sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 Eu acredito

 

 

Eu acredito em encontros e olhares

Que revelam almas e corações 

Eu acredito em palavras

Silêncios e gestos

Que transformam almas

Movem propósitos

E traçam destinos eternos

Nesta vida passageira

 

Eu acredito em promessas e sonhos

Que fazem pessoas e futuros

Se unirem para sempre

E nunca mais se perderem

Umas das outras

Ainda que haja mais invernos

Do que primaveras

Nestes anos ensandecidos

 

Eu acredito em nossos encontros

Olhares, promessas e sonhos 

Embora a vida endurecida

E a luta, mesmo vencida,

Tenham por vezes esquecido

A necessária ternura

 

Mas não eu

 

Eu sou aquele que acredita

Eu sou aquele que se lembra

Eu sou aquele que guarda

No fundo da alma

Toda a ternura do mundo

 

          

                                            

Tudo passar, tudo chegar

 

 

Quando aceito tudo passar

Até mesmo o que nunca tive

Descubro uma inusitada paz

Feita mais de despedidas

Do que de encontros

 

Quando aceito tudo chegar

Até mesmo o que nunca desejei

Encho-me de uma estranha alegria

Colorida de surpreendentes cores

E de impensados amanhãs

 

Paz e alegria

Em tudo o que passa

Em tudo o que chega

Paz e alegria

Naquele que sempre está

Porque sempre é

 

 

 

A viagem

 

 

O tempo não vai me esperar

E eu quero seguir com ele

Nesta jornada sem mapas

Sem marcos, sem despedidas

 

Mais reticências do que pontos finais

Frases inacabadas

Inspiração em busca de expressão

Palavras flutuantes

Em busca de sentido e de beleza

Pensamentos inconclusos

Em busca de verdade e de leveza

Futuros em aberto

Na expectativa do Encontro

 

 

 

Epílogo

 

 

Sem grandes declarações 

E exortações dramáticas

Ao limiar do fim desta era

 

O serviço foi sempre uma honra

Ainda que pobremente prestado

 

A solidão foi sempre um fardo

Ainda que compartilhado com o Senhor

 

As palavras necessárias como o ar

Os silêncios inevitáveis como a vida

 

Amar, o maior desafio

Ser amado, a pérola mais rara

 

Assim, concluo esses “Sessenta Anos”

Com paz, alegrias, perplexidades e expectativas

Ao limiar do começo de tudo

 

 

 

Fernando Saboia Vieira

 

De “Sessenta Anos”, 2021, AD

 

 

 

 

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