quarta-feira, 29 de julho de 2015

O Falso Dilema da Não Felicidade no Casamento


 
         “Não nos casamos para ser felizes, mas para a glória de Deus”. Clichê!

            “Buscar a Deus é buscar a felicidade; encontrar Deus é a própria felicidade”. Agostinho.

 

            A frase clichê opõe duas coisas que não podem legitimamente ser colocadas em contradição: glória de Deus e felicidade humana.

            Deus criou o homem para uma existência plena, com a realização de todo seu potencial para amar, conhecer, criar, edificar, o que é a definição mais perfeita da felicidade. Deus criou o homem para ser feliz e, assim, glorifica-lO como Criador.  O estado de comunhão plena com Deus é o estado de maior felicidade do homem, pois cumpre completamente o propósito para o qual ele existe, e esse é também o estado que mais glorifica a Deus. O casamento é parte primordial desse projeto e, portanto, da felicidade do homem e da glória de Deus.

            A síntese agostiniana nos diz que o homem só pode ser feliz em Deus, tendo-O encontrado, em comunhão com Ele, inserido em seu propósito eterno que O glorifica plenamente. Não há oposição entre felicidade humana e glória de Deus. Bem ao contrário, são mesmo indissociáveis.

            Ocorre que, por causa do pecado, o propósito de Deus, para ser buscado e vivido nesta existência, inclui a realidade do sofrimento, pela decadência da natureza humana, pelos conflitos relacionais, pelas oposições espirituais, pelo caos da vida, pela deterioração da criação.

Nesse sentido, o sofrimento faz parte da felicidade nesta vida: “Felizes os que choram”, “Felizes os perseguidos”, “Nos alegramos nas tribulações”.

            Casamos para ser felizes dentro do propósito de Deus e para fazermos o outro feliz dentro do propósito de Deus, pois é só nesse propósito que a felicidade pode ser encontrada e a felicidade é mesmo essência dele, para que Deus seja glorificado. Os sofrimentos que nos sobrevierem nesse caminho farão parte desse projeto e poderão mesmo nos aperfeiçoar na santidade e nos indicar que estamos na direção correta em nossa jornada.

            O casamento é opcional e o cônjuge é escolhido livremente. Se não vemos possibilidade de felicidade no casamento este dificilmente cooperará para o propósito e glória de Deus.

            Ser o marido e ser a esposa que leva o outro a viver plenamente o propósito de Deus e a ser, dessa forma, feliz, para a glória de Deus. É disso que se trata um casamento e uma família.

            A graça de Jesus seja com todos.

 

            Fernando Saboia Vieira

 

           

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