sábado, 18 de janeiro de 2014

Jesus nos chama ao serviço do Reino




Leituras bíblicas:


João 15:1-17

                   Unidos ao Senhor e uns aos outros, como ramos de uma videira, somos alimentados pela seiva vital que flui da raiz pelo troco comum. Permanecer nEle é também permanecer totalmente ligados uns aos outros. Se vivermos desse modo, frutificaremos e seremos seus discípulos e seus amigos.


Efésios 4:1 a 5:2

                   A experiência comum da fé, do batismo, do senhorio de Jesus, da paternidade de Deus e da vida no Espírito nos une, nos torna um só corpo, no qual a diversidade de membros coopera, por meio das juntas e ligamentos, para o propósito único do amadurecimento, crescimento e aperfeiçoamento de cada um no serviço do reino.


1ª de Pedro 4:10-11

                   Dons são ferramentas para o serviço. A multiforme graça do Senhor equipa a igreja com múltiplas capacitações, que devem ser utilizadas no serviço uns aos outros.


Gálatas 5:13-15

                   Nossa liberdade em Cristo, para ser verdadeira, deve produzir amor e serviço, jamais a busca dos próprios interesses e do conforto pessoal. O amor a nós mesmos escraviza a nós e aos outros, a quem queremos fazer servos de nossas vontades. O amor a Jesus nos liberta a nós e aos outros, a quem nos oferecemos livremente como servos para fazer a vontade do Pai.


Romanos 12:1-21

                   Nossa completa consagração a Deus nos levará a uma renovação de entendimento e compreenderemos que estamos unidos a Ele para uma vida comum de amor, de serviço e de proclamação.


