Lisboa
Ando por ruas estreitas
De quando a vida era simples
Piso pedras polidas pelo tempo
Com a sensação de ter um dia
Daqui partido
Sem nunca ter aqui estado antes
Recolho passados e futuros
Nunca dantes navegados
Ouço canções
Que cantam uma tristeza antiga
E incompreensível,
Que eu sempre trouxe na alma
Sem nomes, sem datas e sem histórias,
Mas que agora encontro nos rostos
Esquinas e praças
Poderia aqui viver e morrer
E não seria um exilado,
Mas a minha alma,
Aquecida pelos trópicos,
Quer o mar quente
E o luar puro
O sertão árido
E as terras ampla
Onde me foi dado nascer e viver
E aos quais agora pertenço
Lisboa, outubro de 2008/2024, AD
Fernando
Fado no Porto
É necessário cantar
Assim como é inevitável a tristeza
É necessária a poesia
Assim como é invencível a beleza
A canção que sofre e acolhe
A dor e os sonhos de todos nós
Canta também a alegria e a esperança
A nos consolar na mesma voz
Porque o fado é o silêncio a cantar
O fado é a vida que insiste
O fado é a saudade e o mar
Enquanto o sofrer e o amar
Puderem na música se encontrar
Seremos invencíveis e imortais
seremos humanos
Porto, 28 de setembro de 2024, AD
Fernando
Inspirado
Quero ser intenso
Sem ser imenso
Quero ser todas as artes
Sem ser todas as partes
Quero ver que o dia fenece
Para a noite começar
Quero ver que a noite adormece
Para o dia despertar
O mundo é simples
Como uma roda a girar
Como uma menina a brincar
O mundo é misterioso
Com estrela e luar
Como uma moça a dançar
Lisboa, outubro de 2024, AD
Fernando
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