e não estimulados a se conformarem com as experiências de seus pais e líderes;
- que busquemos dar a eles condições e espaços para fazerem suas escolhas livres do jugo do mundo e não lhes impondo outro nosso;
- não decidir por eles o que lhes couber decidir, ainda que com o risco de que eventualmente cometam erros;
- levá-los a que vivam uma fé humana, encarnada, e não uma espiritualidade irreal, mística, religiosa a nosso modo;
- que vivam uma fé contemporânea, não anacrônica, vivendo e proclamando o Reino no século XXI;
- é fundamental permitir que expressem seus conflitos e dúvidas;
- que sejam incentivados a desenvolver suas potencialidades como seres humanos e a com elas honrarem ao Senhor que os criou;
- aceitar que eles sejam quem são, não criar expectativas exageradas e nem condicionar nosso amor e aceitação a qualquer realização ou desempenho deles.
Como fazer isso? Também não creio que aqui haja uma resposta pronta ou um manual de tarefas capaz de dar conta de tudo.
Penso, no entanto, que nosso caminho como pais terá que passar ao menos pelos seguintes pontos:
- teremos que amar profundamente o Senhor e deixar que esse amor marque nossa vida de modo evidente e claro, nos bons e maus momentos;
- é essencial mostrar autenticamente quem somos para que nossa vida represente algo que pode genuinamente ser imitado;
- ter pelos nossos filhos a mesma graça e compaixão que muitas vezes expressamos em relação aos filhos das outras pessoas e aos pecadores em geral;
- temos que nos lembrar constantemente de que filhos de cristãos não são “mini santos” nem “anjos”, mas descendentes de Adão e Eva, sujeitos às mesmas fraquezas e pecados que os demais;
- também não se deve fazer das crianças “mini adultos”, fazendo-os repetir palavras que não entendem e gestos que eles apenas imitam dos mais velhos;
- muitos pais se enganam vendo os filhos citarem versículos, orarem e pregarem como adultos e não percebem que eles estão apenas imitando os mais velhos para agradar aos pais, e não expressando uma maturidade que ainda não podem ter pela tenra idade;
- que nossos filhos amem o Senhor como crianças, se são ainda crianças, como adolescentes, se são adolescentes, como jovens, se são jovens;
- acho fundamental que as crianças tenham espaço para brincar e sonhar, que os jovens possam expressar sua vitalidade e criatividade, não sendo reprimidos por um mundo já pronto, pré-fabricado para eles, onde se espera que eles apenas se “encaixem”;
- temos que ter cuidado para não colocar pesos excessivos sobre eles, sobrecarregando-os com regras, julgamentos e culpas e levando-os à irritação e ao desânimo;
- é preciso respeitar a humanidade dos filhos, suas idades e limitações, seus conflitos e crises, mesmo com o Reino e com a fé, para que, de fato, se convertam;
- vamos sempre nos lembrar que os pais não substituem o Espírito Santo;
- jamais nos esquecermos de orar e de proclamar o Reino para eles;
- buscar expressar a paternidade de Deus, repleta de graça e misericórdia, sem o que não se pode chegar à santidade.
Só conheço duas sínteses que dão conta dos muitos paradoxos envolvidos na vida com Deus: a profecia e a poesia.
Assim, como profecia, proponho a leitura e meditação de Isaías 54.
Como poesia, ouso compartilhar uma de minha autoria.
Graça seja com todos
Fernando Sabóia Vieira
Brasília, em agosto de 2010, aD.
Poema para o Pai e para os pais
“Certo homem tinha dois filhos...o filho mais novo...partiu para uma terra longínqua...” Lucas 15:11-13
O filho partiu
e o Pai permaneceu lá.
Moído de compaixão e de saudades,
Ele estava lá.
Todos os dias,
os olhos envelhecendo
na curva do Caminho,
Ele estava lá.
Não podia ir buscá-lo,
pois a distância não era
a dos passos,
senão a do coração.
Mas Ele estava lá.
Um dia, talvez, por vergonha,
medo ou necessidade,
por tristeza ou saudade,
ele havia de se lembrar
de que o Pai estava lá,
e acharia o Caminho
de volta.
E Ele estaria lá.
Os pais não precisam ser
homens excepcionais.
Apenas precisam aprender,
com o Pai,
a estarem lá,
sem distâncias no coração,
com a esperança renovada
na persistência do amor.
O lar não é um lugar.
O lar é um abraço.
Brasília, em 13 de agosto de 2000, AD, dia dos pais.
Fernando Sabóia
Muito preciosa esta palavra e bem objetiva e pratica tb. Que o Senhor nos capacite para cumprirmos o nosso papel com todo Zelo e firmeza em Cristo Jesus !!
ResponderExcluirobrigada, Fernando!!!
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