terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

BÍBLIA E MEDICINA


 OS DOIS DIAGNÓSTICOS
(Dr. Paul Tournier)

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         Como podemos ver, uma doença, qualquer que seja ela, nos coloca duas ordens de questões totalmente diferentes: no âmbito científico, inicialmente, aquelas questões referentes à natureza da doença e a seu mecanismo: diagnóstico, etiologia, patologia; de outra parte, as que dizem respeito ao seu sentido profundo, a sua finalidade. Pode-se, então, dizer que toda doença requer dois diagnósticos: um diagnóstico científico, nosológico, causal e um diagnóstico espiritual, diagnóstico do seu sentido, finalista.

         O primeiro diagnóstico é objetivo. Somos nós, médicos, que o propomos aos nossos pacientes. ... O segundo diagnóstico, ao contrário, é subjetivo. É o próprio enfermo quem pode fazê-lo por meio de um movimento íntimo de consciência, e jamais nós médicos. ... Escolhi intencionalmente aqui um caso de septicemia para deixar bem demonstrado que uma doença física, orgânica, tem um “sentido”, tanto quanto uma doença nervosa, funcional. * ... A ciência nos ajuda a estabelecer o primeiro diagnóstico, mas ela de nada nos serve quanto ao segundo. ...  Do “sentido” da doença, a ciência não pode nos dizer nada: do ponto de vista científico, nada tem sentido, nem o universo, nem o homem, nem a vida, nem a morte, nem a doença, nem a cura. A visão científica do mundo é uma visão bem estúpida do mundo. ...  Quanto ao sentido das coisas, ao sentido da doença e da cura, da vida e da morte, do mundo, do homem, da história, a ciência não nos diz nada; é a Bíblia quem disso nos fala. É por isso que, para o médico, o estudo da Bíblia é tão precioso quanto o da ciência. É isso que quero mostrar neste livro

*Referindo-se ao caso clínico relatado no início do capítulo (N.T.)

 
         “Bible et Médicine”, extratos do Capítulo Primeiro, da Primeira Parte. Delachaux & Niestré, Editores. Neuchâtel (Suíça) – Paris, 1951, 1976.

         Tradução de Fernando Sabóia Vieira

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