Irmãos queridos,


Nossa vida em Jesus está absolutamente ligada ao serviço. Não é possível viver em imitação ao Senhor, seguindo Seu exemplo e em obediência a Sua palavra, sem que isso se mostre concretamente como uma vida de serviço a Deus, aos irmãos e aos homens, pois o “filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua em resgate por muitos”.
Fomos chamados para servir. A proclamação do Reino de Deus não é um convite à aceitação de verdades abstratas, de uma ética ou doutrina puramente místicas, mas uma convocação a uma completa mudança de vida, a uma transformação de mente e de comportamento, reflexos diretos e necessários da nossa submissão ao senhorio de Jesus e da ação do Espírito Santo. Discípulos são servos. Eles têm uma missão, uma tarefa, um propósito que define e orienta sua existência neste mundo a partir de seu encontro com Jesus. Quando essa característica não é desde logo perceptível na vida de alguém, pode-se questionar a presença do Mestre naquela pessoa.
Pertencer à igreja implica servir. A essência do nosso vínculo como irmãos é o amor, e amar como Jesus amou significa servir como Jesus serviu. De outro modo, faremos da comunhão cristã uma mera associação humana baseada em sentimentos e preferências. Quando o serviço desaparece da vida da igreja, já não podemos ver nela a vida de Jesus fluindo, não haverá a ligação íntima com Ele que sempre produz fruto, não haverá discípulos verdadeiros, mas ramos sem ligação com a raiz da videira, que secarão e serão lançados fora.
O mesmo ocorre quando o serviço é apenas o cumprimento formal de tarefas organizacionais: não encontramos o coração do Mestre, o Seu Espírito inspirando, capacitando, vivificando, transformando pessoas e destinos, apenas uma estrutura em movimentação a custa de esforços meramente humanos.
Somos servos uns dos outros, somos responsáveis uns pelos outros e devedores uns dos outros do amor de Jesus e da nossa justa cooperação no serviço do reino. Temos que ter consciência de que pertencemos uns aos outros.
Cuidado, irmãos. Não deixemos o mundo nos constranger com seus próprios padrões e valores. Renovemos nossas mentes transformando nosso entendimento. O espírito da maldição de Caim é máxima de sabedoria de vida nesta nossa geração: “acaso sou eu guardador de meu irmão?” Vale dizer, “cada um que cuide de sua própria vida. Eu cuidarei apenas de mim mesmo!”
Nossa responsabilidade com o serviço da igreja e com os irmãos tem expressão concreta e prática no nosso compromisso com os encontros, nos vários níveis de relacionamento e de integração. No Corpo de Cristo não há expectadores, mas apenas participantes. Sempre que nos encontramos, quer nos momentos informais, quer nas reuniões programadas, expressamos nosso vínculo e comunhão em Cristo, Sua Presença se torna viva e perceptível e o serviço deve ser uma conseqüência natural disso.
Quando os encontros e reuniões com os irmãos perdem a característica de serviço, de ministração mútua, de uso coletivo dos dons em favor de todos, tornam-se rituais pobres e sem poder, compromissos sociais enfadonhos e sem alegria. Perdem seu significado e relevância.
De modo especial, nosso compromisso com os irmãos a quem estamos mais proximamente vinculados é essencial para que a igreja cresça saudável e frutífera.
O crescimento saudável da igreja depende do compromisso e do serviço de cada um, na edificação dos irmãos e na proclamação do reino de Deus.
De igual modo, o crescimento saudável de cada um depende de sua própria participação comprometida no Corpo, pelos vínculos e relacionamentos que são os canais pelos quais receberá o alimento e a instrução de todos.
O serviço dá sentido concreto, natural, prático às nossas vidas espirituais. Sem ele, corremos o risco de nos iludirmos com uma espiritualidade desencarnada, puramente teórica, desobediente ao Senhor que se fez carne e viveu uma vida a serviço dos outros.
Por outro lado, o serviço dá sentido transcendente, eterno, às nossas vidas naturais e terrenas, livrando-nos de viver de modo fútil, voltados apenas para bens e alvos transitórios. Quando servimos ao Senhor e aos homens em Seu nome, mantemos a perspectiva do reino e propósito imutáveis de Deus, do sentido de nossa peregrinação em direção às moradas espirituais do Pai celeste.
Servir fortalece a comunhão com Deus, forma o caráter, retira o ego do centro da vida, exercita a autonegação, a humildade, a paciência e todas as virtudes do Mestre.
De especial valor é que a consciência de sermos servos nos mantém afastados da tentação do sucesso e da frustração do fracasso em projetos deste mundo, duas fontes de ansiedade e de enfermidade dos homens modernos.
Todas as vezes que nos afastamos do amor e do serviço aos outros, que nossas carências e necessidades nos parecem tão graves e urgentes, que nossos desejos e sonhos ocupam completamente nosso coração e nossa agenda conosco mesmos, já deixamos de seguir o Mestre, estamos andando em caminhos em que Ele não está e, ironicamente, nos afastando da única maneira de viver que pode nos fazer pessoas plenas, realizadas e felizes: a experiência do amor de Deus, nosso Pai.
Servir aperfeiçoa os dons, habilita para a obra e para a vida, dá experiências com o Senhor, nos coloca na constante dependência dEle. Mantém no coração a consciência da Presença de Jesus, a quem servimos quando servimos aos homens.
Sempre que pedimos dons, o Senhor nos apontará as pessoas a nossa volta, irmãos e incrédulos e nos perguntará se estamos dispostos a sermos servos deles, por amor.
O serviço é a encarnação do amor de Deus. Assim foi na vida de Jesus, assim deve ser na vida de seus discípulos. No derradeiro diálogo do Senhor com Pedro registrado nas Escrituras, o Mestre nos incluiu a todos quantos queremos ir após Ele quando vinculou nosso amor a Ele ao serviço dos irmãos, ao cuidado com o Seu rebanho.
Só o serviço nos coloca e nos mantém num correto uso dos bens e recursos materiais, porque nos deixa sempre na condição de mordomos, e não de donos. Quando servimos como nossos bens e recursos reconhecemos e demonstramos que não são de fato nossos, mas do Senhor, que nos são confiados para o Seu propósito. Quando com eles não servimos, roubamos do Senhor aquilo que a Ele pertence.
O verdadeiro discípulo recebe humildemente o serviço de seus conservos como graça do Senhor em sua vida. Sabe que necessita que outros lhe lavem os pés, o edifiquem, consolem e corrijam, que não é, de modo algum, capaz de viver sozinho e de prover as próprias necessidades.
Uma característica fundamental do servo de Deus é que ele busca sempre a glória do Seu Senhor, jamais a sua própria. Assim, o servo aceita e mesmo prefere o anonimato, porque não visa agradar aos homens e deles receber qualquer tipo de reconhecimento ou recompensa, nem agradar a si mesmo, enchendo-se de orgulho pelo desempenho pessoal, mas visa agradar unicamente Aquele a quem ama de todo coração, de toda alma, de todo entendimento e de toda força.
Por isso, servos de Jesus não murmuram, não reclamam, não julgam, mas adoram, celebram, cantam, louvam durante a tarefa, quanto mais quanto mais dura e custosa. Servir, não por acaso, é uma das raízes bíblicas para a palavra “adorar”.
Finalmente, o serviço é o caminho privilegiado para a amizade de Jesus: o Senhor escolhe Seus amigos dentre seus servos, ou melhor, faz amigos entre os discípulos que aprendem com Ele a servir, pois o serviço nos revela o coração de Deus, nos coloca em contato direto com Seu propósito, com as pessoas que Ele ama e a quem quer salvar.
Em suma:
A tarefa – proclamar o reino, fazer discípulos, edificar a igreja, amar ao Senhor, aos irmãos e aos homens, fazer o bem a todos, socorrer, consolar, libertar, curar, numa palavra, imitar a vida de serviço de Jesus.
O tempo: hoje, os campos estão prontos para a colheita, o Senhor em breve virá, o mundo agoniza no pecado e nas trevas, não sabemos o dia e a hora em que estaremos diante dEle para dar conta dos talentos que Ele nos confiou.
Os recursos: A vida de Jesus em nós, o poder do Seu Espírito, os dons, tudo quanto Ele nos tem dado de meios e talentos.
A estratégia: a Palavra, os relacionamentos, o funcionamento do Corpo, anunciar o reino a todos, orar por todos, servir a todos.
Os chamados ao serviço: eu e você.

         Brasília, em outubro de 2010, aD.
         Fernando Sabóia Vieira

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