Manhã de outubro
Estou ainda aqui
Nesta primeira hora
Da manhã que lenta se vai
Sentado à mesa, no escritório
Em casa
Para além daquele flamboyant
Que já floresce
Neste final de outubro
O dia me chama
E me alucina
Com a harmonia e o caos
Fico mais um pouco
Tento esticar os minutos
Tomo vagarosamente meu café
Encho minha lama
Da beleza iluminada e distorcida
Brilhante e sofrida
De quadros de Van Gogh
Que desfilam na tela do computados
Ao ritmo de uma melodia pungente
Quero viver este dia
Como quem passeia
Num mundo novo e estranho
Encantado com seus mistérios
Compadecido de suas misérias
Reforma no Palácio
Vi que tudo envelhecia
Nos azulejos, nos carpetes
Nos mármores e nas histórias
Do palácio outrora moderno
E agora marcado pelo tempo
E pelos passos perdidos
De velho a antigo
A dignidade de andar
O caminho da história
E de lutar as lutas das eras
Aceitar o sol e a chuva
A secura e a umidade
Mas não aceitar
Os desaforos do destino
Embora vivendo nele
Fernando Saboia Vieira
de "Êxtase Azul".
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