sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Considerações sobre Maturidade

Caros,

Seguindo no tema da Maturidade, vou compartilhar aqui alguns pensamentos sobre aspectos transversais envolvidos no processo de amadurecimento.

A primeira parte trata da compreensão que temos de nós mesmos. 


Algumas Considerações Sobre Maturidade

Parte 1

 

Fernando Saboia Vieira

2025

 

 

         Amadurecer envolve adquirir uma melhor percepção sobre si mesmo e sobre a vida. Podemos dizer que pessoas maduras são aquelas que têm uma compreensão adequada da realidade em que vivem, de suas próprias circunstâncias, de sua fé, de seus valores, experiências e propósitos.

         Ao tempo em que voltamos a refletir sobre esse tema, quero compartilhar algumas observações sobre aspectos transversais de um processo que envolve tantas áreas e tantas variáveis.

 

 

1)   Senso de si mesmo

 

Não é fácil ter uma correta percepção de si mesmo. Por exemplo, dificilmente alguém reconhece a própria imaturidade. Como apenas Deus nos conhece total e plenamente, nossa compreensão sobre nós mesmos deve se fundar na revelação que recebemos do Pai sobre quem Ele é, sobre quem nós somos e sobre em quem devemos nos tornar para que atinjamos a maturidade, compreendida como a plenitude de Cristo em nós.

O caminho da descoberta de si mesmo, de nossa verdadeira identidade, tem como uma das condições necessárias uma postura de humildade que deve se seguir ao reconhecimento da nossa condição de pecadores e ao arrependimento.

Nas raízes mais profundas do pecado está a soberba, e esta produz em nós, na essência de nossa alma, uma falsa identidade, fundada em nossa vaidade, egocentrismo, desejo de independência e instinto de autopreservação. Sugiro, sobre isso, a leitura de um texto de Thomas Merton, disponível no seguinte endereço: https://baudofernando.blogspot.com/2015/06/as-coisas-em-sua-identidade.html

 

Essa dimensão de humildade apenas pode ser compreendida e vivida a partir de uma experiência transformadora com a graça de Deus manifestada em Jesus, que a si mesmo se esvaziou de sua forma de Deus para se fazer homem, servo e expiador nos nossos pecados.

Somente a graça de Deus pode me dizer que eu verdadeiramente sou e em quem eu devo me tornar. Vamos considerar a experiência de Paulo, que ele expressa vividamente em seu testemunho pessoal: Filipenses 3:4-16; 4:11-13; 1ª aos Coríntios 15:9-10; 2ª aos Coríntios 12:7-10.

 

Uma das consequências que o conhecimento sobre si mesmo deve produzir com respeito à maturidade é o desenvolvimento das virtudes e hábitos relacionados com a sobriedade, a temperança e o domínio próprio. Quando nos conhecemos, sabemos que não podemos ser controlados por nossas paixões, sentimentos, impulsos, pensamentos exacerbados, vontades e fantasias, e que devemos assumir o comando de nossas ações e palavras a partir de nossa centralidade em Deus e no Espírito que em nós habita para nos transformar, conduzir, trazer entendimento e produzir o e a obra de Deus em nós e em nossa vida.

Outro aspecto muito importante do conhecimento de si mesmo é ter clareza quanto às próprias debilidade e potencialidades. A espiritualidade cristã não implica autodesprezo, mas o desprezo do mal que habita em nós, assim como não é humildade não reconhecer e utilizar para a glória de Deus os recursos e capacidades pessoais que nos foram conferidas natural ou espiritualmente.

Finalmente, o conhecimento de si mesmo deve nos levar a entender o que devemos deixar de ser, a falsa identidade a ser abandonada, e o que devemos buscar vir a ser, a nova identidade, o ser nova criatura, nos termos bíblicos, sempre no sentido de aperfeiçoar em nós a imagem de Deus e a semelhança de Jesus.

    


            ... a continuar...

 

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