procurem os homens perturbados
mas não pelo caos da vida
quebrados, não pelas lutas
embriagados, mas não de vinho
cegos, não pelas trevas
famintos, mas não de pão
sedentos, não de água
miseráveis
mas não por falta de bens
procurem homens que vagam
pela vida, perplexos,
em busca do que não conhecem
que falam palavras que não entendem
obcecados por um amor
que nunca encontraram
um amor imenso
alucinante
que não sabem de onde vem
mas que desejam ter
e que desejam dar
homens que não vêem mais
o mundo, que o mundo vai apagando
se esquecendo deles
poetas iletrados
profetas inacabados
gênios sem respostas
músicos sem harmonias
pintores sem cores
escritores sem histórias
pregadores sem palavras
Fernando Sabóia, de "Versos no Altar"
Fernando Sabóia, de "Versos no Altar"
Ao poeta:
ResponderExcluirEsta estrofe está muito boa. V. se superou. Parabéns!.
Uma parte de nós, como eles, quer ser achado, quer conhecer, quer sentir-se pleno. Amar um amor que não entende, mas sente.
Outra parte de nós quer acolher esses homens, que vagam perplexos. Quer falar de uma busca que pode ter fim, quer acolher com um amor que não é nosso, que não entendemos completamente, mas que nos transforma de modo tão intenso, que nos sentimos como que alucinados em sua imensidão.