É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta -
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque ouço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
"Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei..."
"Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir" (Ec 1:8)
ResponderExcluirVictor Hugo disse:
Este poema parece quase um resumo de Eclesiastes. Mas, fazer o que? No final, a única conclusão a que chego é sempre a mesma que até em Eclesiastes está presente:
"De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem." (Ec 12:13)16:50
Confesso: é cansaço!...
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