Poema Nupcial - Para Gustavo e Rafaela,
“O que Deus ajuntou, não separe o homem.”
Dispam-se, joguem
fora as roupas velhas
E se vejam.
Revistam-se, usem
vestes novas,
Deixem os
caminhos já andados,
Esqueçam as
palavras desbotadas
E se descubram
mais uma vez.
Troquem de pele,
se reinventem,
Digam não e digam
sim,
Fujam da
esterilidade do talvez,
E depois comecem
tudo de novo
Pintem tudo com
cores novas
Vão a lugares
aonde não tenham ido.
Vistam as roupas e calcem os sapatos
Vistam as roupas e calcem os sapatos
Um do outro,
Troquem de olhos
e de olhares,
De língua e de
sabores,
De humores e de
dores,
De momentos e de
sentimentos.
Leiam
pensamentos, ouçam silêncios,
Respirem o mesmo
ar até se intoxicarem
Com o hálito um
do outro.
Misturem tudo na
cabeça
E nos armários,
Troquem as
gavetas e os sabonetes,
Os perfumes e os
chinelos,
Os cremes e as
escovas,
Confundam o dia
com a noite,
Espalhem-se por
todos os lados
E se recolham,
finalmente, em abraços.
Divirtam-se
sozinhos
E divirtam-se com
todos,
Sonhem com
pezinhos pequenos
Correndo pela
casa.
Rejeitem com
todas as forças
A eficiência
burocrática doméstica
Como modelo de
felicidade.
Saibam que a
busca de bens materiais
Quase sempre
produz mais dor do que prazer
E quando traz
mais prazer do que dor
É chegado o
império das trevas.
E se um dia
qualquer da vida, em qualquer lugar,
Descobrirem que,
estando juntos, estão em casa
E que, estando em
casa, podem estar juntos
Em qualquer dia
ou lugar da vida,
Saibam que não
pertencem mais
A qualquer dia ou
lugar,
Mas apenas um ao outro:
Vocês estarão,
então, verdadeiramente casados,
Vocês serão um
lar.
Brasília,
29 de julho de 2012, AD.
Fernando
Sabóia Vieira
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