segunda-feira, 28 de setembro de 2015

No princípio


 

No princípio

De éramos nós dois

Se faziam tardes e manhãs

E sete anos de pastor servia

Contava a lenda que dormia

E havia chamas eternas

Que ardiam sem sentir

E todas as coisas eram belas

Não existia o porvir

 

Depois, fizeram-se os filhos

Umas criaturinhas engraçadas

Sem tardes nem manhãs

Sem botão de desligar

E tudo se recriou

As palavras e os brinquedos

A vida e seus segredos

E ainda éramos nós dois

A sonhar com o que viria depois

 

E ainda as fadigas

As lutas da vida

E ainda os dias de caminhar

As noites de descansar

E ainda o caos e a poesia

A paz e a fantasia

 

Agora sabemos que sempre será

O princípio

E o começo de nós dois

Assim antes como depois

Ainda que os anos passem

E levem céus e terras antigas

E venham as novas cantigas

 

Porque o Deus que tudo fez

Tudo ainda faz e fará

E no Reino que Ele criou

As princesas nunca envelhecem

E as músicas não terminam

Os amores nunca se esquecem

E as cores jamais fenecem

 

 

Fernando

Para Sandra.

Setembro de 2015, 30 anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

Soneto de Reencontro


                           Para Sandra
 
 
Quero te ver diferente

Para te amar como sempre

Quero te ver como sempre

Para te amar diferente

 

Faz tempo que não te invento

E você fica, assim, desinventada

Porque só meu amor te retraduz

Com prazer, com cor e com luz

 

Sei que você não me via mais

Porque desapareci, me confundi

Nas coisas e nas horas banais

 

Mas agora de novo me compreendi

No sentido do nosso viver fugaz

Nas certezas suaves dessa nossa paz

 

Fernando Sabóia

 

 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Divina Tragicomédia da Fé Humana


A Divina Tragicomédia da Fé Humana

     Para Mayara, um novo sentido para suas marcas...

 

Deus me faz rir,

Deus me faz chorar.

Deus me faz esquecer,

Deus me faz lembrar.

 

Quando eu me lembro

Dos meus pecados

E do meu tempo perdido

E me perco e choro,

Deus me acha e se esquece

Das minhas lembranças tristes

E eu não posso mais me lembrar

Daquilo de que Deus já se esqueceu

E, então, eu rio do meu choro esquecido.

 

Quando eu me esqueço

Da maravilha da existência

Da beleza dos céus e da Terra

E do dom precioso da vida

E me abandono cabisbaixo à tristeza

Deus sobre mim levanta

O Seu Rosto resplandecente

E tudo em mim brilha e sorri

E eu choro de êxtase e de alegria.
 

Quando eu choro

Minhas perdas, danos e dores,

Ele me conta a história sem fim

Da Sua Graça na minha vida

E minhas lágrimas tristes

Desaparecem afogadas nas ondas

De um imenso mar de lágrimas de alegria.

 

A alegria de Deus

É minha celebração,

A tristeza de Deus

É minha salvação.

 

O esquecer de deus

É minha liberdade,

O lembrar de Deus

É minha eternidade.

 

Fernando Sabóia Vieira, entre risos e lágrimas, set/15.