sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Portugal, setembro/outubro de 2024, AD

Lisboa

 

 

Ando por ruas estreitas

De quando a vida era simples

 

Piso pedras polidas pelo tempo

Com a sensação de ter um dia

Daqui partido

Sem nunca ter aqui estado antes

 

Recolho passados e futuros

Nunca dantes navegados

 

Ouço canções 

Que cantam uma tristeza antiga 

E incompreensível,

Que eu sempre trouxe na alma

Sem nomes, sem datas e sem histórias,

Mas que agora encontro nos rostos

Esquinas e praças

 

Poderia aqui viver e morrer

E não seria um exilado,

Mas a minha alma,

Aquecida pelos trópicos,

Quer o mar quente

E o luar puro

O sertão árido

E as terras ampla

Onde me foi dado nascer e viver

E aos quais agora pertenço

 

 

Lisboa, outubro de 2008/2024, AD

Fernando

 

 

 


 

Fado no Porto

 

 

É necessário cantar

Assim como é inevitável a tristeza

É necessária a poesia

Assim como é invencível a beleza

 

A canção que sofre e acolhe

A dor e os sonhos de todos nós

Canta também a alegria e a esperança

A nos consolar na mesma voz

 

Porque o fado é o silêncio a cantar

O fado é a vida que insiste

O fado é a saudade e o mar

 

Enquanto o sofrer e o amar

Puderem na música se encontrar

Seremos invencíveis e imortais

                   seremos humanos

 

 


Porto, 28 de setembro de 2024, AD

Fernando

 

 


 

Inspirado

 

 

Quero ser intenso

Sem ser imenso

Quero ser todas as artes

Sem ser todas as partes

 

Quero ver que o dia fenece

Para a noite começar

Quero ver que a noite adormece

Para o dia despertar

 

O mundo é simples

Como uma roda a girar

Como uma menina a brincar

 

O mundo é misterioso

Com estrela e luar

Como uma moça a dançar

 

Lisboa, outubro de 2024, AD

Fernando

 

 

 

 

 

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