quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Pausas de Adoração

O café, o silêncio e a leveza de fim de inverno

 

 

A caneca de café

Me aquece as mãos e o corpo

Mas não a alma

Na manhã ainda fria

De final de inverno

 

Todavia, é necessário quebrar

Esse silêncio que agora nos protege

Com palavras mesmo impossíveis

Que tecem passados e futuros

Com o fio discreto e indestrutível

Da esperança 

 

Entre levezas e pesos

Espero

Para andar ou flutuar

Nos caminhos ou ondas

Deste dia

Que teima em começar 

 

 


Primavera, 2022

 

 

O planeta despertado, lavado

Vivo, inquietamente vivo

Colorido, divertidamente colorido

Musicado, maravilhosamente musicado

Misterioso em cada ser

Em cada morrer e nascer

No Espírito que tudo cria, move

Sustenta, unifica, vivifica

 

Minha alma desperta

Lentamente

Com a manhã úmida

 

Meu corpo se aquece

Preguiçosamente

Com a caneca de café

 

Tudo, tudo Te adora, Senhor

 


  

Ainda amar

 

 

Sem mais tempo aqui

Para inventariar perdas e ganhos

Calcular alegrias e danos

De tudo o que vivi

 

Ainda há muito a amar

Amar mais, amar melhor

Apesar do mundo e da vida

Que desamam e desencantam

 

Em amar não há perdas

No amor não existem danos

 

Há, apenas, a suficiência do dar-se

Existe, tão somente, a alegria simples 

Do encontro


 

  

Mãos que adoram

 

 

Mãos que se erguem e adoram

São mãos que acolhem

E não rejeitam

Consolam e nunca agridem

Protegem e não acusam

Apontam caminhos

Constroem a paz

 

Mãos que se erguem e adoram

São mãos que se estendem

Para distribuir a graça

A misericórdia e a bondade

Do Senhor a quem adoram

  


Fernando Saboia Vieira


De "Pausas de Adoração", 2022

 

 

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