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Como podemos ver, uma doença, qualquer que seja ela, nos
coloca duas ordens de questões totalmente diferentes: no âmbito científico,
inicialmente, aquelas questões referentes à natureza da doença e a seu
mecanismo: diagnóstico, etiologia, patologia; de outra parte, as que dizem
respeito ao seu sentido profundo, a sua finalidade. Pode-se, então, dizer que
toda doença requer dois diagnósticos: um diagnóstico científico, nosológico,
causal e um diagnóstico espiritual, diagnóstico do seu sentido, finalista.
O primeiro diagnóstico é objetivo.
Somos nós, médicos, que o propomos aos nossos pacientes. ... O segundo diagnóstico,
ao contrário, é subjetivo. É o próprio enfermo quem pode fazê-lo por meio de um
movimento íntimo de consciência, e jamais nós médicos. ... Escolhi intencionalmente
aqui um caso de septicemia para deixar bem demonstrado que uma doença física,
orgânica, tem um “sentido”, tanto quanto uma doença nervosa, funcional. * ... A
ciência nos ajuda a estabelecer o primeiro diagnóstico, mas ela de nada nos
serve quanto ao segundo. ... Do
“sentido” da doença, a ciência não pode nos dizer nada: do ponto de vista
científico, nada tem sentido, nem o universo, nem o homem, nem a vida, nem a
morte, nem a doença, nem a cura. A visão científica do mundo é uma visão bem
estúpida do mundo. ... Quanto ao sentido
das coisas, ao sentido da doença e da cura, da vida e da morte, do mundo, do
homem, da história, a ciência não nos diz nada; é a Bíblia quem disso nos fala.
É por isso que, para o médico, o estudo da Bíblia é tão precioso quanto o da
ciência. É isso que quero mostrar neste livro
*Referindo-se ao caso clínico
relatado no início do capítulo (N.T.)
“Bible et Médicine”, extratos do
Capítulo Primeiro, da Primeira Parte. Delachaux & Niestré, Editores.
Neuchâtel (Suíça) – Paris, 1951, 1976.
Tradução de Fernando Sabóia Vieira
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