Eu acredito
Eu acredito em encontros e olhares
Que revelam almas e corações
Eu acredito em palavras
Silêncios e gestos
Que transformam almas
Movem propósitos
E traçam destinos eternos
Nesta vida passageira
Eu acredito em promessas e sonhos
Que fazem pessoas e futuros
Se unirem para sempre
E nunca mais se perderem
Umas das outras
Ainda que haja mais invernos
Do que primaveras
Nestes anos ensandecidos
Eu acredito em nossos encontros
Olhares, promessas e sonhos
Embora a vida endurecida
E a luta, mesmo vencida,
Tenham por vezes esquecido
A necessária ternura
Mas não eu
Eu sou aquele que acredita
Eu sou aquele que se lembra
Eu sou aquele que guarda
No fundo da alma
Toda a ternura do mundo
Tudo passar, tudo chegar
Quando aceito tudo passar
Até mesmo o que nunca tive
Descubro uma inusitada paz
Feita mais de despedidas
Do que de encontros
Quando aceito tudo chegar
Até mesmo o que nunca desejei
Encho-me de uma estranha alegria
Colorida de surpreendentes cores
E de impensados amanhãs
Paz e alegria
Em tudo o que passa
Em tudo o que chega
Paz e alegria
Naquele que sempre está
Porque sempre é
A viagem
O tempo não vai me esperar
E eu quero seguir com ele
Nesta jornada sem mapas
Sem marcos, sem despedidas
Mais reticências do que pontos finais
Frases inacabadas
Inspiração em busca de expressão
Palavras flutuantes
Em busca de sentido e de beleza
Pensamentos inconclusos
Em busca de verdade e de leveza
Futuros em aberto
Na expectativa do Encontro
Epílogo
Sem grandes declarações
E exortações dramáticas
Ao limiar do fim desta era
O serviço foi sempre uma honra
Ainda que pobremente prestado
A solidão foi sempre um fardo
Ainda que compartilhado com o Senhor
As palavras necessárias como o ar
Os silêncios inevitáveis como a vida
Amar, o maior desafio
Ser amado, a pérola mais rara
Assim, concluo esses “Sessenta Anos”
Com paz, alegrias, perplexidades e expectativas
Ao limiar do começo de tudo
Fernando Saboia Vieira
De “Sessenta Anos”, 2021, AD
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