sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sonetos de Fim de Tarde

I

chega de drama, de trama
já jogaram tudo na lama
agora ninguém mais engana
é só bagaço, caldo e cana

coragem para ler as mensagens
que deixam os astros de passagem
que exalam as plantas nas folhagens
as vozes dos profetas nas paisagens

mas não era o momento
libertou-se de todos o pensamento
a beleza fluiu com dor e incerteza

e agora só se ouviu o grande lamento
daqueles que não viram o tempo
da leveza, da canção e da gentileza

.....................................................

III

o sentido do recomeço e prantos
a morte de tantas palavras e cantos
uma incerta preguiça e esperanças
o dia, a tarde, o tempo e andanças

incuravelmente romântico
razoavelmente acordado
desatinadamente quântico
educadamente calado

o movimento de tudo e a voz
o silêncio de tudo e a paz
os segredos da vida fugaz

o tempo, as águas, o giro veloz
quando tudo já estava vertido
em imensas taças de vinho antigo


Fernando Sabóia Vieira
de "A Explosão de Silêncio"



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