terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Poema de Dietrich Bonhoeffer - Estrada para a Liberdade


Estações da Estrada Rumo à Liberdade

Dietrich Bonhoeffer (1906-1945)

 

Escrito por Bohoeffer na Prisão de Tegel, em Berlin, em 1944, aproximadamente um ano antes de ser executado pelos nazistas como traidor.

Bonhoeffer foi teólogo e pastor na Alemanha na primeira metade do século XX. Integrou a Igreja Confessante, movimento cristão de oposição ao nazismo, e dirigiu um seminário clandestino de formação de líderes. Foi perseguido, proibido de pregar e finalmente preso e condenado à morte.

Da experiência de convivência com o grupo de discípulos escreveu “Vida em Comunhão” e na prisão concluiu o seu livro mais conhecido, “O Custo do Discipulado”.

 

 

Disciplina

 

Se você se dispuser a procurar a liberdade

         Aprenda, acima de tudo, a disciplina, para que suas paixões

         E seus membros não o levem confusamente

         Para trás e para adiante.

Puros sejam seu espírito e seu corpo,

         Sujeitos a sua vontade e obedientes

         Para buscar o alvo para eles proposto.

Ninguém descobre o segredo da liberdade

         A não ser por meio do domínio próprio.

 

 

Ação

 

Ouse fazer o que é justo, e não o que for conveniente;

Não perca tempo com o que pode ser,

         Mas apegue-se valentemente ao que é real.

O mundo do pensamento é fuga;

         A liberdade só vem pela ação.

Caminhe para além da espera ansiosa

         E penetre na tempestade de acontecimentos,

         Conduzido apenas pelo mandamento de Deus

         E por sua fé;

         Então a liberdade clamará exultantemente

         Para dar boas vindas ao seu espírito.

 

 

Sofrimento

 

Tremenda transformação. Suas mãos fortes e ativas

         Estão agora amarradas. Impotente, sozinho,

         Você vê o fim de sua ação.

Ainda assim, você respira fundo e deposita

         Sua luta por justiça, tranquila e confiantemente,

         Em uma mão mais poderosa.

Apenas por um suave momento, você experimentou

         A doçura da liberdade, e depois a entregou a Deus,

         Para que Ele a torne plena.

 

 

 

Morte

 

Venha, agora, momento mais elevado

         Na estrada da liberdade!

Morte, rompa as poderosas cadeias e destrua

         As muralhas de nossas almas cegas,

         Para que possamos, finalmente, ver

         O que a mortalidade nunca nos permitiu enxergar!

Liberdade, quão longamente a buscamos

         Por meio da disciplina, da ação e do sofrimento!

Agora, ao morrer, contemplamos sua a face

         No semblante de Deus.

 

         Dietrich Bonhoeffer

 

 

Sobre Dietrich Bonhoeffer escreveu um de seus companheiros de prisão, o Capitão britânico Pyne Best, ateu: “ele era todo humildade e doçura; ele sempre parecia difundir uma atmosfera de felicidade, de alegria em cada pequeno acontecimento da vida, e uma profunda gratidão por apenas estar vivo. Ele foi um dos pouquíssimos homens que conheci para quem seu Deus era real e estava sempre perto dele”.

O médico do campo de concentração que testemunhou sua  morte escreveu: “ em quase cinquenta anos de medicina, nunca vi homem morrer tão inteiramente submisso à vontade de Deus”.

Fernando Sabóia Vieira
Fonte: Radical Integrity, publicado por Barbour Publishing, Inc. Usado com permissão. Poema traduzido por Fernando

Um comentário:

  1. O francês Georges Bernanos foi um dos autores favoritos de Dietrich Bonhoeffer. Ele figura entre os grandes escritores cristãos do século XX, ao ponto de o grande teólogo alemão Hans Urs von Balthasar ter-lhe dedicado um livro inteiro. Sua obra tem sido publicada no Brasil pela É Realizações Editora, e agora sua passagem pelo país é narrada ao público local. O estudo de Sébastien Lapaque “Sob o Sol do Exílio: Georges Bernanos no Brasil (1938-1945)” acaba de ser publicado, trazendo à luz a visita de Bernanos a várias cidade do Rio de Janeiro e Minas Gerais, sua estadia no sítio Cruz das Almas, sua revolta contra a mediocridade dos intelectuais e a ascensão do totalitarismo, sua amizade com pensadores brasileiros e a visita que Stefan Zweig lhe fez à véspera de se suicidar.

    Matérias na Folha de S. Paulo a propósito do lançamento do livro: http://goo.gl/O8iFve e http://goo.gl/ymS4lL
    Para ler algumas páginas de “Sob o Sol do Exílio”: http://goo.gl/6hAEOM

    Confira também:
    Diálogos das Carmelitas: http://goo.gl/Yy3ir3
    Joana, Relapsa e Santa: http://goo.gl/CAzTTk
    Um Sonho Ruim: http://goo.gl/Kd091z
    Diário de um Pároco de Aldeia: http://goo.gl/ISErLc
    Sob o Sol de Satã: http://goo.gl/qo18Uu
    Nova História de Mouchette: http://goo.gl/BjXsgm

    ANDRÉ GOMES QUIRINO
    mkt1@erealizacoes.com.br
    (11) 5572-5363 (r. 230)

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