sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Gosto de Brasília em outubro...

Passeando e poetando Brasília 

 I

As noites são femininas
Oblíquas
Os carros deslizando sinuosos
Velozes nos contornos e avenidas
Indecisos nas tesourinhas
E retornos
À sombra das árvores que cresceram
E agora dão à cidade iluminada
Sombras de floresta

 Em busca da vida
Talvez escondida
 Nas entrequadras
 Nas entrelinhas
 Dos códigos da urbe cifrada
 

II

Às vezes você se esquece de que
Eu estou Sempre aqui, de que Eu comando este dia,
Este planalto central, como todos os dias
E todos os planaltos , desde que Eu criei o tempo
E as terras

Eu comando o sol e a chuva
A alegria e o pranto
O lamento e o canto
A guerra e a paz
A ordem, o progresso e também o caos

Eu sou Todos os Poderes
Eu decreto o viver e o morrer
Em tudo sou Exaltado



III

Parece que só eu não estou aqui.
Conheço um caminho
Mas não consigo andar nele.
Penso em tudo e minha mente
Continua vazia, vagando...

Continuo vazio, perambulando
Não consigo pensar em tudo
Nesta cidade Em tudo pensada

   
IV

Do que mais gosto
Sobre a chuva
É de sua absoluta ausência
De diálogo



Fernando Sabóia, de "A Explosão de Silêncio".

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