Passeando e poetando Brasília
I
As noites são femininas
Oblíquas
Os carros deslizando sinuosos
Velozes nos contornos e avenidas
Indecisos nas tesourinhas
E retornos
À sombra das árvores que cresceram
E agora dão à cidade iluminada
Sombras de floresta
Em busca da vida
Talvez escondida
Nas entrequadras
Nas entrelinhas
Dos códigos da urbe cifrada
II
Às vezes você se esquece de que
Eu estou
Sempre aqui, de que Eu comando este dia,
Este planalto central, como todos os dias
E todos os planaltos , desde que Eu criei o tempo
E as terras
Eu comando o sol e a chuva
A alegria e o pranto
O lamento e o canto
A guerra e a paz
A ordem, o progresso e também o caos
Eu sou Todos os Poderes
Eu decreto o viver e o morrer
Em tudo sou Exaltado
III
Parece que só eu não estou aqui.
Conheço um caminho
Mas não consigo andar nele.
Penso em tudo e minha mente
Continua vazia, vagando...
Continuo vazio, perambulando
Não consigo pensar em tudo
Nesta cidade
Em tudo pensada
IV
Do que mais gosto
Sobre a chuva
É de sua absoluta ausência
De diálogo
Fernando Sabóia, de "A Explosão de Silêncio".
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