terça-feira, 12 de julho de 2016

Símplicidade do Ser - Textos preparatórios

Caros,

Nosso próximo tema na sequencia sobre simplicidade é sobre o ser, a simplicidade do ser para Deus.
Como preparação, quero compartilhar dois textos escritos pelo Luís Fernando, ao início de sua vida adulta. São bem interessantes e refletem os dilemas pelos quais passamos no processo de formação de identidade.


Identidade

Abril de 2012.

Estamos sempre à procura de nós mesmos. Para onde quer que olhamos, buscamos identificar-nos. Ninguém sabe o que realmente é, a não ser aquilo que pretende ser. Nossos gostos nos guiam por um padrão frágil, pelo qual tentamos nos definir. Nos perdemos no caminho da existência. Olhamos para fora procurando o que está dentro.

Onde está a verdadeira essência de nós mesmos? Entregamo-nos à nossa própria sorte, assumimos o controle. E agora? Ainda procuramos. Buscamos nos definir pelo que está ao redor. Alguns dizem que não. São autênticos. Mas não passam de uma mera negação, um espelho invertido daquilo que os outros pensam que são. Ao fim, ninguém é nada. Não temos essência. Somos uma eterna procura de identidade, inventamos personalidades e seguimos impulsos.

O tempo nos cegou e nos ensurdeceu. Fomos feitos para ser eternos, mas banimos a eternidade. O que realmente somos, o tempo não diz. Por isso não sabemos existir. Vivemos, pensamos, passamos. Passamos porque somos tempo, estamos presos ao fim que ele nos dá.

A verdadeira busca está, então, não em descobrir quem somos, mas em conhecer a Verdade eterna, aquela que esconde em si mesma a essência de todas as coisas.

Luís Fernando Sabóia


Fases
Julho de 2011.

A vida tem suas fases. Engraçado é como ela muda de uma para outra sem avisar a gente. Um dia eu acordo diferente; ontem já não existe, e hoje não dá razão. Preciso aprender a lidar com meu novo eu, sem nem saber quem o escolheu. Sozinho, penso como se estivesse frente a um espelho, buscando achar aquele antigo reflexo que antes via.

Na procura de entender quem eu sou, a vida passa. O espelho se tornou um enigma, cuja solução é o próprio enigma. Porque se o espelho reflete quem sou, então eu sou o enigma, e a solução não pode ser outra senão eu mesmo. Logo, nunca saberei quem realmente sou.

Resta, então, deixar ao Senhor da vida a decisão de quem serei. Quem criou a vida criou também suas fases, e tomou para si o poder da transformação. A busca de autoconhecimento leva ao desencontro. Eu sou o que fui feito para ser, não o que eu quero ser. O homem é um ser finalístico. A verdade é que devo buscar conhecer o meu propósito, e não quem sou. Quem conhece o seu próprio caminho conhece a si mesmo. E só há um caminho. O caminho é a Verdade, que criou a razão do ser.
Luís Fernando Saboia

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