quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Final de Ano



Caros,

Nos aproximamos do final dos nossos trabalhos de 2012 e já alguns estão saindo de férias.
Ao longo desse ano, fui compondo um caderno de poesias e textos a que chamei de “A Explosão de Silêncio”.
Compartilhei com vocês, eventualmente, algumas das poesias.
Abusando um pouco da boa vontade de todos, encaminho, agora completos, esses “sonetos de fim de tarde”, frutos do silêncio vespertino.

Aproveito para desejar a todos um Natal cheio da Presença de Deus, que se fez homem para habitar entre nós.
Jesus vive e reina, e um dia Sua glória encherá toda a Terra.

Soli Deo Gloria!

Fernando


Sonetos de Fim de Tarde

I
Chega de drama, de trama
Já jogaram a rama na lama
Agora ninguém mais engana
É só bagaço, caldo e cana

Coragem para ler as mensagens
Que deixam os astros de passagem
Que exalam as plantas nas folhagens
As vozes dos profetas nas paisagens

Mas não era mesmo o momento
Libertou-se de todos o pensamento
A beleza fluiu com dor e incerteza

E agora só se ouviu o grande lamento
Daqueles que não viram o tempo
Da leveza, da canção e da gentileza

II

A soma de tudo neste final de dia
Se aproximaria do zero absoluto
Não fosse essa dorzinha insistente
Acima do ouvido direito

Ah, sim, quase me esqueço do punhal
Cravado no meu peito
Que só pode ser retirado
Pela mão suave que o comandou

O dia não pediu nenhuma explicação fugaz
E se foi suavemente ocultando sob o manto
Frio da noite que encheu os corações de paz

Tudo se cobriu de distantes lembranças
De vagas promessas de belas mudanças
E de desatinados acenos de adeus

III

O sentido do recomeço e prantos
A morte de tantas palavras e cantos
Uma incerta preguiça e esperanças
O dia, a tarde, o tempo e andanças

Incuravelmente romântico
Razoavelmente acordado
Desatinadamente quântico
Educadamente calado

O movimento de tudo e a voz
O silêncio de tudo e a paz
Os segredos da vida fugaz

O tempo, as águas, o giro veloz
Quanto tudo já estava vertido
Em imensas taças de vinho antigo

IV

Quanto me vejo andando sozinho
Impossíveis palavras, antigos sonhos
Quanto compreendo o desatino
De tudo o que me acontece

Ainda haverá um gesto aberto
E franco, um sorriso descuidado
E manso, uma direção a seguir
Água fria de poço a pedir

Giram tempos e distâncias
Por favor, alguém fique por aqui
E me ajude a esperar, esperar

O que vem, ainda virá, sem aviso
Já sei que não dirá nada
Mas preencherá todos os nunca mais


Fernando Sabóia Vieira
De “A Explosão de Silêncio”



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